O Forte Vermelho

Turismo na Índia: o Forte Vermelho (Red Fort), a gigantesca fortaleza mongol de pedra vermelha, em Old Delhi, impressiona por sua arquitetura requintada.
Entrada principal, Red Fort, Delhi

O Red Fort em Delhi e a Revolta dos Sipaios

Mapa de Old Delhi, Red Fort

Trecho do livro “A Vaca na Estrada”

Um dos lugares de que mais gosto na Velha Delhi é o Red Fort, a colossal fortaleza de pedras vermelhas construída pelo Grão-Mogol Shah Jahan entre 1636 e 1648, utilizada pelos ingleses durante a colonização. Protegido por uma muralha de altura variável entre 16m e 33m e com 2,5 km de comprimento, o forte atrai milhões de visitantes todos os anos. No seu interior existem diversos edifícios administrativos, pavilhões e mesquitas construídos em mármore.
No primeiro dos conjuntos funciona uma espécie de galeria com lojas de roupas, prataria e artesanato. Frequentemente, os preços ali são melhores do que os praticados na Jan Path Road. Atravessando a galeria, você sai em um enorme jardim com espelhos d’água desviada do rio Yamuna, onde se erguem pavilhões de mármore ricamente esculpidos.

Vídeo sobre Old Delhi e o Red Fort

Red Fort, um dos símbolos da Índia

Como o Red Fort é um dos símbolos da Índia e o local onde o primeiro-ministro discursa anualmente na data nacional, foi escolhido pelos terroristas do grupo islâmico separatista Lashkar-e-Taiba como alvo de um atentado no ano 2000, no qual duas pessoas morreram.

A Revolta dos Sipaios

Foi no Red Fort que os ingleses se refugiaram quando os sipaios, tropas nativas, revoltaram-se contra seus oficiais em 1857. Em vários pontos da colônia, não apenas a oficialidade britânica que comandava os sipaios foi massacrada, mas também suas mulheres e crianças. Foram os príncipes indianos que, com seus soldados, colaboraram decididamente para salvar o Império Britânico das Índias. Nunca passou pela cabeça desses homens que estavam perdendo a grande oportunidade de libertar o subcontinente do domínio inglês. Por que não o fizeram?

Os príncipes fiéis à coroa britânica não queriam uma Índia independente e democrática Morriam de medo do povão e desejavam apenas manter o status quo e seus privilégios. Além disso, não havia na época um “sentimento nacional” indiano. Cada reino era um pequeno país, com sua própria identidade cultural. A revolta dos soldados não foi, portanto, resultado de qualquer sentimento nativista, mas se deu por outros motivos, entre eles o uso de graxa animal bovina e suína na lubrificação de cartuchos. Dupla afronta, já que a vaca é sagrada para os hindus e o porco, impuro para os muçulmanos.

Durante cento e quarenta anos a Índia foi governada por uma empresa privada

O curioso na história da colonização inglesa na Índia é que durante 140 anos, as relações, as guerras de conquista, a manutenção das tropas e o comércio com as Índias estiveram sempre a cargo de uma empresa privada, a East India Trading Company. Somente durante o período vitoriano, após a revolta dos sipaios, é que o governo assumiu diretamente a administração de sua mais importante colônia. Acabavam-se, assim, os governadores-gerais nomeados pela companhia. Em seu lugar surgia a figura do vice-rei, escolhido pela coroa britânica.

As massas aceitaram, com maior ou menor resignação, o domínio britânico

A revolta dos sipaios foi um acontecimento de rara e incomum gravidade. De modo geral, os ingleses não tiveram nenhuma dificuldade de recrutamento e puderam contar com a lealdade das tropas nativas, uma vez que servir ao exército colonial era uma honraria desejada pela maioria dos indianos. À exceção de casos isolados, a maioria dos soldados nativos, os sikhs sobretudo, foram utilizados para garantir a manutenção da ordem pública: enquanto os ingleses dispunham de apenas 60 mil soldados brancos e 2 mil oficiais, o número de soldados nativos chegava a 200 mil. Essa foi talvez outra demonstração da habilidade inglesa na manutenção de seu império: o uso de soldados indianos contra os indianos. Afinal, um sikh não tinha muitos problemas de consciência em abrir fogo contra um muçulmano, nem um muçulmano se sentiria culpado em atirar em um hindu; há séculos essas comunidades se matavam mutuamente.

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