Soho e Tribeca

Turismo em Manhattan; Soho e Tribeca em New York, bairros de perfil alternativos que agora estão em moda, atrações e dicas.
Soho, New York
Soho, New York, foto Barão
Soho, New York

Soho e Tribeca hoje, a história do bairro

O que era o bairro no século XVIII O nome SoHo é a abreviação de “South of Houston Street”, bairro que tem como limites ao norte, a própria Houston Street; ao sul, a Canal Street; a leste, a Bowery; e a oeste, a 6th Ave. Até o século XVIII, essa era uma região rural margeada por um canal mal-cheiroso utilizado como esgoto que, aterrado, deu origem à Canal Street.

Mapa do Soho

Na segunda metade do século XIX e no início do século XX, o SoHo era um ativo centro industrial e comercial. O Soho era ocupado por fábricas e depósitos construídos com peças pré-moldadas de ferro fundido (cast iron), que permitiam aos engenheiros e arquitetos erguer rapidamente grandes imóveis. Suas colunas de ferro são tão perfeitas que parecem de alvenaria.
Como aconteceu em outras metrópoles no mundo todo, a busca por espaço fez com que as principais fábricas acabassem por se transferir para áreas suburbanas.

A época de decadência o SoHo transformou-se numa região decadente, repleta de imóveis abandonados. Quando os preços de Greenwich Village tornaram-se proibitivos para artistas que mal conseguiam sobreviver de sua arte, muitos se transferiram para os velhos depósitos e galpões abandonados, alugados a preço de banana, alguns dos quais não tinham inicialmente nem luz elétrica: os famosos lofts.

Chegam os artistas

A chegada de artistas valorizou o SoHo, que ganhou charme e personalidade. Galerias de arte começaram a se instalar no bairro, bares e restaurantes foram abertos. Na década de 1970, habitado por mestres da pop art, como Roy Liechtenstein e Robert Rauschenberg, consolidou-se como “bairro de artistas”. Foi quando a beleza de seus velhos edifícios de cast iron começou a ser reconhecida. Vinte e seis dos prédios do bairro, do século XIX, foram declarados de valor histórico, passando a área em que se situam a ser chamada Cast Iron Historic District.

O SoHo vira moda

Morar em um loft, inicialmente uma solução para os “duros”, tornou-se ambição de boêmios endinheirados e de gente famosa como Robert De Niro, Harvey Keitel, Isabella Rossellini e Naomi Campbell. Com isso, os aluguéis começaram a disparar. Hoje o bairro tem muitas boas lojas, inclusive de grifes.
Contradição do capitalismo: os “novos talentos” que não tiveram tempo de fazer dinheiro nem sua própria reputação – mas que fizeram a do bairro – mais uma vez arrumaram as malas e buscaram outras paragens.

Tribeca

Tribeca, cujo nome significa “Triangle Below Canal Street”, foi igualmente uma zona industrial. Seguiu a onda do SoHo e teve seus lofts transformados em imóveis disputados. A região, por vezes chamada “novo SoHo”, tem menos buchicho, menos personalidade e arquitetura mais comum. Como seus aluguéis são um pouco mais acessíveis, tem entre seus moradores artistas e boêmios que conseguiram se manter nas proximidades do SoHo. O bairro é sede do Tribeca Films, produtora de cinema pertencente a Robert De Niro que, desde 2002 promove anualmente o Tribeca Films Festival, fazendo com que as atenções se voltem para a região.

O agito do final de semana

Nos finais de semana, o movimento de pessoas nos dois bairros é intenso Apesar de o SoHo e Tribeca estarem tomados por galerias de arte e seus bares concentrarem um público característico, os cabeludos de antigamente, de brinco e rabo de cavalo, moiçolas de boina à la française e pretensos artistas com óculos à la John Lennon tornaram-se raros no bairro, que atrai principalmente turistas e gente que vai fazer compras ou passear.

Um bom programa: flanar pelas ruas do SoHo e de Tribeca

Os dois bairros ainda têm ruas com calçamento de pedra. Parar para um café ou almoçar por ali é um bom programa. As ruas mais interessantes – por serem points do agito, por abrigarem casas de jazz, butiques, cafés e galerias de arte ou em razão de sua arquitetura – são Greene, Spring, Prince, Broome, White e West Broadway.

Todas essas ruas têm edifícios com belas fachadas em ferro fundido Você poderá ver alguns exemplos desse tipo de arquitetura, como o Gunther Building no nº 469 da Broome Street, erguido por volta de 1870. Da mesma época, no nº 28 da Greene Street fica um prédio conhecido como Queen of Greene Street, no qual o ferro fundido foi intensamente utilizado em forma de colunas coríntias e arcos. Perto dali, no nº 72, está o King of Greene Street, de 1873.

E. V. Haughwout Building

O que impediu a verticalização das construções no mundo todo durante muito tempo foi a inexistência de meios de elevação, ou seja, elevadores e de estruturas de cimento armado. Os prédios em geral limitavam-se a cinco andares. Uns poucos chegavam a sete pavimentos. Mais do que isso, as pessoas não aguentavam subir a pé. Por isso mesmo, na Europa, por exemplo, os mais ricos moravam no primeiro ou segundo andar e o pessoal mais pobre nos andares mais altos. (Será que, por razões genéticas, aguentavam subir mais andares?).

Os prédios ganham elevadores

Construído em 1856 no Cast Iron Historic District, E. V. Haughwout Building, tem apenas cinco andares. Nele foi instalado um dos primeiros elevadores hidráulicos do mundo por um certo Elisha Otis. (Esse nome não lhe diz nada?) A partir daí, os edifícios se tornaram cada vez mais altos. O prédio merece uma olhada também por seu estilo Italianate (ou Renaissance Revival) inspirado nas criações do século XVI do padovano Andrea Palladio. Outra inovação do Haughwout foi o intenso uso do ferro fundido, elemento que começava a ser introduzido na arquitetura americana, nos detalhes e ornamentações.

Little Singer Building

O histórico imóvel de doze andares erguido em 1904, um bom exemplo da arquitetura do SoHo, com tijolinhos e balcões de cast iron, foi o ateliê do inventor da máquina de costura. Sua fachada adornada com vidro, fórmula repetida em muitos skycrapers da metade do século XX, tem inspiração no estilo veneziano.

New York City Fire Museum

Um museu diferente, ideal para quem não se interessa em demasia por pinturas e esculturas ou já viu tantas que não consegue assimilar mais nada… Interessante também para a criançada que verá praticamente tudo o que já foi produzido nos Estados Unidos para o combate a incêndios, do século XVIII aos dias de hoje, principalmente curiosos veículos utilizados pelos bombeiros, de carroças a viaturas motorizadas, algumas das quais são verdadeiras relíquias. New York City Fire Museum

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