O Candomblé na Bahia

O Candomblé na Bahia, a religião, os rituais, os terreiros.
Candomblé
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O Candomblé na Bahia

Os primeiros contingentes de escravos africanos chegaram à Bahia em 1550, provenientes do Congo. Seguiu-se a chegada de cativos de outros lugares da África, como Senegal, Nigéria, Benin e Angola. A prática do candomblé, por eles trazida, permaneceu viva mesmo diante da proibição dos europeus que procuraram convertê-los à fé católica.

Entidades espirituais com nomes católicos para escaparem à intolerância religiosa

Para preservar suas crenças sem serem molestados, os escravos atribuiram nomes católicos às suas entidades espirituais e orixás, adaptando seu rito. Assim, Nossa Senhora da Conceição passou a ser vista como Iemanjá, a deusa do mar; Santa Bárbara representava Iansã, a deusa dos ventos e das tempestades; São Jorge passou a representar Ogum, o deus guerreiro. Esse procedimento deu origem a um sincretismo religioso único no Brasil.

Os rituais

Os rituais de candomblé são acompanhados por instrumentos de percussão como atabaques e tambores. Os orixás, suas divindades, estão ligados aos quatro elementos da natureza: fogo, terra, água e ar. Cada orixá tem dia, comidas, cores, ritmos e vestimenta próprios.

O santo guia: todo baiano tem o seu

Todo baiano sabe qual é seu santo guia, mesmo que professe outra crença ou não seja adepto de religião alguma. O som dos atabaques pode ser ouvido de Mangue Seco a Mucuri, do alto da Chapada Diamantina até os confins do sertão.

A riqueza cultural do Candomblé

A riqueza cultural e simbológica do candomblé foi percebida e prestigiada por escritores como Jorge Amado e músicos como Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, Toquinho e Clara Nunes.

O acesso de visitantes aos terreiros

Alguns terreiros se tornaram famosos, mas o acesso aos visitantes só é permitido por meio de convite ou em horários determinados e em dias de festa. Se você estiver mesmo interessado em conhecer, o melhor é se fazer acompanhar por um guia local que pertença à comunidade daquele terreiro. Uma vez sendo aceito como visitante, conserve o respeito e o decoro.

Mãe Menininha do Gantois
“A estrela mais linda, heim…tá no Gantois
E o sol mais brilhante, heim…tá no Gantois
A beleza do mundo, heim…tá no Gantois
E a mão da doçura, heim…tá no Gantois”
(De Oração da Mãe Menininha, Dorival Caymmi)

A Ialorixá mais famosa do Brasil

Mãe Menininha, a Ialorixá mais famosa do Brasil nasceu em 1894 e assumiu o Terreiro do Gantois em 1918, por ocasião da morte de sua tia, Pulchéria Maria da Conceição. Tornou-se conhecida por sua bondade e por sua habilidade política, que impediu o fechamento do terreiro na época em que a prática religiosa do candomblé era proibida.

Terreiro havia sido fundado por sua bisavó – O terreiro havia sido fundado por sua bisavó, que chegou ao Brasil como escrava proveniente da tribo Kekeré, da Nigéria. Era chamada “Menininha” porque na sua juventude era uma garota franzina e o apelido pegou de uma tal maneira que poucos sabem seu verdadeiro nome: Maria Escolástica da Conceição Nazareth.

Adeptos famosos ao longo de 64 anos no Terreiro – Durante os 64 anos que esteve à frente do Terreiro, Mãe Menininha ganhou muitos adeptos e atraiu pessoas ilustres e artistas famosos para o convívio da comunidade. Entre eles Dorival Caymmi, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Jorge Amado e sua mulher Zélia Gattai, Pierre Verger, Carybé, Maria Bethânia, Gal Costa e Caetano Veloso. Mãe Menininha conquistou respeito com sua força e gentileza. Trabalhou junto às autoridades para que o candomblé fosse reconhecido como religião e liberado para culto normal, sem restrições.

O terreiro aberto da todos – Abriu as portas de seu terreiro para todos os que quisessem fazer parte da comunidade, fossem brancos ou negros, mesmo adeptos de outras religiões, como a católica e a evangélica.

O sincretismo religioso de Mãe Menininha

Ela mesma freqüentava a igreja católica e nunca faltava às missas. Como católica, fez contatos com autoridades eclesiásticas para que as mulheres pudessem freqüentar as igrejas vestidas com as roupas do candomblé. Casou-se em 1923 com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, com o qual teve duas filhas, Cleusa e Carmem. Morreu aos 92 anos, em 1986, e deixou sua filha Cleusa responsável pelo Terreiro do Gantois. Cleusa faleceu em 1995 e a sucessão coube à sua irmã mais nova, Mãe Carmem de Oxalá.

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