O essencial
Sir John Soane’s Museum • Lincoln’s Inn • Royal Courts of Justice • Temple
Compreendido entre a City a leste, Covent Garden a oeste e o Tâmisa ao sul, esse é um dos bairros londrinos mais tradicionais, de rica história. Basta dizer que na região de Aldwych, via de traçado curvo que começa e termina na Strand, os anglo-saxões montaram uma colônia na metade do primeiro milênio que posteriormente teria importante papel na formação de Lunden, a Londres que conhecemos hoje.
Há controvérsias a respeito da origem do termo Holborn, mas tudo indica que derive do nome de um antigo córrego da região chamado “Old Bourne”. Próximo ao pólo financeiro da cidade e não muito distante da corte e do parlamento, Holborn acabou atraindo duas das atividades que mais prosperam onde o comércio e a política são intensos: a advocacia e o jornalismo. No século XV começaram a se instalar no bairro complexos educacionais especializados na preparação de advogados, os chamados Inns of Court, que funcionam até hoje e rendem a Holborn o apelido de “Legal London”. A partir de 1500, gráficas foram abertas, visando atender principalmente às necessidades da comunidade jurídica e dos frequentadores da St. Paul’s Cathedral. No século XVIII, diversos periódicos já funcionavam na Fleet Street, que acabou se tornando sinônimo de “imprensa” na Inglaterra.
O Grande Incêndio de 1666 destruiu boa parte dos edifícios da região central de Londres e os poucos que restaram brava e milagrosamente, como o Staple Inn e a Temple Church, encontram-se em Holborn. Alguns destes ainda acabaram sendo atingidos pela aviação nazista durante a Segunda Guerra, mas a maioria foi reconstruída conforme seus projetos originais.
Outra atividade que prosperou em Holborn nos séculos XVII e XVIII foi a exploração das molly houses, estabelecimentos frequentados por homossexuais em busca de parceiros. Como o homossexualismo era crime punido com a forca, toda discrição era pouca. Uma das casas mais famosas ficava onde hoje passa a Shoe Lane, próximo ao Holborn Viaduct, mantida por Margareth Clap, também conhecida como Mother Clap, que foi presa e torturada na década de 1720.
Apesar de não gozar de um apelo turístico tão forte se comparado a outros bairros londrinos, Holborn é parada obrigatória em um roteiro histórico e possui algumas opções de hospedagem a preços um pouco mais em conta. Sua ótima localização compensa o fato de não ter vida noturna das mais agitadas: Soho e Covent Garden estão logo ali ao lado.
Atrações
Gray’s Inn Assim batizado porque o edifício a partir do qual todo complexo atual foi formado pertencia à família Grey, o Gray’s Inn, cujos primeiros registros oficiais datam de 1569, merece uma visita pela beleza de seus jardins, os Gray’s Inn Fields, e por sua história. Foi em seu Hall que Shakespeare encenou pela primeira vez A Comédia dos Erros, no final do século XVI. Francis Bacon, cuja estátua decora a South Square, foi o mais ilustre dos estudantes de Direito que frequentaram a instituição onde Charles Dickens trabalhou no começo do século XIX. Os danos causados pelos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial foram muitos, mas uma ampla reforma não apenas restaurou os edifícios originais como os expandiu. <end./> 8 South Sq WC1R 5ET <comp./> www.graysinn.org.uk
Sir John Soane’s Museum Embora um tanto obscuro, este museu é tão interessante e cativante quanto algumas das mais conhecidas atrações da cidade. John Soane nasceu em 1753, filho de um pedreiro, e acabou se tornando um dos arquitetos mais influentes de sua época, tendo sido responsável pelo projeto de grandes obras, dentre elas o prédio original do Bank of England, bastante modificado mais tarde. Criativo, como todo bom arquiteto, Soane reconstruiu os três edifícios contíguos da Lincoln’s Inn Fields (números 12, 13 e 14) a fim de que se comunicassem internamente e abrigassem sua vasta coleção de antiguidades, esculturas, pinturas, objetos de decoração, móveis e vitrais. No edifício principal, de nº 13, residia o arquiteto. Tudo foi preservado tal como se encontrava à época de sua morte, em 1837.
