O homem que vendeu a Tour Eiffel

A curiosa história de um mega trapaceiro que vendeu duas vezes a Tour Eiffel e nunca foi apanhado pela polícia.
Panorâmica, Tour Eiffel, Paris
Panorâmica, Tour Eiffel, Paris

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O homem que vendeu a Tour Eiffel: o “Conde Lustig”

Em 1925, um espertíssimo vigarista, não um qualquer, mas um malandro de alto padrão, aplicou um golpe genial: o tcheco Victor Lustig – ou “Conde Lustig”, como ele gostava de se apresentar, vendeu a Tour Eiffel, com a ajuda de seu comparsa norte-americano Dan Collins.

É obvio que ele não parou um turista na rua e perguntou: “Quer comprar a Tour Eiffel?”. Ninguém cairia nessa. Por acaso, ele vira uma matéria num jornal parisiense, que falava que a torre Eiffel teria que passar por custosos reparos ou transformada em sucata. Isso lhe deu a idéia de vender não a torre, mas as toneladas de ferro utilizadas em sua construção. Afinal, ela fora erguida para a exposição de 1899, como uma obra temporária que foi ficando e acabou se tornando um símbolo da França e de Paris.

Um golpe bem planejado

Um golpe foi montado nos mínimos detalhes Lustig e seu comparsa instalaram-se no elegante Hôtel Crillon, de onde enviaram uma carta de convocação em papel timbrado (falso, é claro), do Ministério de Correios e Telégrafos às principais firmas de recuperação de metais, com as quais marcaram uma reunião.

Reunido com sua vítimas em potencial, Lustig anunciou, para estupefação geral: “ Senhores, a Tour Eiffel será desmontada !”. Explicou que se tratava de uma operação super sigilosa, que nem mesmo ministros sabiam e que o governo temia a repercussão entre os parisienses caso o affair fosse levado a público precocemente. Por isso mesmo, para evitar que o assunto transpirasse, não poderia ser tratado no prédio do ministério.

Muita cara de pau…

Depois lembrou o valor de mercado das 10.000 toneladas de ferro representadas pela estrutura da Torre Eiffel e pediu que cada um colocasse sua oferta em um envelope. Terminada a reunião, o estelionatário colocou seus convidados numa limusine com motorista e os levou para visitar a Torre Eiffel…

Um detalhe para reforçar a autencidade do negócio

 Dias mais tarde, a vítima ganhadora da concorrência, cujo sugestivo nome era André Poisson (André “Peixe”), apresentou-se no Hôtel Crillon com um cheque visado. Mas a audácia de Victor Lustig não parou por aí; ele deu a entender que uma propina para o Prefeito de Paris seria bem-vinda… Esse ato de corrupção deu mais autenticidade ao negócio e Monsieur Poisson pagou sem discutir. Com o dinheiro em mãos, Lustig e Collins tomaram um trem para Viena. É preciso lembrar que a Interpol acabara de ser criada e não havia as facilidades de comunicação propiciadas pela tecnologia atual: era relativamente fácil ir para outro país e desaparecer do mapa.

Em Viena

Escondidos em Viena, discretos Durante um tempo, Victor Lustig e Dan Collins viveram uma vida de luxo em Viena enquanto acompanhavam o noticiário de jornais franceses para ver se aparecia alguma menção à venda da Torre Eiffel no noticiário. Sabe-se que André Poisson ficou tão envergonhado em ter caído num conto desses que nunca chegou a dar parte a polícia.

A Torre Eiffel é vendida uma segunda vez

Victor Lustig vendeu a torre pela segunda vez Assim sendo, depois de alguns meses Victor Lustig reapareceu na França, onde vendeu novamente a Tour Eiffel (que vício!). Desta vez, porém, a vítima desconfiou e a dupla de estelionatários teve que fugir apressadamente para os Estados Unidos.

O impressionante é que os autores do golpe, estrangeiros, conseguiram vender a Torre Eiffel a franceses! A façanha deu origem a um livro de James F. Johnson e Floyd Miller e a um curta metragem.

Um vigarista poliglota e culto

Sabe-se que Victor Lustig, que falava perfeitamente 5 línguas, tinha nada menos do que 24 identidades diferentes. Ele é também autor de outro golpe: andou vendendo na Flórida uma máquina que supostamente reproduzia dinheiro (você colocava uma nota dentro e obtinha outra igualzinha !). Mas, enfim, essa é uma outra história, que fica para outra vez.

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