Bastille, cenário de acontecimentos que mudaram a França
A vida noturna das ruas Oberkampf, Jean-Pierre Timbaud e de Lappe • A Promenade Plantée nos dias de sol, com direito a um descanso merecido no Viaduc des Arts • O histórico cemitério Père Lachaise e os túmulos de personagens famosos.
Mapa da região de Bastille
Um bairro que ficou famoso por sua prisão
O nome Bastille vem da famosa prisão da Bastilha, construída na segunda metade do século XIV, onde eram trancados os opositores do regime e os desafetos dos reis da França. Não só os motivos das prisões eram totalmente arbitrários, como o tratamento dispensado aos prisioneiros era bem desigual. Certos nobres (não os inimigos mais radicais da realeza, claro) podiam levar para lá seus criados, comer bem e até tomar bons vinhos, enquanto os prisioneiros mais pobres —a maioria — viviam em condições subumanas. O filósofo Voltaire, o ex-ministro Fouquet, o polêmico Marquês de Sade e o misterioso Máscara de Ferro (que não foi só personagem de romance de capa e espada e de filme de Leonardo di Caprio, mas sim um homem de carne e osso cuja real identidade permanece ignorada) estiveram presos lá.
Vídeo: a tomada da Bastille, em Paris
A prisão símbolo do Antigo Regime
A temível fortaleza, toda de pedra, cercada por torres, bem no estilo medieval, era um símbolo do que havia de mais odioso no Antigo Regime, mas quando foi tomada, no dia 14 de julho de 1789, já se encontrava quase desativada. Uma centena de pessoas morreu para libertar apenas sete prisioneiros, um dos quais estava louco, talvez por ter passado tanto tempo fechado lá. O Marquês de Launay, administrador da prisão, apesar de ter se rendido, foi decapitado pela multidão.
As pedras da prisão vendidas como souvenir
A Bastilha foi incendiada dois dias depois, mas só foi demolida quando um espertalhão chamado Palloy tratou de pôr abaixo aquele “símbolo da tirania” e comercializou as pedras, muito utilizadas na época como material de construção. Mandou também esculpir reproduções da fortaleza em blocos da própria Bastilha, que foram vendidas como suvenires para diversas cidades da França (no Musée Carnavalet há um exemplar). Os estoques devem ter baixado rapidamente, pois recusar-se a comprá-las poderia ser visto como uma atitude contrarrevolucionária. Isso é o que se pode chamar de marketing agressivo!
A Collone de Juillet
Nada restou da sombria prisão. A praça onde ela estava situada tem, bem no centro, uma coluna, a Colonne de Juillet, no topo da qual há a figura do Génie de la Bastille, um fantástico ser alado que representa a Liberdade. A coluna não foi erguida em memória da derrubada da fortaleza, e sim em homenagem aos mortos na revolução de 1830.
Não se pode dizer que a Bastilha seja um bairro propriamente turístico, mas certamente ganhou atrativos com as inaugurações da Opéra Bastille, da Promenade Plantée e do Viaduc des Arts. Hoje, velhos imóveis estão sendo reformados e se misturam com outros de construção recente, provocando aumento no preço dos aluguéis, mudança no perfil dos moradores e a renovação do comércio.
Bastille, lugar de vida noturna e ponto de encontro em todas as manifestações de rua em Paris
Os pontos fortes da região são a vida noturna e as manifestações populares. Na rue de Lappe, seguindo a tradição começada por franceses do interior e imigrantes italianos, que organizavam bailes populares ao som de acordeão no começo do século XX, há várias danceterias. A mais antiga e tradicional é o Balajo, que existe no nº 9 desde a década de 1930 e hoje é considerada brega. Mais ao norte, principalmente nas ruas Oberkampf e Jean-Pierre Timbaud, proliferam cafés, restaurantes e bares dos mais variados. Muitos servem caipirinha; afinal, o Brasil está em alta por lá.