O conjunto formado pelos três edifícios, bastante espaçoso, inclui uma cripta no porão e uma biblioteca, mas torna-se pequeno diante da quantidade absurda de peças expostas. Soane lidou muito bem com essa limitação, dando uma verdadeira aula de arquitetura de interiores ao usar vários recursos para aproveitar ao máximo os espaços. Os itens mais procurados pelos visitantes são o sarcófago do faraó Seti I, recusado pelo British Museum (onde sarcófago egípcio é o que não falta!) e as telas do brilhante pintor e crítico da sociedade londrina William Hogarth, tataravô da história em quadrinhos em pleno século XVIII. Em cada canto do museu você encontrará muitas peças que lhe despertarão o interesse. <end./> 13 Lincoln’s Inn Fields WC2A 3BP U Holborn<comp./> www.soane.org
Lincoln’s Inn Há provas de sua existência desde 1422 e fortes indícios de que tenha começado a funcionar no início do século XIV. É o mais antigo de todos os Inns e seguramente o mais interessante. Outro diferencial é o fato de ter escapado quase ileso dos bombardeios, conservando muitos de seus imóveis na área de 45.000m2 da propriedade. Dentre seus ex-alunos estão Thomas More, Margaret Thatcher e Tony Blair. No começo do século XVII a capela da instituição tornou-se muito pequena e uma nova foi encomendada ao badalado arquiteto Inigo Jones, que se inspirou no estilo gótico para projetá-la. Durante os séculos XVIII e XIX muitas mães solteiras deixavam na capela seus filhos recém-nascidos, que eram criados na instituição e geralmente recebiam o sobrenome Lincoln. Nela há um pequeno memorial ao poeta londrino John Donne, que também foi aluno do Lincoln’s Inn e colocou a pedra fundamental da capela. O edifício chamado Old Hall, ao lado da capela, sob o qual se encontra a cripta, foi construído no século XV. Originalmente era residência dos estudantes, passando depois a ser palco dos principais eventos e reuniões da instituição. Figurou na obra Bleak House, de autoria de Charles Dickens, cujo pano de fundo era uma longa disputa judicial.
Gate House Em tijolos, próxima aos portões na Chancery Lane, é do começo do século XVI. Reza a lenda que Ben Johnson, famoso poeta contemporâneo de Shakespeare, teria trabalhado como pedreiro em Lincoln’s Inn e assentado tijolos da Gate House e do muro na Chancery Lane. No começo do século XIX o Old Hall já não bastava para abrigar todos os eventos da comunidade jurídica de Lincoln’s Inn, tornando necessária a construção do Great Hall, inaugurado pela rainha Victoria em 1845 e hoje utilizado, entre outras coisas, para concertos e recitais de corais, graças à sua acústica privilegiada. Ao lado do Great Hall está a biblioteca, construída na mesma época e expandida em 1872, cujo acervo inclui exemplares de mais de 500 anos. O interior da maioria dos edifícios só pode ser visitado mediante autorização, mas passear pelos jardins e gramados do Lincoln’s Inn, apreciar a arquitetura das construções e rir (discretamente, de preferência) das perucas e capas que os advogados exibem já é um ótimo programa. <comp./> www.lincolnsinn.org.uk
Lincoln’s Inn Fields O que foi um descampado usado para execuções de traidores e criminosos tornou-se uma agradável praça, cercada por edifícios no século XVII, alguns dos quais ainda estão de pé e bem preservados. Não faz parte do Lincoln’s Inn, tendo herdado o nome apenas pela proximidade. Advogados e funcionários de empresas das redondezas utilizam seus vastos gramados para tomar sol e comer ao ar livre no horário de almoço (durante o verão, é claro). Uma escultura da importante feminista do final do século XIX, Margaret McDonald, que faz referência à sua obra social, decora a praça. Há também um coreto e quadras de tênis de uso público. <end./> Ao lado do Lincoln’s Inn WC2A 3TL
