Greenwich Village, bairro com muita personalidade
Um bairro badalado
Greenwich Village, um dos bairros mais famosos de Nova York, fica no sudoeste de Manhattan, entre a Broadway e o rio Hudson. Seus limites são, ao norte, acima da 14th Street, o bairro de Chelsea e, ao sul, após a Houston Street, o SoHo. A leste fica o East Village, do outro lado da Broadway. O Arco do Washington Square é a principal referência da região. A parte de Greenwich Village a oeste da 6th Avenue é conhecida como West Village.
Mapa de Greenwich Village
A história do bairro
O “Village”, como dizem os nova-iorquinos, era uma aldeia rural a 3 km do centro. Mesmo tendo sido engolida pela expansão da área urbana, seu plano de ruas não corresponde ao que predomina no restante da ilha. Por isso mesmo, boa parte de suas ruas arborizadas mantém o velho traçado colonial, com vias estreitas e alinhamento irregular.
Os primeiros colonos que ali se fixaram, por volta de 1630, eram famílias holandesas de criadores de gado. A aldeia já existia antes do fim do século XVII, mas a primeira referência oficial data de 1713, quando o lugar era chamado de Grin’wich.
Greenwich Village no século XIX No século XIX, a região era mais conhecida como Washington Square. Foi para lá que muita gente de posses correu quando uma epidemia de febre amarela atingiu Nova York em 1822, preferindo, prudentemente, fixar-se ali, por considerar o Village um lugar mais saudável.
Posteriormente, o bairro, afastado do centro e com aluguéis baratos, foi habitado por imigrantes pobres e por ex-escravos recém libertos. O perfil de Greenwich Village novamente mudou quando, ainda no século XIX, passou a atrair artistas e escritores como Mark Twain, Henry James, Jack London e Edgar Allan Poe, que morou no nº 85 da W 3rd Street, onde escreveu The Fall of the House of Usher.
O Liberal Club
Um dos símbolos mais famosos do espírito inconformista do bairro foi o Liberal Club, fundado em 1912 e instalado no nº 137 da MacDougal Street, ponto de encontro de libertários, artistas, boêmios e escritores: Emma Goldman, Max Eastman, Margaret Sanger, Jack London, Upton Sinclair. No começo do século XX, viveram ali o dramaturgo Eugene O’Neill, ganhador do Nobel de Literatura de 1936, a dançarina Isadora Duncan e o dadaísta franco-americano Marcel Duchamp. Este, certo dia, com a cuca cheia de vinho, acompanhado de amigos, subiu no arco da Washington Square, soltou balões, recitou poemas e proclamou a “República Independente de Greenwich Village”.
Reputação não-conformista
Logo após a Segunda Guerra, a reputação não-conformista do Village foi reforçada com a abertura do vanguardista Living Theatre, e novos alternativos elegeram o lugar como moradia. Na década de 1950, chegaram os beatnicks e o Village tornou-se a Meca da chamada Geração Beat, que marcou época. Personagens como Jack Kerouac (autor de On The Road), Allen Ginsberg e William S. Burroughs eram alguns dos freqüentadores de seus bares e casas de jazz, entre eles o badalado Village Vanguard, no nº 178 da 7th Avenue, fundado em 1935, que existe até hoje, onde já se apresentaram Bill Evans, Miles Davis e o argentino Gato Barbieri.
Também morou no bairro o poeta e romancista Maxwell Bodenheim (1893-1954), que morreu assassinado, miserável, levando vida de mendigo. “Bodey” foi quase esquecido, embora sua produção literária tenha sido tão ou mais importante que a de outros beatnicks.
Bob Dylan chega ao Village Na década seguinte, foi a vez de Bob Dylan chegar ao Village, começando a tocar no Washington Square e em seguida em casas como Café Rienzi, The Gaslight, The Commons e Cedar Tavern. (De uma volta pelo bairro e imagine-se escutando Blowin’ In The Wind e Like A Rolling Stone…). Em seguida vieram os hippies, com suas flores e seu amor livre, logo seguidos pelos pacifistas mobilizados contra a guerra do Vietnã e pelos militantes do movimento gay (a primeira livraria voltada para o público GLS, a Oscar Wilde Bookshop, foi fundada em 1967 em Greenwich Village).
