Os italianos no Brasil

A imigração Itália para o Brasil, os fluxos migratórios.
Ruínas de Pompeia, Itália
Ruínas de Pompéia, Itália

Os italianos no Brasil

Poucos países no mundo – ou talvez nenhum, salvo Portugal – têm mais a ver com o Brasil do que a Itália. Os brasileiros, principalmente os do sudeste e do sul, têm, em grande parte, sangue italiano. Não há quem não conheça um brasileiro de sobrenome Alessio, Belfiore, Caldarelli, Campilongo, Correali, Crespi, De Luca, Di Giorgi, Fittipaldi, Lancellotti, Libutti, Mancini, Miceli, Piazzi, Ranieri, Signorini, Spagnuolo, Rosso ou Zerbini. Quando você viaja pela Itália e conversa com alguém por lá, também não há quem não tenha um parente ou amigo vivendo no Brasil.

Leia: A origem dos sobrenomes italianos.

A imigração italiana

A imigração italiana começou na segunda metade do século XIX e continuou ao longo do século XX. De 1870 a 1907, mais de 1.200.000 italianos imigraram para o Brasil! Entre 1888 e 1897 ocorreram os maiores fluxos, que chegaram a atingir marcas de mais de 100 mil pessoas por ano. Era tanta gente que as companhias de navegação da época faturaram alto apenas transportando imigrantes. Hoje, o número estimado de italianos e descendentes que vivem no Brasil é de 25 milhões, sendo que 6 milhões estão no Estado de São Paulo.

Os fluxos migratórios

Os oriundi da Lombardia e, sobretudo, do Vêneto, encabeçaram a imigração, que foi engrossada depois por italianos das regiões do sul, como a Campânia, a Calábria, a Basilicata, a Puglia e a Sicília. É interessante notar que, enquanto na Itália cada um se considerava “veneziano”, “napolitano” ou “calabrês”, a imigração para um país estrangeiro os aproximou: aqui, todos passaram a ser, antes de tudo, italianos.
Seja você de origem italiana ou não, este é um livro que vale a pena conhecer: Os italianos no Brasil, edição especial das Indústrias Bardella, apoiada pelo Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e pelo Ministério de Relações Exteriores da Itália, 2000.
A grande maioria dos imigrantes desembarcou no porto de Santos e fixou-se no interior do Estado de São Paulo para trabalhar nas lavouras de café. Alguns voltaram para a Itália desiludidos, uma vez que certos grandes fazendeiros, acostumados com o regime escravocrata, não respeitavam o trabalho livre e não cumpriam os contratos.

Rápida ascensão social

Apesar de terem se dedicado inicialmente à agricultura como empregados ou colonos, os italianos tiveram uma rápida ascensão social no Brasil. Muitos se tornaram proprietários agrícolas, enquanto outros, que se estabeleceram nas grandes cidades, enriqueceram com a indústria e o comércio. Italianos que se fixaram na capital paulista deram início a pequenas manufaturas, às vezes meras oficinas artesanais de fundo de quintal que acabaram se tornando poderosos grupos industriais, como Matarazzo ou Bardella. O extremo dinamismo da indústria paulista deve-se, em boa parte, à imigração italiana.

Novos conhecimentos e tecnologias

Muitos imigrantes traziam da Itália conhecimentos e tecnologia que faltavam no Brasil de então. Vários palacetes da Avenida Paulista do início do século XX foram planejados e erguidos por construtores da região do Vêneto, e não por arquitetos e engenheiros. Os italianos que se fixaram em colônias agrícolas no sul do Brasil desenvolveram os primeiros vinhos nacionais. Ainda hoje, a zona serrana do Rio Grande do Sul é a principal – e única – região vinícola brasileira.

Anarquistas, graças a Deus

Os italianos também tiveram uma importante atuação nos movimentos populares e nas greves que sacudiram São Paulo no começo do século passado. O engajamento político dos italianos (bem como dos espanhóis) era notório, fossem eles anarquistas, comunistas ou socialistas. Quem leu o delicioso livro de Zélia Gattai “Anarquistas, graças a Deus” ?Aliás, nem todos aportaram no Brasil porque estivessem passando por dificuldades financeiras. Muitos vieram por causa da perseguição política que sofriam ou em busca da realização de um ideal que talvez pudesse ser mais facilmente atingido em um país de História recente. Com isso, os italianos acabaram tendo um papel decisivo na criação dos primeiros sindicatos brasileiros. Uma curiosidade: com o apoio do imperador D. Pedro II, um grupo de anarquistas italianos fundou no sul do Brasil a Colônia Sicília, uma comunidade baseada na autogestão e no amor livre. Não sabemos se o imperador conhecia esses detalhes!

Os italianos no futebol

Até times de futebol os imigrantes italianos fundaram no Brasil. É o caso do Palestra Itália (atual Palmeiras) de São Paulo, do Cruzeiro de Minas Gerais e do Gioventù do Rio Grande do Sul. Mesmo o Corinthians teve uma mãozinha dos italianos no começo de sua história. E, claro, ao saberem que você é brasileiro, os italianos vão querer conversar sobre futebol. Seja simpático, diga-lhes que a Itália tem um grande futebol e que o segundo lugar será deles… Um italiano (nosso consultor Luciano Bellini, por exemplo!) poderá lhe responder que, para conquistar seus títulos, o Brasil precisou de italianos como Bellini e Taffarel. E acrescentará – com lágrimas nos olhos – que necessitou também do grande Baggio…

