O despertar nacional italiano
Outro que andou pela Itália, mas não propriamente para um tour cultural, foi Napoleão Bonaparte, que ocupou Roma em 1796. Com sua queda, a Itália foi formalmente dividida pelo Tratado de Viena de 1815: os Habsburgos austríacos ficaram com o Vêneto e a Lombardia e os Bourbons franceses com a Sicília, Nápoles e parte do sul, enquanto a região central – os chamados Estados Pontifícios – se manteve sob o domínio da Igreja.
Mapa da Itália
O que sobrou do país ?
Nas mãos dos italianos mesmo ficaram só o Piemonte, a Ligúria e a Sardenha, controlados pela Casa de Savoia.
A ideia de um Estado italiano unificado nunca havia sido abandonada e a insatisfação, acentuada pela miséria e pela fome, foi se tornando crescente sobretudo partir de 1820, com insurreições ocorrendo em vários pontos da península.
Giuseppe Garibaldi
Algumas décadas depois, entraria em cena Giuseppe Garibaldi, que já lutara no Brasil na Guerra dos Farrapos (daí o título de “Herói dos Dois Mundos”) e se casara com a brasileira Anita. Sua atuação iria acelerar positivamente os acontecimentos. e ajudar a arregimentar o povo italiano na sua luta por uma pátria unificada. Garibaldi também passou por momentos difíceis, já que tinha poderosos inimigos, com seus próprios interesses, contrários à unificação. Perseguido, conseguiu se asilar na independente República de San Marino, incrustrada na região italiana da Emilia-Romagna, a salvo, portanto de seus perseguidores, mas pronto para prosseguir a luta no momento favorável.
A efêmera república de Roma
Em 1848, ele e Mazzini, outro líder revolucionário do Risorgimento, chegaram a ocupar Roma e a criar uma efêmera república, que durou até o ano seguinte. Garibaldi, entretanto, não desistiria tão facilmente e, em 1860, com a Marcha dos Mil, acabou por vencer os Bourbons em Nápoles e na Sicília.
A Casa real de Savoia
Um pouco antes disso, no norte do país, a Casa real de Savoia tinha conseguido expulsar os austríacos de Milão. Ora, Milão é nada mais, nada menos do que a principal metrópole do norte da Itália em riqueza, população e produção industrial.
A unificação italiana
A proclamação da unificação italiana ocorreu somente em 1861, na cidade de Milão, quando Vittorio Emanuele II anexou o sul da Itália, a Toscana (Florença), a Emilia Romagna e parte dos Estados Pontifícios. Faltavam ainda Veneza (anexada em 1866), Roma (em 1870), Trento e Trieste (em 1918). O Estado italiano é mais novo que o brasileiro!
Língua italiana? Qual delas?
Quando se obteve a reunificação da Itália, surgiu um problema: qual língua seria a oficial do país? Em cada região se falava um idioma diferente. Um napolitano não entendia o veneziano, um milanês não compreendia o que os sicilianos falavam. Todo mundo pode imaginar a polêmica, em se tratando de italianos, muito mais apegados à sua região do que a península itálica, que sempre foi dividida e falando dialetos diferentes. Sem falar que cada um tinha sua própria concepção de como uma palavra deveria ser escrita… Finalmente, equipes de filólogos e gramáticos reunidos se decidiram pelo óbvio. A única região que possuía uma verdadeira língua escrita com uma gramática e obras publicadas (O “Inferno de Dante” é um bom exemplo), é a Toscana, ou mais exatamente Florença, sua capital. Além disso os fiorentinos possuiam casas bancárias que já redigiam contratos de empréstimo de dinheiro e possuiam uma redação estabelecida. Assim, a língua oficial italiana ficou sendo o fiorentino…