Para entender Buenos Aires

Para entender Buenos Aires, a numeração das ruas no sentido norte/sul, o patrimônio histórico e arquitetônico, as pasajes, a qualidade de vida.
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Buenos Aires: quase um terço da população argentina

Buenos Aires situa-se na margem sul do largo estuário chamado Rio de la Plata, onde o Rio Paraná se abre para o Oceano Atlântico. A capital argentina em si possui mais ou menos 3 milhões de habitantes, enquanto a “Grande Buenos Aires” ultrapassa os 12 milhões, o que representa quase um terço da população do país.

Mapa de Buenos Aires

As manzanas

A dimensão da cidade não é problema para o visitante, que costuma se restringir à zona onde se concentram os atrativos turísticos. É muito fácil circular por ali, uma vez que as ruas, na maior parte, formam quadras (manzanas) regulares de aproximadamente 100m. Aliás, os portenhos nunca dizem que tal lugar fica a 400m de outro, mas a quatro manzanas. Isso é prático porque olhando o mapa você pode ter ideia das distâncias contando as quadras e avaliar se dá para ir a pé ou se precisará tomar táxi ou metrô para chegar a determinado lugar.

Vídeo sobre turismo em Buenos Aires

A numeração das ruas no sentido norte/sul

A numeração dos imóveis não é contada a partir de um centro geográfico ou ponto central, mas por um sistema bem portenho: no sentido leste/oeste, a numeração começa às margens do Rio de la Plata (Puerto Madero) e, no sentido norte/sul, a partir da Av. Rivadávia. Algumas ruas importantes trocam seus nomes a partir dessa avenida.
A Av. 9 de Julio atravessa a zona central da cidade – mais próxima ao Rio de la Plata – no sentido norte-sul. Diversas longas avenidas quase paralelas entre si a cortam perpendicularmente e levam até os bairros mais distantes da costa.
Por falar em costa, da cidade praticamente não se vê o Rio de la Plata, que banha as áreas verdes da Costanera Sur e da Costanera Norte.

Desenvolvimento urbano precoce

Nas primeiras décadas do século XX, quando as maiores cidades latino-americanas ainda mantinham um ar terceiro-mundista, Buenos Aires era uma ilha de civilização, com uma classe média numerosa e mais igualdade social. Ou seja, uma metrópole de verdade, com lojas finas, restaurantes sofisticados, intensa vida cultural, boulevares e cafés, que nada ficava a dever às capitais europeias.
Enquanto nos demais países da América do Sul o transporte urbano ainda se limitava a bondes puxados por burros, Buenos Aires já possuia metrô, o primeiro existente nessa região do planeta.

 

A qualidade de vida

Mesmo após a recente crise que abalou a Argentina, Buenos Aires disputa com Montevidéu a melhor qualidade de vida entre as capitais da América Latina.
Além de inúmeros jardins e praças arborizadas, Buenos Aires possui um verdadeiro pulmão verde na região de Palermo, em cujos parques em estilo francês, com arvoredos, estátuas e espelhos d’água, os portenhos passam horas preguiçosas, lendo, namorando, passeando com os filhos ou tomando sol, como fazem os parisienses no Jardin de Luxembourg…

Patrimônio histórico e arquitetônico

Ao contrário de metrópoles como São Paulo, cujo crescimento importou em sacrifício de boa parte do patrimônio histórico e arquitetônico, Buenos Aires preservou seus lindos edifícios do século XIX no centro e nos bairros onde vive a população mais favorecida.
São essas construções que lhe conferem o tão falado “ar europeu”, acentuado pelos os cafés sempre cheios de pessoas lendo jornais ou falando sobre o que mais gostam: política e futebol, temas que por vezes geram acaloradas discussões!

As pasajes de Buenos Aires

Como são as pasajes – Como Paris, Buenos Aires tem pasajes – ruelas que cortam quarteirões ao meio – construídas no começo do século passado para melhor aproveitamento de terrenos compridos que alcançavam metade da quadra, permitindo que se abrisse uma saída pelos fundos das propriedades ou ali se erguesse outra edificação.

A maioria das pasajes atravessa o quarteirão de ponta a ponta; algumas chegam até o meio, formando becos; e há ainda aquelas em formato de “U”, caso da Pasaje de la Piedad, que começa no número 1573 da Bartolomé Mitre e termina no número 1525 da mesma rua. Há pasajes na diagonal dos quarteirões, como a Pasaje Azucena Butteler, em forma de “X”, no bairro de Boedo (com entrada pela Av. La Plata, Av. Cobo, ou pelas ruas Zellarrayán e Senillo). No ponto onde as duas vias se cruzam há uma pequena praça, chamada pelos moradores de “pracinha escondida”.

Casarões do começo do século XX – A maioria dessas pasajes – dentre as dezenas espalhadas pela cidade – é ainda pouco conhecida dos turistas (e mesmo dos portenhos!).
Embora muitas vezes mal-cuidadas e esquecidas, as pasajes conservam imóveis construídos por volta de 1910 para abrigar operários. Muitas dessas construções, que começam a ser restauradas, têm uma arquitetura interessante de estilo parisiense ou andaluz.

Flanar pelas pasajes – Se você tiver tempo livre, aproveite para flanar por elas e descobrir aspectos inusitados de Buenos Aires. Algumas das pasajes são fechadas a não moradores, mas diversas podem ser visitadas, como as quatro paralelas de Palermo (Cabrera, Soria, Santa Rosa e Russel, que saem da Borges e da Serrano).
Outras que merecem uma olhada são a Rue des Artisans, entre Libertad, 1240 e Arenales, 1239; a Dr. Rivarola, entre Mitre, 1325 e a Perón, com um certo ar parisiense; a Pasaje Santamarina, no bairro de Montserrat, entre Chacabuco, 641 e México, 750, em linhas neoclássicas; e a General Paz, entre Ciudad de la Paz, 561 e Zapata, 552, no bairro de Colegiales, que lembra uma ruela de Sevilha.

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