Os bares famosos
Alguns bares do Village tornaram-se famosos, como o Romany Marie Tavern, o Chumley’s e o Cedar Tavern, que teve entre seus habitués Jackson Pollock e Willem De Kooning, os mais importantes representantes do expressionismo abstrato americano, os beats beberrões Kerouak e Gregory Corso e, na década de 1960, Bob Dylan. Hoje, Greenwich Village tornou-se mais chique e boa parte do público underground viu-se obrigado a procurar outras paragens com aluguéis mais acessíveis, como Brooklyn e Long Island.
As ruas MacDougal, Bleecker e Christopher
Essas ruas bem conhecidas são atualmente ocupadas por lojas finas de roupas e calçados que, para não destoar do bairro, têm design criativo. À noite, restaurantes, discotecas badaladas e casas de jazz como o famoso Blue Note ficam lotados. Muita gente diz que Greenwich Village “aburguesou-se”. Talvez, mas o rótulo lendário de lugar alternativo ficou. Ainda hoje é um dos bairros mais simpáticos de Nova York, com uma forte identidade.
Flanar pelo Greenwich Village
Uma boa maneira de conhecer Greenwich Village é reservar pelo menos uma tarde para passear despreocupadamente por suas ruas, parar para um café, olhar vitrines, estender a visita até a noite, quando a animação aumenta, e jantar por lá.
O bairro tem ruelas e recantos que parecem nada ter a ver com o restante da cidade e que conservam uma arquitetura de outros tempos. Washington Mews, uma travessinha da 5th Avenue bem próxima à Washington Square, é uma delas. É curioso imaginar que antigas construções dessa ruazinha tranqüila de calçamento de pedra, com cafés e galerias de arte, foram estrebarias por volta de 1850, abandonadas quando o automóvel foi substituindo os veículos de tração animal.
A MacDougal Alley
tem histórico semelhante.Por volta de 1830, era ocupada por estrebarias que, reformadas, foram se tornando moradias de artistas em início de carreira, com pouco dinheiro no bolso. Pouco a pouco as casinhas foram sendo transformadas em ateliês e ganharam fama quando a rica escultora e colecionadora Gertrude Vanderbildt Whitney se estabeleceu na rua. Reconhecendo o talento de alguns de seus vizinhos, começou a comprar suas obras. Após formar uma belíssima coleção, chegou a oferecê-la ao Metropolitan Museum, que a recusou (devem ter se arrependido!). Sem se dar por achada, Gertrude fundou seu próprio museu, o Whitney Museum of American Art..
Bedford Street
É outra rua curiosa No n° 75 ½, você encontrará uma construção de tijolinhos de três andares da década de 1890, cuja fachada tem apenas 2,90m. É considerada a casa mais estreita de Nova York. Nela morou o ator Cary Grant. No n° 77, fica a casa mais antiga do bairro, construída em 1799, que passou por várias reformas mas conserva paredes laterais de madeira. Nessa rua funciona também o Chumley´s, um antigo speakeasy (bar clandestino da época da Lei Seca), instalado no n° 86, que mantém características do período em que toda bebida alcólica era proibida nos Estados Unidos: nenhuma placa na porta e saída “secreta” pelo n° 58 da Barrow Street.
Clientes famosos
O Chumley´s Foi freqüentado por escritores como John Steinbeck, Ernest Hemingway e John Dos Passos. Grove Court é uma vila de pitorescas casas geminadas, construída entre 1848 e 1852 na Grove Street, entre a 7th Avenue South e a Hudson Street. Essa foi uma solução urbanística inventada pelo comerciante Samuel Cocks quando famílias pobres não tinham suas casas voltadas para a rua principal. Na época a vila foi motivo de piada e era chamada de “Mixed Ale Alley”, mas hoje é um lugar relativamente caro e exclusivo onde só moradores entram.