As Grandes festas de rua na Bastille
Grandes festas de rua acontecem na Bastilha, um bairro onde, aliás, manifestações da esquerda são comuns. A festa da música, no dia 21 de junho (o mais longo do ano) e a comemoração do 14 de julho ocorrem todos os anos pela cidade inteira, mas é na Bastilha que são mais animadas. É lá também que ocorre anualmente, no mês de junho, a parada do Orgulho Gay e Lésbico, evento concorridíssimo da comunidade GLS parisiense, muito alegre, um verdadeiro carnaval com muita gente fantasiada, carros alegóricos de grupos do mundo inteiro e até fanfarras brasileiras. O público tem atingido meio milhão de pessoas, em grande parte liberais de todas as tendências, não necessariamente homossexuais. Apesar de o desfile ter sido durante algum tempo considerado “alternativo”, ele se institucionalizou a ponto de ser hoje patrocinado por órgãos governamentais bem sisudos. A Anistia Internacional, a Liga dos Direitos do Homem, a Igreja Ecumênica e até o Partido Comunista Francês (que parece finalmente ter se libertado de seu ranço stalinista…) também têm dado uma força.
A Opéra Bastille
Opéra Bastille 2-6, pl. de la Bastille 75012 M Bastille
( 01/40011970. As visitas do interior da Opéra são sempre guiadas e devem ser reservadas com antecedência. O melhor para quem quer conhecê-la é ir a um dos espetáculos. O grande edifício modernista do arquiteto canadense Carlos Ott, de formas arredondadas com vidros em tons azulados, é um dos grands travaux (grandes obras) do governo de François Mitterrand, cheio de planos de obras monumentais (o que fez alguns bem-humorados apelidarem-no de Presidente-Sol, numa alusão a Luís XIV, o Rei-Sol…). Inaugurada por ocasião da comemoração dos 200 anos da queda da Bastilha, desbancou a Opéra Garnier e tornou-se a principal sala de espetáculos da cidade. Seu hall de entrada é decorado com esculturas modernas e o auditório principal, com capacidade para 2700 pessoas, é revestido de granito cinza azulado e carvalho. O palco, dotado de tecnologia ultramoderna, permite que cenários possam ser alternados rapidamente, sem necessidade de serem desmontados. Opéra
Port de Plaisance de Paris/Arsenal
Marina do Arsenal 75004/75012 M Bastille. É neste pequeno porto entre o Sena e a place de la Bastille que começa o Canal St-Martin, aberto em 1826. Lembrando-se de que o canal servira de proteção aos rebeldes do Faubourg St-Antoine na revolução de 1848, Haussmann mandou cobrir boa parte dele. O passeio de barco por esse canal atravessa a parte subterrânea, passando por baixo da place de la Bastille. No verão, o Port de l’Arsenal é um lugar muito alegre; nos dias frios e cinzentos, não deixa de ter um interessante ar melancólico. Dezenas de barcos, quase todos péniches (barcaças de fundo chato), ficam atracados nesse porto. Na maioria deles, pasme, moram pessoas, como você pode notar pelas roupas penduradas no varal, vasos de flores, e até casinhas de cachorro. Barcos como esses podem ser alugados por semana ou mesmo por períodos mais longos… Que tal?
Promenade Plantée e Viaduc des Arts
75012 M Bastille. Uma idéia criativa transformou um velho viaduto ferroviário numa deliciosa área de lazer que começa na avenue Dausmenil e vai até a Porte St-Mandé. Caminha-se no alto do viaduto, onde ficavam os antigos trilhos, entre canteiros e arbustos floridos, por passarelas suspensas, sobre um parque, sob túneis, e até no meio de prédios. É interessante e diferente de tudo o que você já viu. Diariamente, em especial nos domingos e feriados, centenas de pessoas de todas as idades vão à Promenade Plantée para caminhar, pedalar e patinar por esse espaço totalmente preservado da circulação motorizada. Quem não é chegado em esportes pode apenas ler ou tomar sol.
Os arcos sob o viaduto foram aproveitados para a instalação de diversos comércios, principalmente voltados para a decoração: é o chamado Viaduc des Arts. Há também cafés bem animados; nos dias de bom tempo, são colocadas mesas na calçada. Para chegar ao Viaduc, indo da pl. de la Bastille, entre na rue de Lyon, ao lado da Opéra, e vire à esquerda na Av. Daumesnil. Para chegar à Promenade Plantée, suba a escada em meio aos arcos do viaduto.
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