Staple Inn Este prédio de 1586 é um dos mais antigos de Londres e, embora tenha sido reformado após a Segunda Guerra Mundial, preserva suas características originais. Com a fachada branca e preta, toda trabalhada com vigas de madeira, o edifício já foi uma espécie de entreposto onde a lã era armazenada, pesada e vendida para os comerciantes londrinos. Posteriormente tornou-se um dos Inns of Chancery, instituições onde os que aspiravam por uma vaga em um dos concorridíssimos Inns of Court se preparavam. Hoje é ocupado pelo instituto de atuários do Reino Unido, que devem ter calculado muito bem os riscos antes de se instalar em um imóvel que já escapou do Grande Incêndio e dos bombardeios nazistas! <end./> High Holborn, na altura da estação de metrô Chancery Lane WC1V
St. Etheldreda’s Church Na primeira travessa à esquerda da Charterhouse Street, saindo do Holborn Circus, está a igreja católica mais antiga da Inglaterra, construída em 1290, um dos raros edifícios da época de Eduardo I que ainda está de pé. Seu endereço guarda curiosidades bem interessantes. A Ely Place é até hoje uma via sem saída fechada por portões (a passagem de pedestres é livre), resquício da época em que lá havia o Palácio do bispo de Ely, um vilarejo ao norte de Cambridge. Em tese, as autoridades londrinas não apitam nada em Ely Place, que é gerenciada por uma comissão eleita especificamente para esse fim.
Do palácio, tudo o que restou foi a capela, ou seja, a própria igreja de St. Etheldreda, consagrada à santa anglo-saxã também conhecida por St. Audrey. Em seu interior, além da cripta e de dezenas de vitrais, há imagens de mártires católicos executados principalmente durante o reinado da ferrenha protestante Elizabeth I. Aliás, a igreja foi um templo protestante até em 1874. <end./> 14 Ely Pl EC1N 6RY <comp./> www.stetheldreda.com
St. Andrew Holborn Próxima ao Holborn Circus e ao Holborn Viaduct, que une o bairro à City através da Newgate Street, encontra-se uma das igrejas mais antigas da cidade. Os registros dão conta de que o templo foi inaugurado no final do primeiro milênio, mas recentes escavações realizadas em sua cripta indicam que o local pode ter sido utilizado como um santuário desde a época dos romanos. Embora a igreja tenha sido salva durante o Grande Incêndio de 1666 graças a uma súbita mudança na direção dos ventos, seu mau estado de conservação ensejou, duas décadas depois, a construção de um novo edifício, comandada por Christopher Wren.
Não houve vento capaz de desviar as bombas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial: a nave da igreja foi destruída, restando em pé somente a torre e as paredes. O projeto original de Wren foi observado na reconstrução, concluída em 1961, ano em que St. Andrew retomou suas atividades como uma Guild Church, ou seja, voltada para os trabalhadores da região. Thomas Coram, capitão da Marinha e filantropo, está enterrado em St. Andrew. O famoso primeiro-ministro Benjamin Disraeli, de família judaica, cujo sobrenome original era D’Israeli, foi batizado nessa igreja em 1817. <end./> 5 St. Andrew St EC4A 3AB <comp./> www.standrewholborn.org.uk
Dr. Johnson’s House Samuel Johnson, popularmente conhecido em sua época apenas por Dr. Johnson, foi, além de brilhante escritor e poeta, um dos maiores estudiosos da língua inglesa de todos os tempos, responsável, entre outras coisas, pela elaboração do primeiro dicionário do idioma, com cerca de 40.000 verbetes. A casa na Gough Square onde viveu de 1748 a 1759 foi apenas uma de suas diversas residências em Londres, cidade pela qual era apaixonado. O museu em sua homenagem foi instalado nesse endereço pelo simples fato de que todas os demais edifícios onde Johnson viveu já não existem.
