Chinatown, New York
A imigração chinesa que deu origem ao bairro de Chinatown, New York, em meados do século XIX foi incentivada pelo governo norte-americano, que precisava de mão-de-obra barata para trabalhar nas minas de ouro da Califórnia e na construção da estrada de ferro transcontinental que ligaria a Costa Atlântica à do Pacífico.
Mapa de Chinatown NY
As restrições à imigração oriental
Porém, a quantidade de superou as expectativas. Preocupado com a presença cada vez maior de pessoas de etnias e culturas não-ocidentais, em 1882 o governo baixou o Chinese Exclusion Act, que limitou drasticamente a entrada de imigrantes provenientes da China. Nesse ano, os chineses de Nova York, que inicialmente eram 200 estabelecidos em Chinatown, já alcançavam a cifra de 2.000 pessoas. No começo do século XX, chegavam a 7.000, em sua maioria homens, já que os americanos haviam proibido a imigração de mulheres e crianças.
As Tongs
Nessa época os chineses começaram a se reunir em associações de auxílio mútuo para facilitar sua adaptação nos Estados Unidos. Em pouco tempo, porém, essas agremiações, denominadas tongs, foram infiltradas por gangues criminosas que existiram até a década de 1980.
A abolição do Chinese Exclusion Act e a nova onda de imigração
Com a abolição do Chinese Exclusion Act em 1943 e a aliança da China com os EUA na Segunda Guerra Mundial, ocorreu nova onda de imigração. Principalmente a partir da metade da década de 1960 aumentou muito a imigração de asiáticos, sobretudo vietnamitas e coreanos, para os Estados Unidos (leia-se, Nova York).
Vídeo sobre Chinatown
A tendência à formação de ghetos étnicos
Como em outras metrópoles do mundo ocidental, imigrantes tendem a habitar bairros já ocupados por seus compatriotas, como forma de se sentirem menos isolados. Chinatown ilustra outro fenômeno comum no Ocidente: teoricamente, o bairro é “chinês”, mas todo mundo que tem olhos amendoados acaba se fixando por ali. É o que acontece em São Paulo, onde o bairro “japonês” da Liberdade, hoje lotado de coreanos e chineses, é mais um bairro oriental do que propriamente nipônico.
Chintown é mais amplamente oriental do que um “bairro chinês”
A realidade é que a população asiática, formada por pessoas de diferentes países, apesar de suas peculiaridades culturais e étnicas, prefere se concentrar em uma única região. Talvez porque saibam muito bem que os ocidentais, por ignorância ou preconceito, costumam colocar no mesmo cesto todo mundo que tenha olhos puxados. Estima-se que um quarto dos habitantes asiáticos de Chinatown não sejam chineses nem descendentes de chineses. E essa proporção está aumentando.
A expansão de Chinatown e o quase desaparecimento de Litle Italy
Chinatown vem se expandido e passou a ocupar parte do Lower East Side e de Little Italy, onde aconteceu o inverso: os italianos se espalharam pela cidade e muitos deixaram o bairro, que hoje se encontra descaracterizado. Até mesmo Nolita (North of Little Italy) começa a ter habitantes asiáticos. Chinatown está ganhando cada vez mais espaço em direção à Williamsburg Bridge, enquanto, ao norte, há muito já ultrapassou a Canal Street, seu antigo limite.
A exploração dos imigrantes pelos chino-americanos
Poucos dos chineses que imigraram para os Estados Unidos ultimamente falam inglês, e uma pequena parcela deles é legalizada. Por isso mesmo, são explorados (inclusive por seus compatriotas), trabalhando em confecções de fundo de quintal muitas horas por dia em troca de salários irrisórios.
As duras condições de vida sos novos imigrantes
Muitas manufaturas funcionam em apartamentos mal conservados, nos quais as condições de vida lembram aquelas dos antigos tenements, os apertados cortiços onde moraram os primeiros imigrantes italianos, irlandeses e judeus no século XIX.
A economia paralela
Boa parte da atividade econômica de Chinatown funciona na base do mercado paralelo, com pagamento em dinheiro vivo para evitar impostos. Uma verdadeira máfia dos empregadores e o medo de serem mandados de volta à China, onde sua situação será ainda pior, mantêm todos calados.
Chinatown, um bairro industrial, comercial e residencial
Os chineses são trabalhadores esforçados e economizam tudo o que podem. Isso faz com que diversos deles consigam acumular algum capital e montar seu próprio negócio: lavanderia, restaurante, loja, mercado etc. Mas quando melhoram de vida, assim que podem, caem fora de Chinatown.
Um bairro é super turístico
Mesmo os nova-iorquinos vão passear e comer no Chinatown de New York. Os restaurantes chineses (há perto de 300 deles em Chinatown) têm preços acessíveis e a culinária, para quem gosta, é literalmente um prato cheio. Em muitos deles a cozinha é dim sum: uma variedade de pequenas porções de iguarias é apresentada ao freguês que vai escolhendo o que quiser, dentre carnes, frutos do mar, legumes e frutas. Tudo acompanhado de chá, bem à moda chinesa. Também há restaurantes vietnamitas e malaios.