Patchin Place
É outra vila de casinhas geminadas que foram habitadas por personagens como o poeta modernista Edward Estlin Cummings (mais conhecido pelo apelido de E. E.) e o jornalista John Reed. A Gay Street muita gente confunde, mas seu nome não tem nada a ver com os gays do bairro e sim com a família Gay, proprietária da área no passado. Tem apenas uma quadra. Durante a Lei Seca, funcionavam ali vários speakeasies. Jimmy Walker, o prefeito bon-vivant, manteve uma casa no n° 12 da rua para sua amante, a atriz inglesa Betty Compton.
Washington Square
O local era nos tempos coloniais um pântano onde os habitantes da região iam caçar patos selvagens. Posteriormente, foi lugar de duelos e execuções.
Saiba mais sobre Washington Square
A perda do patrimônio arquitetônico
Boa parte das townhouses, belas mansões aristocráticas de estilo neoclássico, com portais de colunas dóricas, em volta de Wahington Square, foram compradas e demolidas pela NYU para a construção de prédios administrativos sem nenhum charme. O pouco que sobrou do lado norte da praça merece uma olhada. Na Washington Square e suas vizinhanças moraram personagens famosos, como Henry James, John Dos Passos, John Reed e Louise Bryant.
Bleecker Street
É uma das ruas mais animadas e boêmias do Greenwich Village desde a década de 1960, tão conhecida que foi tema de uma canção de Simon e Garfunkel. Cheia de lojas, restaurantes de preços acessíveis, casas de jazz, bons cafés, confeitarias e mercearias de produtos finos, é um bom lugar para dar uma volta no final de tarde ou ir jantar. No nº 144 da rua, onde existe hoje a Kim’s Underground, uma loja de vídeos, funcionou o histórico Bleecker Street Cinema, que exibia filmes de arte. O local aparece em Crimes and Misdemeanors (Crimes e Pecados), de Woody Allen. No nº 147 fica o The Bitter End e, na esquina com a LaGuardia Place, há uma reprodução, bastante ampliada, da escultura Bust of Sylvette, de Picasso. Os queijófilos não devem perder a Murray’s, loja especializada em queijos do mundo todo, no nº 254.
Meatpacking District
A região noroeste do bairro, entre a 14th Street, a Horatio Street, a Hudson Street e o rio Hudson, que até a década de 1990 era a zona atacadista de carne da cidade (meatpacking significa literalmente “embalagem de carnes”), é um bom exemplo de como por lá as transformações podem ser rápidas. As ruas de paralelepípedos do Meatpacking District pululam agora de galerias de arte, butiques, restaurantes, bares e cafés.
Os estabelecimentos que processavam e comercializavam carnes, sem poder acompanhar o valor dos aluguéis, foram batendo asas para longe. Como dizem em NYC, a região é hoje “über hot spot”, ou seja, uma das áreas que estão mais na moda. Era ali que ficava o loft em que morava a personagem Samantha Jones, do Sex and The City. É também onde fica o badaladíssimo restaurante Pastis, que Woody Allen usou na cena de abertura de Melinda & Melinda.
Jefferson Market Courthouse
No local onde hoje se ergue o prédio de tijolinhos vermelhos, existiu um dos principais mercados de alimentação da cidade, fundado em 1832, e uma torre de observação para combate a incêndios, com um sino que era tocado quando se avistasse fumaça no bairro. Projeto de Calvert Vaux (o mesmo que criou o Central Park) e de Frederick C. Withers, o edifício atual foi construído em 1875 em estilo Gothic Revival.
Com arquitetura inconfundível e uma torre que pode ser avistada de longe, o Jefferson Market Courthouse é uma das construções mais marcantes e curiosas de Nova York. Apesar disso, quase foi demolido, tendo sido salvo por pouco da destruição pelos moradores do bairro, que se mobilizaram para preservá-lo. Foi utilizado a partir de 1927 como tribunal especializado no julgamento de mulheres, entre elas a polêmica e liberal atriz Mae West, acusada pela Society for the Suppression of Vice (Sociedade para a Erradicação do Vício…) de “comportamento obsceno”, multada em 500 dólares e condenada a uns dias de cadeia. O edifício foi também prisão feminina; ali eram encarceradas sobretudo as prostitutas, consideradas um problema social. Restaurado em 1967, o prédio pertence hoje à New York Public Library.