O imóvel, construído por volta de 1700, foi ocupado por vários estabelecimentos comerciais depois que o escritor se mudou, encontrando-se no início do século XX em péssimo estado de conservação. Foi então que um membro do Parlamento inglês adquiriu-o, reformou-o e montou o museu em homenagem a Johnson. Além de uma das primeiras edições do seu dicionário, você também encontrará por lá cartas, manuscritos, mobílias e retratos da época. Embora nem tudo tenha pertencido a Johnson, a reconstituição do ambiente é a mais fiel possível e justifica a visita. <end./> 17 Gough Sq EC4A 3DE <comp./> www.drjohnsonshouse.org
Royal Courts of Justice (RCJ) Se nos tribunais brasileiros, apesar de toda a nossa informalidade, geralmente impera um severo clima de austeridade, imagine como é “descontraído” o ambiente na corte mais movimentada do país, onde tradições e protocolos são levados à risca. Do lado de fora o edifício neogótico projetado por George Street, inaugurado em 1882 pela Rainha Victoria, já impressiona por sua imponência e arquitetura rebuscada. Os mais desavisados podem facilmente confundi-lo com uma catedral. Depois de entrar no edifício, podem continuar confusos, pois o saguão principal se assemelha à nave de uma igreja.
Neste tribunal composto por quilômetros de corredores e aproximadamente mil cômodos, recheado de advogados, promotores e juízes com perucas brancas e togas negras, conflitos civis são levados a julgamentos, que podem ser acompanhados por qualquer pessoa. Quem domina um pouco do idioma inglês e se interessa por Direito não deve perder a oportunidade. Não é difícil deparar com personalidades britânicas de óculos escuros entrando ou saindo às pressas do tribunal, geralmente em litígio com algum tablóide. <end./> Strand, perto da Essex St WC2A <comp./> www.hmcourts-service.gov.uk
Prince Henry’s Room Nesse prédio construído em 1610 em uma área que pertenceu aos templários, funcionou durante aproximadamente trinta anos uma taverna chamada The Prince’s Arms. Além do nome sugestivo com que o estabelecimento foi batizado, há outros indícios de que o primeiro andar do edifício tenha sido usado pelo príncipe Henrique, que veio a falecer em 1612 aos dezoito anos de idade: as letras “PH” e o brasão do Príncipe de Gales adornam o teto do cômodo. Cá entre nós, nada glamuroso para um princípe ter como endereço oficial em Londres o mesmo de uma taverna, não? Mas o mais interessante, na verdade, é o fato de que o imóvel é um dos poucos que não foram afetados pelo Grande Incêndio de 1666, subsistindo como representante fiel do estilo renascentista, conhecido na Inglaterra como jacobino.
Desde 1900 o edifício pertence ao poder público e o quarto do príncipe pode ser visitado. Também funciona no local uma exibição relacionada à vida e obra de Samuel Pepys, cujo diário pessoal serviu de referência histórica para alguns importantes fatos ocorridos durante o século XVII em Londres, embora seu famoso autor nunca tenha vivido ali. <end./> 17 Fleet St EC4 U Blackfriars
Fleet Street Batizada com o mesmo nome do rio que corre sob seu pavimento e deságua no Tâmisa na altura da Blackfriars Bridge, esta rua começou a ganhar importância no cenário londrino no início do século XVI. Foi nessa época que Wynkyn de Worde promoveu a transferência estratégica do maquinário que compunha a gráfica de seu falecido mentor, William Caxton, de Westminster para lá, aproximando-a de seus maiores clientes: a nata eclesiástica da St. Paul’s Cathedral e os advogados das Inns of Court. Duzentos anos mais tarde se instalava na mesma via o primeiro jornal diário londrino. No início do século XIX, Fleet Street já sediava dezenas das principais publicações do país. Na década de 1980 os computadores revolucionaram o processo de edição e impressão de livros, jornais e revistas, acabando por refletir também na mudança de endereço de diversos órgãos de imprensa e editoras.
