Os cronistas da conquista do Peru
Garcilaso de la Vega: “o Inca”
Garcilaso de la Vega merece um destaque especial entre os cronistas da conquista do Peru. Autor de alguns dos mais importantes relatos sobre a civilização incaica, Garcilaso nasceu em Cusco em abril de 1539. Seu pai foi o capitão espanhol Sebastiãn Garcilaso de la Vega y Vargas e sua mãe, a princesa inca Chimpu Ocllo, sobrinha de Huayna Cápac. Nomeado corregedor de justiça de Cusco em 1554, Sebastián abandonou sua concubina inca e casou-se com uma espanhola. O menino, nascido da união de dois povos, foi batizado com o nome de Gómez Suarez de Figueroa, mas assumiu posteriormente o sobrenome de seu pai, um parente do renomado poeta espanhol.
A alcunha “O Inca”
Ele é conhecido até hoje pela alcunha de “O Inca”, o que, ironicamente, não corresponde à realidade: a nobreza de sangue inca transmitia-se apenas pela linha paterna. Sua infância foi passada, na maior parte, em companhia de sua mãe e de parentes maternos com quem Garcilaso, educado em língua quéchua, teria aprendido os costumes, história e tradições do povo inca. Dividido entre duas civilizações, ele conviveu também com a cultura ibérica, já que seu pai recebia cortesães espanhóis em seu palacete em Cusco.
Garcilaso, o primeiro escritor mestiço peruano
Primeiro escritor mestiço peruano, Garcilaso foi testemunha privilegiada do início da colonização espanhola e perpetuou no papel tradições orais sobre a história e os costumes do povo de sua mãe. Porém, aos vinte anos, depois de ter perdido o pai, mudou-se para a Espanha, onde estudou e frequentou a corte, tornando-se um intelectual respeitado. Mais velho, dedicou-se a escrever. Nunca mais regressou à terra natal, o que, segundo alguns, limitaria a confiabilidade de seus relatos. Sabe-se porém que Garcilaso se manteve em contato com pessoas que permaneceram em Cusco, cujas informações teriam sido utilizadas em seus livros La Florida del Inca (1605), Comentarios Reales de los Incas (1609) e Historia General del Peru (edição póstuma, 1617).
Um admirador da civilização inca
Apesar de ser cuidadoso, referindo-se constantemente em seus escritos à “Santa Igreja de Roma” (o que era prudente em tempos de Inquisição…), Garcilaso não esconde sua admiração pela civilização incaica, cujas qualidades enaltece expressamente; sugere correlações entre divindades incaicas e a trindade católica; e, ainda por cima, lamenta o drama que foi, para os incas, a conquista espanhola. Por tudo isso, seus livros foram proibidos em 1782, quando, com o despertar do sentimento nativista no Peru colonial, passaram a servir de inspiração aos rebeldes. Ainda hoje Garcilaso é motivo de orgulho para os peruanos. É praticamente impossível saber quão precisos são seus relatos, mas suas obras, de leitura interessantíssima, são referências obrigatórias de historiadores da fase que antecedeu a conquista espanhola.
Pedro de Cieza de León, o “Príncipe dos cronistas das Índias”
Pedro de Cieza de León, um dos raros cronistas que escreveram sobre o período da conquista do Peru, nasceu em Ljerena, na província espanhola de Badajoz, por volta de 1518.
O diferencial de suas narrativas é que ele participou dos acontecimentos, por ter permanecido na América (na época, las Indias) de 1535 a 1550. Foi ainda muito jovem para Santo Domingo, no Caribe, e depois para o Panamá. Pouco depois, engajou-se na primeira expedição que percorreu os Andes, voltando de barco para o Panamá. É possível que Cieza de León tenha entrado no Peru com a expedição de Pedro Alvarado, logo após a ocupação de Cusco por Pizarro, quando a conquista ainda estava acontecendo. Mais tarde, no Panamá, encontrou-se com espanhóis que tinham acompanhado Pizarro em suas primeiras e mal-sucedidas expedições.
O estilo “jornalístico” de Pedro Cieza de León
Por meio deles, conheceu os pormenores dessas aventuras: os maus bocados enfrentados pelos soldados, seu sofrimento com a fome e as doenças, os contatos iniciais com os índios, a cobiça despertada pelo ouro… Apesar do estilo “jornalístico”, os livros de Cieza de León são quase romances de ação e aventura. Ele conta o que viu e ouviu de testemunhas, demonstrando preocupação com a veracidade dos fatos. Mesmo sendo um “pizarrista”, mantém-se quase neutro: não acusa Almagro e não poupa críticas aos irmãos de Pizarro.
Um crítico das barbaridades praticas pelos espanhóis no Peru
Católico e fatalista, menciona com frequência a justiça divina, insinuando que os fins trágicos de Almagro e de Pizarro decorreram de seus desvios morais. Ao mesmo tempo em que viu a introdução do cristianismo entre os nativos como uma benção, Cieza de León reconheceu que os valores cristãos dos espanhóis que desembarcaram no Peru não eram aplicados na prática e narrou as barbaridades cometidas durante a conquista.
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