The Forbes Galleries
Pequeno museu que reúne coleções insólitas. Parte do acervo é constituído por brinquedos da infância do milionário editor da famosa revista de economia Forbes: centenas de miniaturas de barcos, soldadinhos de chumbo de Alexandre, o Grande, a George Washington, e diversas versões, inclusive a primeira, do jogo Monopoly (ancestral do Banco Imobiliário) que encantou gerações de norte-americanos. Mais informações no site oficial da Forbes Galleries.
St. Luke’s Place
A rua tranqüila e arborizada com imóveis da segunda metade do século XIX, de tijolinhos vermelhos e brownstones, em estilo Renaissance Revival, proporcionam um pequeno mergulho na Nova York de outrora. Repare na casa de n° 6 os dois antigos postes de bronze com as luminárias que simbolizavam a importância de seu residente e identificavam a moradia do prefeito de Nova York, James John Walker, conhecido como Jimmy Walker, eleito em 1926.
Afastado por suspeita de corrupção, Walker foi um sujeito divertido, boêmio e extravagante, que na juventude compôs a canção Will You Love Me In December As You Do In May?. O filme Beau James, com Bop Hope, o teve como personagem. (Nossos corruptos atuais são tão desinteressantes que não rendem sequer um curta-metragem!). Outras casas dessa rua também têm suas histórias: a de n° 4 foi cenário do filme Wait Until Dark (Um Clarão Nas Trevas), de 1967, no qual Audrey Hepburn interpreta uma cega.
Sheridan Square
A praça e seus arredores têm história. Em 1863, durante os Drafts Riots (levantes contra o alistamento obrigatório durante a guerra civil americana), os revoltosos atacaram nesse local trabalhadores negros, que foram salvos pelos moradores de prédios vizinhos. Também foi perto dali que grupos gays enfrentaram policiais no bar Stonewall Inn, na Christopher Street, bem ao lado, freqüentado pela comunidade GLS.
Hoje vemos na praça a estátua do general Phillip Sheridan, que comandou as tropas da União durante a Guerra de Secessão, e esculturas de dois casais homossexuais, obra de George Segal em homenagem ao Gay Rights Movement. Os casais são representados informalmente, como se estivessem conversando; os homens, em pé, e as mulheres, sentadas em um banco. Um contraste com o sisudo general! Todos os anos, no último domingo do mês de junho, concentram-se na Sheridan Square os participantes da Gay Pride March, que percorrem o bairro até o Stonewall Inn. Uma festa interessante e divertida não apenas para o público gay; um monte de heteros “cabeça” também participam. No n° 10 da praça existiu o famoso bar Pirate’s Den, aberto em 1917. Uma réplica dele foi erguida para a filmagem de Greenwich Village, com Carmen Miranda, em 1944 (nascida em Portugal, mas brasileiríssima).
Christopher Street
Considerada uma das ruas mais gays de Nova York, a Christopher é animadíssima à noite. Cheia de bares, restaurantes freqüentados principalmente, mas não somente, pelo público simpatizante, bem como sex-shops, a rua é um território livre, com casais homossexuais de ambos os sexos andando abraçados pelas calçadas ou namorando nos cafés.
A left Village
John Reed, autor de Dez Dias que Abalaram o Mundo, foi um jornalista de idéias socialistas. Visionário, ele acreditava poder realizar uma revolução comunista nos Estados Unidos (Camarada Reed, você bebeu?). Engajado, partiu para a Rússia e acabou morrendo de tifo em Moscou em 1920, com a esposa Louise Bryant a seu lado. Ela também era escritora, feminista e engajada.
O filme Reds, de Warren Beatty, retrata a militância do casal e seu complicado relacionamento amoroso. Depoimentos de personalidades que conheceram Reed, como o do escritor Henry Miller, enriquecem o filme. Outro escritor de esquerda que viveu no Village foi John Dos Passos, que em 1927 se posicionou contra a execução dos anarquistas Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti e acabou sendo preso. Simpatizante do socialismo, visitou a União Soviética no final da década de 1920. Presenciando o totalitarismo stalinista, voltou para os Estados Unidos com suas convicções abaladas.
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