Boa parte migrou para leste da cidade, principalmente para Canary Wharf, Docklands e Wapping, enquanto outras mudaram-se para Westminster, fazendo o caminho inverso do realizado por Worde há meio milênio. Apesar da debandada, Fleet Street continua sendo sinônimo de imprensa e jornalismo. Quem passear por lá ainda pode sentir o “clima” que imperou pela via durante séculos e não deve deixar de apreciar a arquitetura de seus edifícios, com especial destaque para o antigo prédio do Daily Express (<end./> 120 Fleet St), belíssimo, todo envidraçado, em estilo Art Deco.
Ye Olde Cheshire Cheese pub Outra parada obrigatória bem perto dali é o pub Ye Olde Cheshire Cheese (<end./> 145 Fleet St) tão tradicional e antigo que exibe uma lista com o nome dos quinze reis que já ocuparam o trono inglês desde quando entrou em funcionamento. Entre seus frequentadores mais famosos estão Dr. Johnson, que morava praticamente ao lado e era “sócio” do pub, e Charles Dickens. A Fleet Street também é famosa por conta do personagem fictício Sweeney Todd, um barbeiro da era vitoriana que degolava seus clientes. Sua história, originalmente publicada nos meados do século XIX, foi tema de musical da Broadway no final dos anos 1970 e inspirou o roteiro do filme de Tim Burton que, no Brasil, recebeu o nome de O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007), com Johnny Depp e Helena Bonham Carter nos papéis principais. <end./> Fleet St (continuação da Strand)
St. Bride’s Diversas igrejas londrinas tiveram que ser reerguidas após o Grande Incêndio de 1666; uma delas foi St. Bride’s, projetada por Christopher Wren e inaugurada em 1675. Embora sua bela torre tenha inspirado, segundo dizem, o formato dos bolos de noiva (bride em inglês), o nome da igreja homenageia St. Bridgit (Santa Brígida), também conhecida por St. Bride of Kildare. A construção atual é a oitava a ocupar o local, sendo que a primeira igreja consagrada à santa foi construída no século VI.
Confirmando o provérbio “poliânico” Há males que vem para bem, depois dos bombardeios nazistas tornarem necessária nova reconstrução na década de 1950, arqueólogos encontraram na fundação da igreja partes de mosaicos romanos e resquícios das outras sete construções antecedentes. Por estar na região onde a imprensa londrina se estabeleceu, St. Bride’s ficou conhecida como “a igreja dos jornalistas”, havendo em seu interior homenagens a diversos profissionais que a frequentaram, além de alguns encontrarem-se, inclusive, sepultados em sua cripta. Samuel Pepys foi batizado nesta igreja e o poeta John Milton também a frequentou. <end./> Fleet St EC4Y 8AU <comp./> www.stbrides.com
St. Clement Danes Assim como a quase vizinha St. Mary-le-Strand, St. Clement Danes está localizada bem no meio da Strand, cercada de tráfego por todos os lados, alguns metros antes da via passar a se chamar Fleet Street. Aliás, por essa razão, ambas são chamadas de Island Churches. A região onde a igreja atual se encontra foi ocupada por dinamarqueses durante o século IX, quando já teriam construído outro templo cristão no local. O corpo de Haroldo I, penúltimo monarca dinamarquês a reinar sobre a Inglaterra, teria sido enterrado na igreja que antecedeu a St. Clement Danes original, erguida em 1682 seguindo o projeto de Christopher Wren. São Clemente foi homenageado pois, por ser o padroeiro dos marinheiros, era invocado pelos dinamarqueses (danes).
