História da Itália: a Inquisição

A página mais negra da Igreja Católica, a tortura empregada sistematicamente como "método" para se chegar a "verdade".
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A Inquisição, o capítulo mais negro da Igreja Católica

A Reforma Protestante gerou, por parte da Igreja, uma Contrarreforma, ou seja, um movimento de “tolerância zero” em relação àqueles que se manifestassem (ou mesmo pensassem…) de forma contrária aos dogmas católicos. O instrumento utilizado para, literalmente, eliminar os hereges, foi a Inquisição, um terror que, partindo de Roma, se estendeu por toda a Europa católica. A heresia mais evidente era a dos protestantes e dos judeus – que claramente seguiam outras religiões –, mas os próprios católicos que discordassem o mínimo que fosse da doutrina da Igreja, mesmo que tivessem base científica para tanto, eram considerados hereges.

Manuais com aulas de tortura

O que Nero e outros imperadores pagãos tinham feito contra os primeiros cristãos, os inquisidores fizeram ainda pior contra os acusados de heresia. Existiam até mesmo manuais que ensinavam como reconhecer um herege, com explicações detalhadas de como um suspeito devia ser torturado. Atenção especial era dada às mulheres, mais propensas a atividades demoníacas… O acusado não tinha o direito de saber quem o estava acusando – e muitas vezes sequer o teor da acusação! Dentre as especificações do manual, recomendava-se torturar qualquer pessoa que hesitasse um instante que fosse em responder ao interrogatório ou caísse em qualquer tipo de contradição.

A prova do ferro quente

Para ser acusado e torturado, bastava uma testemunha de acusação, qualquer uma: podia ser seu maior inimigo, uma ex-namorada vingativa, seu vizinho maluco… Um dos métodos utilizados para apurar a culpabilidade de alguém era a prova do ferro quente, ou do fogo: quem conseguisse segurar com as mãos um pedaço de ferro em brasa ou pisar em brasas sem apresentar sinais de queimaduras era absolvido, pois esse era um sinal de que Deus o considerava inocente… É uma pena que nenhum desses inquisidores tenha passado pela mesma experiência, para sabermos se Deus os inocentaria.

Giordano Bruno

Uma das mais famosas vítimas da Inquisição na Itália foi Giordano Bruno, monge dominicano que estudou filosofia em Nápoles e que tinha ideias bastante heréticas e contrárias ao geocentrismo (teoria aceita na época pela Igreja, que afirmava que a Terra era o centro do Universo). Para piorar as coisas do ponto de vista da Igreja, Giordano Bruno acreditava não só que o universo era infinito e composto de incontáveis sóis e planetas que giravam em torno desses sóis, mas também que esses planetas eram habitados por seres inteligentes, da mesma forma que a Terra. Começando a ser perseguido, largou a batina e fugiu, mas cometeu o erro de voltar à Itália e, depois de ficar anos preso sem renegar suas ideias, foi queimado vivo em Roma no ano de 1600.

Galileu Galilei

Além dos que foram mortos sob acusação de heresia, houve casos de pessoas que escaparam por pouco, como Galileu Galilei, que, depois de passar por um grande dilema moral durante o processo a que respondeu de 1615 a 1633, acabou por negar suas afirmações anteriores. (“Eu disse que a Terra gira em torno do Sol? Não era bem isso…”) Ele não quis ter o mesmo fim de Giordano Bruno, mas só voltou atrás da boca para fora. Conta-se que, depois de se desdizer perante o tribunal da Inquisição, ele teria falado baixinho para si mesmo: “E pur si muove!”, que quer dizer, “Apesar disso, ela se move!”. E continua se movendo até hoje…

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