Arquitetura e arte na Itália: pequeno glossário de arte italiana
Arquitetura e arte na Itália: em milênios de civilização, o território italiano produziu obras de valor incalculável em todos os gêneros da arte. As mudanças econômicas, sociais e ideológicas foram acompanhadas por estilos artísticos que refletiam o modo do homem ver o mundo, retratar sua realidade e deixar para a posteridade impressões que hoje, além do prazer estético que proporcionam, colocam-nos em contato com o pensamento e o sentimento de pessoas que viveram em séculos e realidades muito distantes. Apreciar essas obras não é só uma questão de gosto. É importante levar em consideração o contexto histórico em que foram produzidas, e o estilo é um bom indicador disso.
Os múltiplos estilos da arquitetura e arte na Itália
Nem todo brasileiro sabe o que vem a ser uma coluna dórica ou consegue distinguir o estilo renascentista do gótico, mas ninguém deve se sentir encabulado. Enquanto os europeus aprendem esses conceitos desde crianças (e muitos deles podem observar exemplos concretos em seu dia-a-dia, ao passear pela própria cidade em que moram), a História da Arte não costuma fazer parte de nossa educação.
Nem sempre uma obra pode ser classificada em um único estilo. Primeiro, porque a mudança de estilo predominante não se dá do dia para a noite. Segundo, no caso da arquitetura, porque é comum que construções antigas passem por reformas. Os próprios historiadores da arte às vezes divergem. O Batistério de Florença é gótico puro, gótico italiano, gótico florentino ou protorenascentista? Como dizia Shakespeare: “a rose by any other name smells just as sweet”!
Noções básicas
Sem pretender aprofundar e muito menos esgotar o assunto, eis algumas noções básicas sobre a rica criação artística italiana, para que você possa aproveitar melhor sua viagem e, quem sabe, não fazer feio na frente da nova namorada com Doutorado em História da Arte.
Arte grega
O primeiro importante estilo arquitetônico em solo italiano. Colônias gregas anteriores ao Império Romano tinham como marca registrada os templos erguidos em homenagem às diversas divindades helênicas. Nos templos, colunas que serviam de apoio para o frontão – a parte superior da fachada, em forma de um “V” invertido – existiam em três estilos típicos da arquitetura clássica grega, adotados posteriormente pelos romanos. O dórico é o mais simples, sem base inferior, com o capitel (adorno que “encabeça” a coluna) apoiado sobre uma peça quadrada; o jônico tem o capitel em forma de dois caracóis; e o coríntio é o mais elaborado, com o capitel cheio de detalhes caprichosos, geralmente em forma de folhas de louro. Os gregos tinham também especial talento para a construção de teatros; foram eles que idealizaram arquibancadas de pedra semicirculares para abrigar grande quantidade de pessoas e permitir que todos vissem o que se passava no palco. Afrescos e mosaicos eram muito usados como elementos decorativos.
Arte romana
Incorporou e aprimorou elementos da grega, como o uso das colunas e a busca da grandiosidade e da harmonia. A pedra, bastante durável, era o material básico e é por isso que ainda existem na Itália muitas construções da época do Império Romano. Em Pompeia e Herculano podem ser vistas enorme obras em pedra, como teatros, bem como residências e prédios comerciais. A Itália tem muitos exemplares antiquíssimos da pintura mural romana: os afrescos, que podem ser vistos principalmente no Museu Arqueológico de Nápoles e em Pompeia, nas próprias paredes nos quais foram pintados há mais ou menos dois mil anos. É também imensa a quantidade de exemplares ainda existentes da escultura clássica romana, com temas que variam de bustos de imperadores a personagens e cenas da mitologia greco-romana. Muitas dessas esculturas são reproduções de obras gregas.
Estilo paleocristão
“Paleo” significa “antigo”: o adjetivo paleocristão se aplica a obras do início da era cristã, dentre as quais se incluem sobretudo basílicas.
Românico Estilo predominante no início da Idade Média, que pode ser visto sobretudo em igrejas de estrutura bastante simples, como a de uma casinha desenhada por crianças: basicamente, são quadradas ou retangulares e o teto é de duas águas, sustentado por colunas. Isso se explica facilmente: perdeu-se durante a Idade Média a técnica de erigir cúpulas, como a do Panteão de Roma, e de usar formas arredondadas. As pinturas dessa fase, quase sempre com temas cristãos, perdem em expressão, complexidade e refinamento técnico com relação ao período clássico, mas ao mesmo tempo podem ser bastante belas em sua simplicidade.