Boa parte da igreja foi destruída durante os bombardeios nazistas. Restaurada pela Royal Air Force, passou a abrigar uma espécie de memorial em homenagem aos aviadores que morreram em combate. Bem em frente à igreja há a estátua do marechal da RAF Arthur Harris que, para vingar os ataques a Londres, comandou diversos bombardeios sobre cidades alemãs, matando milhares de civis. (É um solene mistério o raciocínio desenvolvido para conjugar os ideais cristãos com os objetivos militares). Como que para amenizar o clima pesado que ronda a igreja, a cada três horas, das 9h às 18h, os sinos da St. Clement Danes entoam a melodia da tradicional nursery rhyme (cantiga infantil) Oranges and Lemons, cuja letra faz referência a diversas igrejas londrinas. Uma delas seria St. Clement Danes, embora os párocos de St. Clement’s Eastcheap, na City, discordem veementemente. <end./> Strand WC2 <comp./> www.st-clement-danes.co.uk
Temple Bar Seguindo pela Strand no sentido leste, alguns metros depois da St. Clement Danes, você encontrará bem no meio da rua um monumento com a imagem de um dragão no topo. Muitos dizem tratar-se de um grifo, animal alado igualmente fictício, com cabeça de águia e corpo de leão, mas quem observar com atenção perceberá que é mesmo um dragão. Polêmicas de cunho mitológico à parte, o monumento sinaliza a fronteira da City of London e recebe o nome de Temple Bar em virtude da proximidade da Temple Church e dos Inns of Court de mesmo nome (bar significa barreira, limite). Até a segunda metade do século XIX, havia no mesmo local um portal projetado por Christopher Wren, substituído pelo monumento atual para não prejudicar o trânsito. Quem quiser contemplar o antigo portal de Wren pode fazê-lo quando for visitar a St. Paul’s Cathedral, pois o mesmo foi reerguido pedra por pedra guardando a Paternoster Square, bem ao lado da catedral. <end./> Strand, na altura da Middle Temple Ln
Temple Church Construída no século XXII pelos templários, esta igreja normanda de nave circular teria muitas histórias para contar se suas paredes falassem. Era no seu interior de sua cripta que os cavaleiros praticavam os ritos de admissão na então poderosa organização. (Quem leu O Código Da Vinci certamente se lembrará). Não por acaso, efígies de cavaleiros medievais espalhados por toda parte decoram a igreja, que já passou por várias restaurações, principalmente depois dos danos sofridos na Segunda Guerra. <end./> Temple EC4Y 7BB <comp./> www.templechurch.com
Temple Dois dos quatro Inns of Court estão localizados nesse vasto complexo de edifícios que originalmente, entre os inícios dos séculos XII e XIV, sediou a Ordem dos Templários em Londres. A organização, que se disseminou por vários países europeus mas obteve maior prestígio na França e na Inglaterra, era integrada por cavaleiros que tinham como principal objetivo proteger os peregrinos no caminho a Jerusalém. Os Templários acabaram ganhando muito poder (basta ver o tamanho de sua sede), passando a representar uma ameaça à coroa. Entretanto, no final do século XIII as campanhas na Terra Prometida iam de mal a pior, marcadas por sucessivas derrotas dos cruzados.
Com a ajuda da Igreja e sob o pretexto de que os rituais de iniciação dos Templários seriam hereges, iniciou-se uma intensa perseguição aos seus membros, que sob tortura confessavam a prática de heresia e eram queimados vivos ou apodreciam em masmorras. Em 1313 a Ordem dos Templários foi oficialmente extinta e os edifícios, que continuaram sendo chamados de Temple, passaram a ser ocupados por estudantes de Direito e dois dos principais Inns of Court. Embora a grande maioria dos edifícios não seja aberta ao público, é muito interessante vagar pelas ruas, vielas e jardins que compõem os complexos do Inner Temple e do Middle Temple, onde foram rodadas cenas de O Código Da Vinci, Elizabeth, Shakespeare Apaixonado e O Bom Pastor, entre outros filmes. Caminhando pela Middle Temple Lane, que vai da Strand até o Victoria Embankment, você irá passar pela agradável Fountain Court, rodeada de construções em tijolo aparente, e chegará ao imponente Middle Temple Hall, que se estiver aberto vale a visitação. Nele, Shakespeare teria encenado pela primeira vez a peça Noite de Reis. Ao final da rua, à direita, estão os Inner Temple Gardens, que no verão são um ótimo lugar para descansar. U Temple
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