Morar em Nova York
Por Andrea Rivelli Thomas
Embora já tivesse viajado por vários países das Américas, Europa e Ásia, inclusive para destinos exóticos como Vietnã e Tailândia, eu sempre quis passar pela experiência de morar algum tempo fora do Brasil, um sonho de adolescência.
Morar nos EUA? Só se for em New York
Depois das primeiras aventuras pelo mundo, mais madura, formada em Estatística e com um bom emprego em uma multinacional, procurei direcionar minha carreira para uma oportunidade internacional. Não queria ir para “qualquer lugar”, nem mesmo, como acontece com muitos brasileiros, imigrar para os Estados Unidos e ir parar numa vila perdida do Arizona. Se fosse morar nos EUA, teria que ser em Nova York, cidade pela qual me apaixonara quando a visitei em 1995. Finalmente, no início de 2003, pintou a oportunidade e, em abril de 2003, desembarquei em Manhattan.
Mapa de New York
Sozinha em New York
No início, fiquei sozinha em um apartamento alugado pela empresa e demorei um tempo para me adaptar, já que não conhecia ninguém e sentia muita saudade dos amigos e de casa. Ainda por cima fazia frio, todo mundo andava encapuzado e de cara meio fechada.
A chegada do verão
A situação mudou com a chegada do verão, quando aluguei um apartamento no East Village. Era mais aconchegante e, embora não fosse grande, tinha tamanho suficiente para eu poder dividi-lo com uma amiga brasileira, colega da empresa. Como era perto de meu trabalho, eu podia ir a pé para o escritório, em uma caminhada de 15 minutos.
Só tomava ônibus quando chovia ou nos dias mais frios
Como lá os ônibus têm horário marcado e o ponto ficava perto da minha casa, eu não precisava ficar esperando na rua – era quase como ter um pontual motorista particular!
O verão em New York
Apesar de alguns dias serem excessivamente quentes, eu gosto do verão de Nova York. Muita coisa acontece e você tem a oportunidade de conhecer pessoas. Minha integração definitiva com a cidade ocorreu durante um famoso show de Daniela Mercury no Central Park em que fiz amizades com outros sul-americanos, todos ligados à música.
Tudo em Manhattan é baseado na praticidade
. O East Village é super legal; eu me sentia em casa ali. O bairro tinha de tudo, eu não precisava ir muito longe para achar o que queria. Para lavar roupa, usava uma lavanderia self-service; na outra esquina, havia uma deli onde eu podia comprar comida pronta deliciosa. Por sorte, no East Village concentram-se ótimos restaurantes étnicos com preços bem razoáveis. A duas quadras de nosso apartamento ficava o supermercado, muito conveniente se resolvêssemos cozinhar em casa.
O tempo parece passar mais rápido em Manhattan
Dizem que os moradores da ilha são rudes, mas na verdade o que todos têm é pressa de chegar a algum lugar. Sendo objetivo ao pedir uma informação, o nova-iorquino vai responder precisamente e continuar seguindo seu caminho.
O apagão de 2003
Eu ainda não morava em Nova York por ocasião do atentado de 11 setembro, mas já estava lá durante o apagão de agosto de 2003, quando a Big Apple também parou. Estava no trabalho no meio da tarde quando a luz, os elevadores, a Internet, a TV, os rádios e os telefones, inclusive os celulares, tudo deixou de funcionar. Seria outro atentado? Ficamos paralisados. Ninguém sabia o que estava acontecendo e muita gente se assustou: ficou clara a fragilidade da ilha de Manhattan.
O 11 de setembro parece ter mudado a mentalidade das pessoas
Não vivi lá antes, mas contaram-me que os nova-iorquinos ficaram mais amáveis, principalmente com os vizinhos, depois dos atentados das torres gêmeas. Na noite do apagão, amigos e vizinhos fizeram vigílias nas calçadas e nos parques. A comida que estava na geladeira foi compartilhada. Eu e minha room mate (a amiga com quem dividia o apartamento) acolhemos colegas de trabalho que não puderam pegar o trem de volta para suas casas naquele dia. Muita gente fez o mesmo. Diferentemente do que ocorrera durante o apagão de 1977, os atos de delinqüência foram raros. O que se viu foi principalmente solidariedade.
Viver em Nova York foi uma imersão cultural
Perdi a conta dos filmes e músicas que conheci por lá, aos quais jamais havia tido acesso no Brasil. Aprendi mais sobre a América Latina em Nova York do que durante meus 35 anos anteriores no Brasil.
A metrópole é explicitamente cosmopolita. Ao caminhar pela rua, é raro deixar de ouvir pelo menos três diferentes línguas, além do inglês. Tive oportunidade de conhecer, em festas e no trabalho, gente de tudo quanto é país e religião e saber mais sobre sua cultura. Na primeira festa que eu e minha room mate organizamos lá, os convidados não passavam de 30 pessoas, mas eles eram de 15 países diferentes!
