Museu vivo
As ilhas que você visitará no lago Titicaca, com casinhas de totora, são hoje uma espécie de museu vivo, com os “Uros” vestindo roupas coloridas “tradicionais” especialmente para serem fotografados. As casas são todas de totora, paredes, teto e “piso”. Também são construídos com totoras os barcos, alguns dos quais, maiores, levam turistas para passear pelo lago. É de fato um museu vivo que permite aos visitantes entenderem como vivem ou viviam esses povos em tempos passados. Aliás, hoje as ilhas não são mais habitadas pelos índios uros, mas pelos aymarás com os quais acabaram se fundindo e assumindo a língua e costumes. É claro que essas ilhas atraem turistas, que querem ver coisas diferentes.
Vídeo sobre as ilhas flutuantes dos uros, no lago Titicaca
Como é a realidade?
Note que nas ilhas mais afastadas, onde boa parte desse povo realmente mora, as casas são cobertas de zinco e não de totora. Alguns viajantes reclamam de se sentir em um cenário. Escutamos turistas que deixava escapar comentários do tipo: “À noite eles devem ir para suas casas em Puno e ligar a TV enquanto esquentam a comida no micro-ondas…” Bem, não chega a esse ponto. Mas é bom saber que autenticidade no turismo hoje em dia é coisa rara em todo o planeta. Não há dúvida de que, assim como as baianas que vendem acarajé nas ruas do centro histórico de Salvador, as índias e cholas se vestem com roupas “tradicionais” que não usariam normalmente no dia-a-dia, porque assim atraem turistas para comprar seus produtos. Da mesma forma, elas vestem seus filhos com primor e os deixam ali, junto com filhotes de alpaca fofíssimos, adornados com fitas de cores vivas.
O marketing índio
O marketing indígena desenvolveu-se muito nos últimos anos! Você mal chegou, está pensando em pedir licença para tirar uma foto, e as crianças, às vezes bem novinhas, sempre vestidas a caráter, já estendem a mão: “Soles….”. (Antes pediam un sol mas, com a inflação, passaram a pedi-los no plural.). Também é bem possível que os índios “uros”, em sua maior parte residam hoje em Puno, em frente ao lago, em casas de alvenaria e possuam sua televisão, mesas, cadeiras e outros móveis que não existem nas ilhas, onde todo mundo se senta mesmo é no chão.
Muitos uros vivem hoje em Puno
As ilhas flutuantes não são uma Disney, mas boa parte de sua população já se transferiu para o conforto do continente. Afinal, devido à altitude, faz frio na região o ano todo a umidade é alta, o conforto é pouco e até as comodidades sanitárias são as mais precárias. Não há como instalar banheiros de verdade, por exemplo. Curiosamente em algumas construções de totora existem painéis de energia solar! Essa realidade não torna a visita menos interessante, o conjunto, formado por diversas ilhas impressiona.
Uma experiência em Silustani
Certa vez, em Silustani, perto de Puno, na rampa a caminho das ruínas, havia uma banda de jovens músicos devidamente vestidos de “índios”, à espera de turistas. Quando nos viram ao virarmos uma curva da estradinha, antes que começassem a tocar, apressamo-nos em avisar que éramos brasileiros e estávamos ali a trabalho; era melhor, portanto, esperarem um pouco, pois uma tropa de turistas norte-americanos (Gringos ricos de verdad!) acabava de desembarcar de um ônibus de excursão e vinha subindo a encosta. O rapaz entendeu e sorriu cúmplice: “Gracias!”.
Duas realidades
O problema é que de um lado está o viajante que se encanta com o “pitoresco”; de outro, há uma população que mal possui o mínimo para sobreviver, para a qual aqueles poucos soles a mais são preciosos. O fato é que todos os que vendem seus artesanatos nas feiras frequentadas por turistas vestem-se rigorosamente com suas roupas e chapéus “indios”. É como um uniforme de trabalho. Esse trabalho é realizado principalmente pelas mulheres, algumas com seus filhos presos em panos coloridos, como um pequena rede, presos às costas. O povo moderno de Puno não o faz, mas os camponeses ainda utilizam seus hábitos tradicionais. De qualquer modo conservar, mesmo que dentro de uma redoma, costumes ancestrais é importante.
Informações práticas
Como ir
Avião Não há voos diretos do Brasil para Cusco. Você terá que pegar uma concexão em Lima. Há voos de Lima (1h15); para Arequipa (45min); e de Juliaca (0h45), ou Cusco (050h).
Compare preços de passagens aéreas e faça sua reserva
Trem
Há trens a partir de Puno, três vezes por semana. A classe econômica (Backpacker) foi suprimida (queremos registrar: achamos um desaforo!). Os trens de Puno para Cusco são agora reservados apenas ao turismo de luxo. As passagens são caras, mas incluem refeições e bebidas. Procure sentar-se do lado direito, se possível na janela. Horários e preços sofrem frequentes alterações: confirme-os no sitewww.perurail.com.
Ônibus
Há ônibus a partir de Lima (uma viagem bastante cansativa: 1.643 km; 18 a 20h); de Arequipa (520 km, 10h); e de Puno (390 km, 8 a 9h).
Onde se hospedar
A Plaza de Armas e arredores é, sem dúvida a região mais agradável e prática para você se hospedar em Cusco. O bairro de San Blás, no alto de uma ladeira, é descontraído e agradável, mas a subir várias quadras de ladeira íngrime para chegar lá, incomoda.
Escolha e reserve seu hotel em Cusco
O Peru em imagens Fotos dos lugares de especial interesse turístico.