O papas no passado
Quem se acostumou à pregação pacifista de João Paulo II geralmente não tem ideia do que foram os sumos pontífices no passado. Apesar de São Pedro ser considerado o primeiro papa, na verdade essa denominação não existia; ele teria sido o primeiro chefe da igreja católica, bispo de Roma. Séculos se passariam antes que o papa garantisse sua autoridade sobre a Igreja e que esta instituição se consolidasse, tornando-se cada vez mais poderosa.
O Cristianismo
O cristianismo — e a Igreja — só deslancharam quando o imperador Constantino concedeu liberdade de culto à nova religião, mais de 300 anos depois do nascimento de Cristo.
Ao longo da história houve papas e papas.
Leão I (Leão Magno)
Alguns foram hábeis diplomatas e tiveram papel importante na história, como Leão I (Leão Magno), que salvou Roma de ser saqueada pelos hunos em 451 e posteriormente em 455 pelos vândalos. Leão Magno conseguiu também consolidar a Igreja e impor uma disciplina interna.
Os Borgias
Outros, entretanto, foram corruptos e devassos, como Alexandre IV, da família Bórgia, que assumiu a Igreja no final do século XV. Além de ter uma relação suspeita com a própria filha (sim, ele teve vários filhos com mulheres diferentes!), Alexandre era famoso por envenenar seus desafetos e por outras atitudes que escandalizaram o mundo de sua época, como ameaçar excomungar sua amante Giulia Farnese se esta se deitasse com o próprio marido!
Sisto I
Outro papa de triste memória foi Sisto IV (1471/1484), que autorizou a Inquisição espanhola, a mais cruel de todas.
Leão X
O nepotismo, a corrupção e os meios esquisitos de levantar fundos, como a venda das indulgências por Leão X (quem pagava uma soma à Igreja era absolvido de seus pecados e garantia seu lugarzinho no céu), provocaram divisões entre os cristãos e propiciaram o aparecimento de reformadores como Lutero.
O poder dos papas não era apenas religioso, mas também temporal
É preciso entender que na época os papas não tinham, como hoje, apenas um poder religioso e uma autoridade moral, mas principalmente um poder temporal. Roma e boa parte do centro-sul da Itália eram Estados Pontifícios, territórios governados pela Igreja, que tinha até exércitos.
Leão XII
Mais recentemente, a Igreja teve grandes papas, como Leão XIII que, em 1891, preocupado com a situação miserável do trabalhador na Europa de sua época (quando até crianças eram obrigadas a trabalhar até 14 horas por dia), editou a Rerum Novarum, um documento revolucionário para sua época. Apesar do seu conteúdo progressista, a encíclica esbarrou na estrutura conservadora da própria Igreja, o que prejudicou sua efetiva aplicação. Quem se interessa pelo tema pode assistir ao filme Daens, um grito de justiça, a respeito de um padre belga que resolveu tomar a encíclica ao pé da letra.
João XXIII e João Paulo II
Esse foi outro papa com preocupações sociais, bem como Paulo VI. O papa João Paulo II, apesar do seu perfil conservador no que diz respeito à moral sexual e à contracepção, destacou-se pela postura claramente favorável à liberdade dos povos, à tolerância religiosa e à paz mundial, desde a década de 1980, quando se opôs ao domínio soviético na Europa do Leste, particularmente na Polônia, sua terra natal. Merece registro sua posição firme e crítica à guerra petroleira de Bush contra o Iraque: “Aqueles para quem se esgotaram as alternativas pacíficas oferecidas pelas leis internacionais assumem uma grande responsabilidade diante de Deus, de sua consciência e da história”. (O problema é que suas palavras não chegaram aos ouvidos da maior parte dos norte-americanos, que além de não serem católicos, tinham suas TVs ligadas em canais “patrioteiros”).
Bento XVI
Este papa a conservador já cansado com os intermináveis escândalos de pedofilia na Igreja Católica, renunciou. Seu sucessor é o argentino Francisco Begoglio, contra o qual já existem acusações de ter sido colaborador da ditadura argentina. Na realidade, tanto na Argentina, como no Chile a maior parte da Igreja Católica, ultra-conservadora apoiou os regimes militares e fechou os olhos aos abusos cometidos contra os direitos humanos. Apenas no Brasil parte da Igreja apoiou a luta contra a ditadura.
Os papas são hoje os chefes de estado do Vaticano, uma cidade independente dentro de Roma.
Francesco
O papa Francesco, um argentino, que sucedeu a Bento XVI é um dos mais avançados e liberais líderes religiosos do mundo e tem merecido o respeito mesmo de ateus e agnósticos.
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