O Santo Sudário: a imagem é mesmo de Cristo?
O Santo Sudário é um pedaço de tecido de linho de mais de 4 metros de comprimento por 1 de largura que, curiosamente, contém, como em um negativo fotográfico, a imagem do corpo de um homem com marcas (de crucificação?) nos pés e nas mãos. As autoridades religiosas garantem que o tecido foi usado para envolver o corpo de Jesus depois de sua crucificação.
A primeira referência ao Santo Sudário data de 1354, quando foi doado pelo conde Geoffroi de Charnay à igreja de Lirey, na França. Posteriormente, tendo escapado quase ileso (ou por milagre…) de um incêndio no ano de 1535, os religiosos preferiram leva-lo para a Itália, onde seria mais bem cuidado.
A discutida autenticidade do Santo Sudário
Inicialmente, a própria Igreja Católica levantou dúvidas sobre sua autenticidade. Mesmo o papa Clemente VII preferiu considerá-lo como uma reprodução do verdadeiro sudário de Jesus.
De qualquer modo, a Igreja Católica nunca encarou com boa vontade a realização de estudos que pudessem comprovar ou desmentir a autenticidade da peça, principalmente por cientistas leigos. Somente em 1988, três laboratórios obtiveram, finalmente, autorização de examinar o tecido. Utilizando o sistema de datação conhecido como carbono 14, usado para identificar fósseis e peças antigas, concluíram, que o Santo Sudário teria sido elaborado durante a Baixa Idade Média entre 1260 e 1390.
A longa viagem do Santo Sudário
O Evangelho de João afirma que Nicodemos e José de Arimateia envolveram o corpo de Cristo em faixas de linho, do modo como os judeus costumavam sepultar seus mortos. O Santo Sudário teria sido levado a Constantinopla e em seguida a Paris, para depois se tornarem propriedade da dinastia piemontesa Savoia. Posteriormente o Sudário foi doado à Igreja Católica e hoje pertence ao Vaticano. Raramente exibido ao público. Sua última exibição, que atraiu dezenas de milhares de fieis ocorreu em 2010. Não se sabe quando será novamente quando o público comum poderá vê-lo. Atualmente o Santo Sudário é conservado na catedral de Turim, a capital da região italiana de Piemonte.
A imagem muito mais visível em negativos fotográficos
A imagem que aparece no tecido de linho pode ser vista mais nitidamente quando impressa em preto e branco branca no negativo fotográfico do que no próprio manto, onde os traços são mais apagados. Essa imagem fotográfica pode ser apreciada pela primeira vez em maio de 1898, quando foi exibida em Turim.
Até hoje o Santo Sudário é objeto de discussões acaloradas. Muitos cientistas afirmam que o tecido data da Idade Média, enquanto outros garantem que um incêndio ocorrido no local onde o Sudário foi guardado invalidaria os testes de Carbono 14 que levaram a essa conclusão.
Um Cristo em versão europeia
Argumenta-se, ainda, ser pouco provável que Jesus Cristo tivesse cabelos compridos e lisos – uma versão ocidentalizada de Jesus, bem diferente do povo de cabelos escuros e encaracolados que habitava a Palestina à época em que ele viveu. Repare, a título de curiosidade, a diferença de traços entre os judeus oriundos da Europa e os originários do Oriente Médio, que tem feições palestinas. Essa versão do Cristo com traços arianos surgiu quando o cristianismo emplacou na Europa, após a a conversão do imperador Justiniano, quando a Europa se tornou cristã. (Quem se interessa por esse momento histórico deve ler Quand notre monde est devenu chrétien, de Paul Veyne.)
A importância das relíquias na Europa da Idade Média
É fato também que, na Idade Média, muitas relíquias foram forjadas, pois era motivo de glória para uma cidade possuir ossos de santos, pedaços da cruz de Cristo e outros objetos sagrados. Eram tantos os pedaços de madeira extraídos da cruz onde Jesus foi crucificado, que já se comentou que com eles se poderia construir, na época, toda uma esquadra…
Relíquias não significavam apenas glória, mas também lucros. Era um ótimo negócio para qualquer cidade na Idade Média possuir relíquias que atraíssem peregrinos e movimentassem a economia local. Relíquias eram, então, verdadeiras atrações turísticas. Diga-se de passagem; até hoje o turismo religioso movimenta uma quantia fabulosa de dinheiro no mundo inteiro.
Quem não tinha suas relíquias as criava ou comprava
Cidades que não tinham relíquias para exibir compravam-as de comerciantes inescrupulosos, geralmente acreditando, ou fingindo acreditar em sua autenticidade e pagando verdadeiras fortunas por elas… Piratas (gente confiável, como todo mundo sabe…), por exemplo, sempre praticaram esse tipo de comércio.
Em outras cidades as autoridades religiosas de então, não tinham muito escrúpulos em falsificá-las. Alguns espertalhões vivam disso: fabricar relíquias, da mesma forma que hoje falsários fabricam “antiguidades” para turistas incautos. Sabe-se hoje, por exemplo, que boa parte das “relíquias” adquiridas por italianos e franceses em Constantinopla eram falsas. É caso da coroa de espinhos comprada por São Luís, que construiu a famosa Sainte-Chapelle em Paris especialmente pra abrigá-la.
Enfim, isso não significa que, necessariamente, o Santo Sudário seja uma fraude, mas a polêmica continua.
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