Agrigento, antiga Akragas, cidade grega do século V a.C., fica numa região pobre da Sicília e tem um ar meio decadente. Parece ter sido esquecida pelo resto da Itália. Quando você caminhar pela rua principal, a Via Atenea, toda restaurada, verá que é linda, bem como a Piazza Vittorio Emanuele. Entretanto, se você entrar nos meandros de ruas que levam à parte alta da cidade, encontrará apenas imóveis antigos, alguns medievais, cuja arquitetura é bastante interessante, mas que estão literalmente caindo aos pedaços, sem nenhuma conservação. É uma pena; se seus imóveis fossem restaurados, Agrigento seria uma cidade linda e competiria com alguns dos lugares mais turísticos da Itália. Dá até um aperto no coração ver um patrimônio como esse no estado em que se encontra.
Mapa de Agrigento
Na parte mais alta da cidade, do pátio da antiquíssima igreja Santa Maria dei Greci, tem-se uma linda vista dos arredores, principalmente ao pôr-do-sol. Essa igreja, também em péssimo estado de conservação, está sendo recuperada, mas a restauração é malfeita, com reboco em vez da pedra original. Socorro!
Agrigento é muito conhecida por ser a terra natal de Luigi Pirandello, o famoso dramaturgo autor de Seis Personagens em Busca de um Autor e ganhador do prêmio Nobel de Literatura. Entretanto, o que mais atrai visitantes não é a cidade em si, mas o Valle dei Templi, localizado entre a cidade atual e o mar. www.comune.agrigento.it
Vídeo sobre o Valle dei Templi
Valle dei Templi (Vale dos Templos)
A alguns quilômetros de Agrigento, este é um dos mais importantes sítios arqueológicos da Itália. Na realidade, a expressão “Vale dos Templos” pela qual é conhecido não é muito apropriada: não se trata de um vale, mas de colinas à beira-mar, e lá não há mais templos, mas sobretudo ruínas deles, dentre outros interessantes vestígios arqueológicos, como necrópoles (cemitérios). Esse espetacular conjunto de templos gregos foi incendiado pelos cartagineses em 406 a.C., depois restaurado pelos romanos, até ser quase totalmente destruído pelos cristãos, que não viam com bons olhos construções pagãs.
Todo um patrimônio arquitetônico destruído em nome de uma religião
É lamentável que boa parte do patrimônio greco-romano tenha sido destruído quando o cristianismo se consolidou no território italiano. Assim, quase todos os templos são hoje ruínas, exceto o lindo Templo da Concórdia, de 460 a.C., que escapou por ter sido transformado em igreja no século VI; só perdeu o telhado. Poderiam ter feito o mesmo com os demais; a Humanidade agradeceria! O fato de os templos estarem em ruínas não diminui sua importância ou beleza; talvez até confira ao conjunto um ar mais dramático e nostálgico, evocando a lembrança da “Idade de Ouro” de Agrigento.
Uma sucessão de templos em ruínas
Andando pela alameda principal (uma caminhada de algumas horas) você poderá apreciar o que restou do templo de Hércules, o mais antigo de todos, do século VI a.C.; do templo dos Dióscuros (nome pelo qual eram conhecidos Castor e Pólux, filhos de Zeus com Leda, seduzida pelo deus, que tomou a forma de um cisne); do templo de Vulcano (Hefesto para os gregos, deus do fogo e dos vulcões); do templo de Esculápio (importante figura mitológica, patrono dos médicos); e do templo de Zeus (Júpiter para os romanos e Giove em italiano). Resta usar a imaginação e arrepiar-se ao pensar no impacto que essas enormes obras deveriam causar quando ainda intactas. No Valle dei Templi funciona um bom museu arqueológico, com farto material encontrado durante as escavações. Perto dele há outros vestígios, como as ruínas do Ekklesiasterion, ponto de reunião dos cidadãos da antiga Agrigento, e que também era usado como lugar de sacrifícios a Zeus. Note que o nome do edifício, que é grego, tem a mesma raiz da moderna palavra “igreja”. Para saber mais: www.lavalledeitempli.it