Paris e a Segunda Guerra: os anos de chumbo
A ocupação
A ocupação alterou brutalmente o modo de vida dos parisienses. Quase não havia ônibus; apenas um em cada sete veículos ainda rodava. O metrô deixava de funcionar entre às 11h e às 15h e seus poucos vagões estavam sempre superlotados. Também quase não havia gasolina. Antes da guerra, rodavam pela cidade 350 mil automóveis; durante a ocupação, esse número caiu para apenas 4.500, quase sempre funcionando a gasogênio. Nesses tempos de escassez, os parisienses tiveram de recorrer às bicicletas, cujos preços dispararam. Surgiu até o táxi-triciclo, idêntico ao que existe ainda hoje na Índia e em outros países da Ásia.
O abastecimento
Um dos maiores problemas era o de abastecimento. Tudo era racio-nado ou simplesmente não se encontrava para comprar, a não ser a preços exorbitantes, no mercado negro: manteiga, leite, ovos, carne, café, pão e até vinho. As filas nas portas das padarias e mercados eram comuns. O pior acontecia no inverno, quando as casas mantinham-se geladas a maior parte do tempo, pois o carvão era destinado principalmente às fábricas que trabalhavam para o inimigo.
Vídeo sobre a libertação de Paris
A situação dos judeus parisienses
Apesar da vida difícil da maioria dos franceses, foram evidentemente os judeus que mais sofreram durante a Ocupação. Num primeiro momento, além de perderem suas propriedades, foram proibidos de trabalhar como professores, médicos, advogados e até como comerciantes. Depois, em maio de 1942, começaram a ser deportados para os campos de concentração. O Marais, bairro judeu de Paris, foi palco de um dos mais lamentáveis episódios da história da França: os alemães, ao ocuparem a cidade, ordenaram à polícia francesa que prendessem todos os judeus maiores de 14 anos. O governo colaboracionista de Vichy fez mais: prendeu todos, inclusive as crianças… Mas, como a polícia é, como todo organismo, composto de diferentes pessoas, houve também policiais que se ligaram à Resistência e participaram ativamente dos combates pela libertação de Paris.
A Resistência
Inicialmente, a resistência aos alemães estava muito dividida em diferentes grupos com pouca ou nenhuma articulação entre si. A coordenação do movimento a partir de Londres pelo general Charles de Gaulle e a ajuda militar dos ingleses e americanos permitiram uma maior operacionalidade da Resistência. Enquanto durou a guerra, embora persistissem rivalidades entre comunistas e gaulistas, os dois grupos combateram juntos o invasor e realizaram diversas ações de espionagem para os aliados.
A insurreição popular
A insurreição popular contra as tropas de ocupação, comandada pela Resistência, começou no dia 19 de agosto de 1944, com a aproximação das forças aliadas. Os combates que começaram no Quartier Latin se estenderam à Préfecture de Police, na Île de la Cité, e se espalharam por toda a cidade.
Ao caminhar por Paris, principalmente pelo boulevard St-Michel e pela Place St-Michel, você verá diversas placas com os nomes dos que ali tombaram naqueles dias de agosto, muitos deles jovens estudantes. Essa insurreição foi um pouco prematura e teria sido provavelmente esmagada pelos alemães, muito mais bem armados, se não fosse a chegada dos tanques do General Leclerc, do exército francês de De Gaulle.
As diferenças entre os aliados
Ingleses e americanos tinham suas diferenças com De Gaulle e pretendiam que ele só entrasse em Paris depois da libertação pelas forças aliadas. Só que De Gaulle não esperou que ninguém o autorizasse a nada: no dia 25 de agosto, quando ainda se ouviam tiros pela cidade, ele desfilou pela Champs-Élysées com suas tropas, ao som da Marselhesa.
O esperto Von Choltitz
Comparada a outras cidades europeias, como Londres, Roterdã, Berlim e Hamburgo, Paris escapou praticamente intacta da guerra. As ordens de Hitler de arrasar Paris nunca chegaram a ser executadas pelo general Von Choltitz, comandante das tropas de ocupação. De um lado, o comandante alemão talvez já estivesse consciente de que a guerra estava mesmo perdida; de outro, talvez lhe repugnasse cumprir as ordens de um fanático alucinado e destruir uma das mais belas cidades do mundo. Sorte dos franceses e de todos aqueles que aprenderam a amar essa cidade linda! (E sorte também de Von Choltitz, que não foi pendurado pelo pescoço em Nuremberg).
A grande festa da liberação
É impossível descrever a enorme festa que foi a libertação da cidade e a alegria dos parisienses. Muita gente havia escondido bandeiras tricolores e garrafas de champagne compradas no mercado negro a preço de ouro especialmente para esse dia. Imaginem a loucura!
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Acompanhe a história de Paris
Sobre a ocupação alemã
“Blanchir Vichy” Sobre a cumplicidade do governo de Vichy com relação às deportações, leia Blanchir Vichy?, de Claude Berger.
Paris brûle-t-il?, de Dominique Lapierre e Larry Collins, é um cativante romance histórico sobre os dias que antecederam a libertação de Paris. Segunda Guerra
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