Culutra e culinária multi-étnica
Senti falta do nosso arroz com feijão, mas experimentei as mais diversas comidas do mundo, em restaurantes e em casa de amigos que orgulhosamente queriam compartilhar a culinária de seu países e suas culturas. E como ouvi histórias em NYC, histórias de vidas e de mundos que eu nunca conheci! Descobri que todos tinham histórias para contar.
É mais fácil se enturmar com estrangeiros do que com o norte-americano “clássico”
Tínhamos mais contatos com “nova-iorquinos” de diferentes nacionalidades do que com norte-americanos que, mesmo em Nova York, são mais fechados e costumam ter seu círculo de amizades dentre brancos de origem anglo-saxã. Os americanos “de verdade” que conheci foram poucos. Quase sempre, pessoas incomuns, que já viajaram pelo mundo todo, moraram em outros países ou têm amigos e namorados estrangeiros. É o caso de amigas nascidas no Estado de North Dakota, que sempre organizavam uma festa no último fim de semana do verão, no quintal da sua casa, uma brownstone no Brooklyn. As reuniões eram animadas por um som caribenho de Trinidad Tobago, que me lembrava muito nosso Olodum. Uma dessas moças é cantora-compositora e dança superbem salsa, tango e gafieira, que aprendeu quando morou… no Brasil!
Gente de talento não falta em Manhattan
Não é difícil você conhecer um músico que seja super famoso em seu país de origem e tenha ido tentar a vida em Nova York, tocando nas “gigs” (apresentações) que rolam todas as noites pela cidade. Em todas as áreas é assim. Investidores que se formaram nas melhores universidades do país e do mundo também fazem em Nova York seu primeiro milhão de dólares antes dos 30 anos.
Halloween Parade
É curioso como os nova-iorquinos levam a sério a “Halloween Parade”: a criatividade rola solta. Vale tudo, não só fantasiar-se de bruxa e colocar máscara de caveira. Em 2007, nosso bloco, que estava fazendo uma campanha para a Treesforlife.org (uma ONG que planta árvores frutíferas em regiões menos privilegiadas do planeta como forma de reduzir a desnutrição), saiu às ruas com fantasias de frutas, eu mesma de açaí, roxa dos pés à cabeça. Tinha gente vestida de morango, limão, laranja… Os homens do grupo também se fantasiaram de frutas, mas todos quiseram sair vestidos de banana (acho que algum sexólogo explica).
O futuro marido: apresentação de um iraniano
Foi em uma dessas festas em que havia pessoas falando uma dezenas de línguas diferentes que um amigo iraniano me apresentou ao Matthew. Junto com ele, continuei a explorar e curtir esta cidade incrível. Tempos depois, nos casamos. Foi Nova York que nos uniu.
Os cinco anos em Manhattan
Esses foram anos que influenciaram minha vida em todos os sentidos. A única coisa que evitei em Nova York foi cair no consumismo, coisa fácil por lá, pois tem de tudo a preços tentadores. Como NYC é fashion! Isso vai muito além dos modelitos dos designers famosos e da NY Fashion Week. Tem lugar para todo mundo. Vale ser original, mas é importante ter estilo. Como ali também vale a regra de que cada bairro tem vida própria e é uma pequena cidade, os modelos predominantes variam de um para outro.
O 11 de Setembro, mais comentados fora dos EUA do que por lá
Algum tempo depois do atentado, o prefeito Rudy Giuliani foi à TV e disse: vamos reconstruir. Em seguida, quase ninguém mais ficou falando no assunto. Aliás, o americano médio não fala muito sobre política. A maioria, até em Nova York, acredita que os EUA invadiram o Iraque para libertar o povo iraquiano de um ditador. Quando a estátua de Sadam foi derrubada após a tomada de Bagdá, a cena ficou sendo repetida exaustivamente de todos os ângulos possíveis por todas as estações de TV (e tome lavagem cerebral!).
A decisão de voltar ao Brasil
Eu já andava com saudades de casa, mas nossa decisão de voltar ao Brasil aconteceu depois de eu ter sido transferida para Connecticut, quando pude sentir na pele que os Estados Unidos não são Nova York. No Brasil, além da família mineira adorável, eu tenho em São Paulo um grupo de amigos especiais, divertidos e viajados que nos receberam de braços abertos.
A participação no Guia GTB de New York
Minha participação e a do Matthew no GTB Nova York foi uma conseqüência natural de nossa experiência de vida na Big Apple: não é ótimo falar sobre o que a gente conhece e ama?
Informações práticas
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