A Guerra dos Canudos
Depois da Abolição da escravatura no Brasil, as plantações passaram a ser menos lucrativas. Muitas foram abandonadas por seus proprietários, assim como ocorreu com fazendas de gado, assoladas pela seca. No ano seguinte, proclamou-se a República. Não havia, porém, qualquer política para combater a seca e a pobreza. Os povos do sertão estavam ao Deus-dará. Levas de desempregados formadas por vaqueiros, jagunços, flagelados da seca e ex-escravos que, após a libertação, não tinham para onde ir, vagavam pelo agreste. Muitos formaram bandos armados que atacavam propriedades e roubavam para saciar a fome.
Localização de Canudos
Antonio Conselheiro
Em 1874, Antonio Vicente Mendes Maciel, mais tarde conhecido como “Antonio Conselheiro”, em sua peregrinação com o intuito de pregar o evangelho, havia chegado à Bahia. Por onde passava, arregimentava seguidores dentre os muitos desesperançosos que povoavam o sertão. Seu séquito, que aumentava a cada dia, não era bem visto pelo clero, que não queria concorrentes manipulando seu rebanho, nem pelos fazendeiros, que classificavam o líder de “embusteiro insano” e encaravam-no como uma ameaça.
Antonio Conselheiro usava longos cabelos e barbas, vestia-se humildemente com uma túnica de algodão, carregava um cajado, como os profetas bíblicos, e era chamado pelos seus seguidores de “homem santo”.
O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão
Com freqüência Antonio Conselheiro fazia discursos sobre o fim do mundo. A ele é atribuída a profecia: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”.
Em 1893, seu grupo, já bastante numeroso, resolveu fixar-se numa fazenda abandonada, lugar tido como sagrado, às margens do Rio Vaza-Barris, em uma região conhecida como Canudos, por ser rica em bambus. Ali fundaram uma comunidade denominada Belo Monte, onde todos trabalhavam e se alimentavam das colheitas.
Mas não ficaram em paz. Os “fanáticos de Conselheiro”, considerados “perigosos monarquistas” por serem contrários à cobrança de impostos, teriam que ser eliminados.
A primeira investida contra Canudos
A primeira investida contra Canudos, feita em outubro de 1896 por uma brigada de cem soldados enviada pelo governo da Bahia, não teve êxito. A segunda, em janeiro de 1897, comandada pelo Major Febrônio de Brito, foi rechaçada pelos seguidores de Conselheiro com a ajuda de jagunços armados. Enquanto isso, o Arraial de Canudos crescia, já que muitos sertanejos, ao saberem dos ataques, foram lutar ao lado do profeta. Quando o Governo da República, mal informado, acreditando estar lidando com um foco monarquista, enviou tropas contra Canudos e estas foram derrotadas, as autoridades entraram em pânico. Não se tratava mais de um caso de polícia, mas de uma verdadeira guerra, que viria a ficar conhecida como Guerra dos Canudos.
A última investida: 4.000 soldados
A quarta e decisiva investida se deu com uma tropa de 4.000 soldados fortemente equipada e provida de artilharia, sob o comando do General Arthur de Andrade Guimarães. Até o Ministro da Guerra em pessoa resolveu instalar-se em Monte Santo, cidade próxima ao arraial, para acompanhar de perto as operações militares. Os “fanáticos” lutaram até o último homem. Antonio Conselheiro foi morto e decapitado. Tudo o que estava no arraial após os combates foi devastado. Não sobrou nada, nem ninguém.
Euclides da Cunha
Os momentos finais desta guerra foram presenciados por Euclides da Cunha, como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, e narrados em seu livro Os Sertões, lançado em 1902. Serviram também de inspiração para o livro A Guerra do Fim do Mundo, do romancista peruano Mario Vargas Llosa. Os relatos sobre o conflito foram tema de minissérie da TV Globo e do filme Canudos (1997), dirigido por Sérgio Rezende.
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