A influência italiana

A influência italiana no Brasil se revela até no jeito de falar. Os paulistas, por exemplo, pronunciam o “ti” da mesma forma que, em italiano, se diz “ci”, ou seja, com som de “tch”: “Vou à casa do meu tchio…”. Aliás, você fala italiano várias vezes por dia; o ciao italiano é o nosso tchau!
Quanto à culinária, há tantos pratos e ingredientes trazidos pelos italianos que é difícil enumerar todos. Os mais óbvios são a pizza e as massas dos mais diversos tipos, porém o filé a parmigiana, os risotos de mil tipos, a mozzarella, o gorgonzola, o provolone, o molho de tomate, o pão italiano, a ciabatta, a alcachofra, os funghi, o tomate seco, o presunto cru, o salame, a mortadela, o panettone, tudo isso só existe no Brasil por causa dos italianos. Hoje há uma enorme quantidade de pizzarias e de restaurantes de cozinha italiana em qualquer grande cidade brasileira – e em praticamente todas as cidades do sul e do sudeste do país. Os italianos também estimularam nos brasileiros o gosto pelo vinho, cujo consumo no país vem aumentando a cada ano.

Os brasileiros que se exilaram na Itália nos tempos da ditadura

A Itália foi o lugar escolhido por dois de nossos maiores compositores, Vinícius de Moraes e Chico Buarque, quando se viram obrigados a mudar de ares durante o período mais pesado da ditadura militar brasileira. Toquinho acabou seguindo o caminho dos amigos. Por mais que tenham sido tempos difíceis, para sua produção musical foi uma época ótima! (Já o ouviu cantando em italiano?) Por falar em música brasileira, saiba que, na Itália, a toda hora, quando menos esperar, você escutará num bar, na rua, ou no assobio de um taxista, canções como A Banda, Chega de Saudade ou Tico-tico no Fubá.
Toda essa proximidade entre a Itália e o Brasil faz com que, viajando por lá, você não se sinta muito como um estrangeiro.

Um pouco de cultura inútil para trocar com os amigos durante a viagem -Tivemos no Brasil uma imperatriz napolitana. È vero! Teresa Cristina, da casa real francesa dos Bourbons, filha do rei das Duas Sicílias, nasceu em Nápoles em 1822 e casou-se com D. Pedro II em 1843.

Sugestão de leitura
Leia “Anarquistas, Graças a Deus”, romance de Zélia Gattai que tem por tema os movimentos sociais brasileiros do começo do século XX, e Novelas Paulistanas, obra que contém vários contos e novelas de António de Alcântara Machado, alguns engraçados, outros bastante pungentes, sobre cenas da vida dos imigrantes nos bairros populares italianos de São Paulo (Brás, Bexiga e Barra Funda) na mesma época.

Até o romance “Putzgrila!”, sobre as aventuras de uma brasileira pelo mundo tem trechos passados na Itália.
Assista a Colônia Sicília, filme de Jean-Louis Comolli sobre a colônia de anarquistas da época de D. Pedro II, e a O Quatrilho, de Fábio Barreto, outro filme rodado no sul do país, cujos personagens principais são dois casais de imigrantes italianos. (Quase ganhamos o Oscar de melhor filme estrangeiro com ele, lembra-se?)

Os sites abaixo são de grande grande interesse para quem quer saber notícias da Itália, quer dicas de lugares para visitar, desejar pesquisar suas origens italianas ou obter outras informações sobre a Itália.

 Portal da comunidade italiana no Brasil  Câmara Italiana  Italia Oggi  Comunidde Italiana
Oriundi

Você é oriundo?

Se você tem origem italiana, talvez tenha curiosidade de saber o significado de seu sobrenome. Na maioria dos casos é muito simples: há nomes que indicam o lugar de origem de seus ancestrais, que viveram em uma época em que as pessoas não tinham sobrenomes como hoje. É o caso, dentre outros, de Veronese (de Verona), Pugliese (da Puglia), Pisani (de Pisa), Siciliano (da Sicília), Calabrese (da Calábria), Padovani (de Pádua) ou Mantovani (de Mântua).
Sobrenomes italianos também podem indicar ancestrais provenientes de outros países que imigraram para a Itália. É o caso de Spagnuolo (espanhol), Ungaretti (húngaro) e Grecco (grego).
Muitos nomes têm sua origem na profissão exercida por esses mesmos ancestrais: Ferraiolo (ferreiro), Barbieri (barbeiro), Caldarelli (mercador de caldeiras), Pescarini (pescador), Pastore (pastor) ou Castellani (administrador de um castelo).
Certos nomes, que remontam à época do Império Romano, como Leoni e Gatti, são inspirados em animais e invocam seus atributos: a força de um leão, a agilidade de um gato e assim por diante.
Há ainda nomes derivados de um atributo físico marcante, como Barbarossa (barba ruiva), Bellocchi (belos olhos) ou Gambacorta (perna curta).
É claro que através dos séculos houve corruptelas e alterações nesses nomes, que também encontram variações nos dialetos falados em cada região. Assim, por exemplo, Ferraio tem o mesmo significado que Ferrari, Ferraiolo ou Ferrarini. Mas é preciso não confundir: Ferragalli não quer dizer “ferreiro” e sim “ladrão de galinhas”… O fato é que existem sobrenomes muito curiosos, cujo sentido, às vezes, não é nada elogioso (e não se aplica a seus portadores atuais). Papaterra é aquele que “papa” a terra dos outros; Malvestito é um cidadão que se veste mal; e Strazzabosco é o que estraga o bosque – nada ecológico!
Quer saber mais? Consulte Dicionário dos Sobrenomes Italianos, de Ciro Mioranza (Escala, São Paulo, 1997).

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