Em Chinatown você encontra de tudo
Todo tipo de produtos e quinquilharias baratas e grifes falsificadas: bolsas “Li Vi Ton” de couro vagabundo, cujo zíper se quebra na primeira vez que você a usa, gravatas “El Mez” de tecido sintético… Um bom presente para aquele chato que coube a você presentear como amigo secreto no trabalho!
Lojinhas de gastronomia exótica
Há também lojinhas curiosas de produtos alimentícios exóticos como ninhos de andorinha e barbatanas de tubarão.
Porcelanas, jade e imitações
Outras vendem porcelanas decoradas, objetos de jade (ou de vidro verde imitando jade), bijuterias, eletrônicos ou, quem sabe, até algum filhote de gremlin. (Lembra-se do filme?). Alguns edifícios da rua, templos budistas e cabines telefônicas com detalhes arquitetônicos chineses não o deixam esquecer em que bairro você está.
A Festa do Ano Novo Chinês
Uma das festas imperdíveis de Nova York é a do Ano Novo Chinês , que não corresponde à data do nosso Ano Novo; é uma festa móvel fixada de acordo com o calendário lunar. Nessa época, Chinatown é toda enfeitada com lanternas típicas para a Chinese New Year Parade, um desfile de pessoas mascaradas, carros alegóricos que transportam dragões de papel e queima de fogos de artifício.
O “idioma chinês”
Na verdade não existe um único idioma falado pelos chineses. Até a década de 1960, a maior parte da população de Chinatown falava cantonês. Com a chegada de imigrantes de outras províncias da China, o mandarim está se tornando a principal língua falada no bairro (como você poderá notar, se prestar atenção…).
A vizinha Little Italy
Abocanhada pelo dragão chinês, era o bairro das famílias de imigrantes provenientes, principalmente, da Sicília e da região napolitana. Foi também o reduto da Máfia italiana nos tempos da Lei Seca. A maioria dos descendentes desses primeiros imigrantes já deixou Little Italy faz tempo, mas ainda existem alguns deles no bairro, onde acontece anualmente, em setembro, a Festa de San Gennaro, padroeiro de Nápoles. As ruas Mulberry, Hester e Grand são decoradas com bandeiras italianas e se enchem de barraquinhas que servem pratos típicos e vinhos, como em toda boa festa italiana. Na Mulberry Street, principal rua de Little Italy, sobrevivem restaurantes tradicionais como o Umberto’s e o Da Nico que, há décadas, mantém uma fiel clientela.
Dica sobre Chinetown, New York
Na esquina das ruas Canal, Walker e Baxter, há um quiosque do escritório oficial de informações turísticas da cidade.
Columbus Park
O parque fica na região ocupada outrora pela mal afamada favela de Five Points, ponto de encontro de gangues no filme Gangs of New York. Na época, cinco ruas levavam ao cruzamento ao lado da favela que começou a se formar por volta de 1820: a Mulberry Street, a Anthony Street (hoje renomeada Worth Street), a Cross Street (hoje Park Row), a Orange Street (que mudou para Baxter Street) e a Little Water Street (que não existe mais). O lugar era tão perigoso que até a polícia o evitava! Remodelado em 2004, o Columbus Park é um lugar tranqüilo procurado pelos chineses para praticar tai chi chuan, em um bairro carente de áreas verdes.
End. – Mulberry St. esq. c/ Bayard St. M Canal St.
St. Patrick’s Old Cathedral
Nesse local foi construída em 1809 a primeira catedral católica de Nova York. O templo atual foi erguido em 1860 em estilo românico, depois que um incêndio destruiu a velha catedral. Atualmente St. Patrick, a maior catedral católica norte-americana, está na instalada na 5th Avenue e a Old St. Patrick’s virou uma igreja de bairro.End. 263 Mulberry St., perto da Prince St. M Prince St.
Canal Street
A rua se situa sobre o aterro de um canal do começo do século XIX que cortava o sul de Manhattan de uma ponta a outra. É uma referência em Downtown e servia de divisa entre Chinatown e Little Italy. A movimentada Canal Street é abarrotada de camelôs e lojinhas de quinquilharias made in Asia, artigos falsificados, restaurantes baratos e pequenos comércios de alimentação de produtos chineses.
First Shearith Israel Graveyard
Nesse cemitério judaico luso-espanhol do século XVII estão os restos mortais dos primeiros judeus que, perseguidos pela Inquisição, fugiram de Recife, no Brasil, para Nova York. End. 55 St. James Pl. perto da Worth St. m Canal St.
Mahayana Buddhist Temple Não é um lugar turístico e sim um templo sagrado onde os budistas vão praticar sua religião em frente a uma estátua dourada de Buda de 5m de altura. Quem se interessar e estiver vestido de forma adequada (e não de bermudas, camisetas de alça etc.) pode pedir para conhecer o templo por dentro.
End. 133 Canal St., ao lado da Bowery M Grand St.
MOCA
Além de promover exposições temporárias, o museu possui um bom arquivo fotográfico e documental sobre a imigração chinesa nos Estados Unidos e objetos relacionados à vida dos primeiros imigrantes.
End. 215 Centre St. próximo à Grand St. M Canal St. Museum of the Chinese in the Americas
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