Estilo bizantino
A palavra vem de Bizâncio, antigo nome da cidade que depois se chamou Constantinopla e hoje é Istambul, capital da Turquia. Na arquitetura bizantina (que pode ser vista sobretudo em Ravenna, que foi sede do Império Bizantino), são privilegiadas as linhas curvas (ao contrário da arquitetura greco-romana clássica, em que predominam linhas retas). O papel dos ricos mosaicos coloridos e dos detalhes dourados como elementos decorativos internos é outro de seus traços característicos. Não existia preocupação com a perspectiva, a simetria ou a harmonia do conjunto, o que significa um rompimento com o estilo clássico.
Estilo Gótico
A palavra tem sua origem no nome dos godos, povo bárbaro que ocupou boa parte da Europa após a queda do Império Romano. É o estilo predominante na Idade Média. As igrejas góticas costumam ter três naves, enquanto as românicas tinham só uma.
Gótico francês Encontrado no norte da Itália, como no Duomo de Milão, é o mesmo estilo da Notre-Dame de Paris. As igrejas têm torres finas e uma cúpula central apoiada no arco ogival, que distribui o peso para diferentes pontos da construção, podendo alcançar alturas até então impensáveis, como se suas agulhas quisessem alcançar o céu. Com essa nova técnica, foi possível construir paredes mais finas e conseguir um interior mais claro, pela colocação de grandes vitrais coloridos, obtendo-se uma suave luminosidade.
Gótico italiano Um pouco diferente do francês; nele é comum o uso de colunas, de mosaicos nos frontões e de pedras de diferentes cores (policromia) como elementos decorativos. Em geral, o exterior é dividido em “andares”; em casos como o da Basílica de San Marco, em Veneza, não há apenas uma, mas várias cúpulas apoiadas nas ogivas internas.
Protorenascença
É a pré-Renascença. Os artistas dessa época continuaram pintando temas religiosos, e a maior parte de suas obras continuaram sendo pinturas murais em igrejas, mas com grandes diferenças com relação ao que havia até então. Os personagens passaram a ter expressão nos rostos; seus corpos passaram a ter volume; as cenas foram enriquecidas com elementos realistas; e para que isso fosse possível, foi introduzida a perspectiva, técnica de pintura que dá ilusão de profundidade. O maior representante da Protorenascença foi Giotto.
Estilo renascentista (Renascença ou Renascimento)
Redescoberta e aperfeiçoamento dos temas, padrões estéticos e técnicas arquitetônicas clássicas, que gregos e romanos haviam dominado mais de mil anos antes.
Estilo barroco
Estilo que se seguiu ao renascentista, nos séculos XVII e XVIII, mais rebuscado e complexo, rico (às vezes excessivamente) em elementos decorativos. É chamado também de rococó.
Estilo neoclássico
O neoclassicismo, baseado em formas clássicas e grandiosas, predominou do fim do século XVIII ao fim do século XIX.
Pintura
A arte romana teve grande expressão na pintura mural, como comprovam os achados arqueológicos de Pompeia.
A Protorenascença teve ilustres pintores, mas o século XVI foi a “idade de ouro” da pintura italiana renascentista. O propício ambiente cultural, ideológico, econômico e político do norte da Itália somou-se à a existência de homens altamente privilegiados intelectual e artisticamente para dar ao mundo boa parte das maiores obras-primas de todos os tempos. Assim foi que, financiados pela Igreja e pela nobreza florentina, artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarotti produziram tudo aquilo que torna seus nomes familiares em qualquer parte do mundo, quinhentos anos depois. Foi Botticelli quem introduziu pela primeira vez um tema mitológico greco-romano – portanto, super clássico – na pintura renascentista, abrindo o caminho para artistas posteriores.
Os Macchiaioli Grupo de pintores toscanos do século XIX que rompeu com a chamada pintura acadêmica, usando cores e luzes de maneira inovadora e retratando temas da vida cotidiana. Seu estilo lembra bastante o dos impressionistas franceses.
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