Potosí

Turismo em Potosi, na Bolívia, arquitetura, as atrações, como ir, a melhor época para a sua viagem, a Casa de la Moneda. Dicas de viagem, a altitude.
Casa de la Moneda, Potosí

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Potosí: a cidade que foi a mais rica das Américas

Potosí é uma das mais antigas e interessantes cidades coloniais da Bolívia. Em meio a uma paisagem desolada e com um clima rude, frio e seco o ano todo, a 4080m sobre o nível do mar, é evidente que Potosi só prosperou em razão da prata. Encostada no Cerro Rico, literalmente uma montanha de prata, a cidade foi fundada pelos espanhóis em 1545.

Mapa de Potosí

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Ônibus

De La Paz (535 km, 12h), ônibus comum, ônibus-leito de Sucre (165 km, 3h30); de Cochabamba (540 km, 12h); de Oruro (310 km, 8h).

Outros meios

Há lotações (carros para 4 pessoas mais o motorista) entre Sucre e Potosí, chamadas expresos, que custam em torno de US$ 20. Quem não for visitar o Salar de Uyuni e deseja escapar das 13h de ônibus de Sucre até La Paz (via Potosí) pode fazer um bate-e-volta, saindo bem cedo de Sucre e voltando ao anoitecer. Há também excursões a partir de Sucre. É possível fretar um táxi para fazer o mesmo trajeto ida-e-volta; uma ótima opção.

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Tanto faz: Potosí em razão da altitude é sempre fria

O rico passado colonial de Potosí

Na era colonial, Potosí foi a mais rica e populosa cidade das Américas. Possuía uma população de 170 mil habitantes, maior, na época, do que a de Londres ou Madri. Menina dos olhos dos reis espanhóis, foi a única nas colônias espanholas e receber o título de “cidade imperial”, outorgado pelo rei Carlos V em 1553. O brasão da cidade ostentava os seguintes dizeres: “Eu sou a rica Potosí, o tesouro do mundo, a rainha das montanhas, a cobiçada dos reis”. A expressão “Vale um Potosí” para indicar algo muito valioso, criada por Cervantes no clássico Don Quijote, é ainda hoje utilizada. O fato é que toneladas de pratas foram retiradas de suas minas.

E quando a prata acabou?

Quando a prata acabou, o que ocorreu, por coincidência, justamente na época da independência da Bolívia (Que mala suerte!), a cidade entrou em decadência e sua população minguou para aproximadamente 10 mil habitantes. Sua economia só se recuperou com a exploração do estanho, até que, com os veios cada mais explorados e pouco rentáveis, o governo boliviano, proprietário das minas (desapropriadas em 1952 em condições bem vantajosas para a família Patiño), entregou-as às cooperativas mineiras.

O legado arquitetônico

A riqueza gerada pela prata deixou em Potosí um importante legado arquitetônico barroco com lindas praças, palacetes e dezenas de igrejas com um rico acervo de arte sacra. Por isso mesmo, em 1987 a cidade foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A condições difíceis dos mineiros

A principal atividade econômica continua sendo a mineração (um pouco de prata, mas principalmente estanho, zinco, chumbo e cobre), mas como a produção é muito baixa e as condições de trabalho são severas, os índios que trabalham nas minas continuam a viver pobremente, com uma expectativa de vida das mais baixas. Muitos, quando não acabam com os pulmões estropiados, morrem em acidentes.

Pontos turísticos

Cerro Rico

Pode-se visitar as minas. Durante duzentos anos extraiu-se prata do Cerro Rico, em tal quantidade que se diz que com ela se poderia fazer uma ponte ligando Potosí a Madri. Também se diz que essa ponte poderia ser construída com os ossos dos 6 milhões de índios e negros que ali morreram, obrigados a cumprir a mita, trabalho forçado de 12 horas diárias dentro da mina. (Essa lei era uma instituição inca que importava em apenas algumas horas de trabalho. Os espanhóis modificaram-na, criando uma verdadeira escravidão: os mineiros sequer viam a luz do dia…)

Da Plaza de Armas dá para se ver o Cerro Rico. Olhando para esse monte pelado, feio e pedregoso no meio de uma paisagem árida, é emocionante lembrar que foi dali que saiu a prata que movimentou a Revolução Comercial na Europa nos séculos XVI e XVII, financiou guerras na Europa e alimentou o poder real espanhol, que ficava com 20% do que era ali produzido.

Casa de la Moneda

Calle Ayacucho Esse casarão, que teve sua construção iniciada em 1553, é provavelmente o maior prédio da administração colonial espanhola nas Américas ainda existente. A parte mais interessante da visita é a que mostra como as moedas eram cunhadas. Inicialmente as prensas funcionavam no braço, acionadas por escravos, depois pela força de burros, até estes serem substituídos por máquinas a vapor que, instaladas em 1869, foram utilizadas durante cerca de quarenta anos. Sabe-se que os cavalos não suportavam as duras condições de trabalho e morriam em poucas semanas.

Não há informações sobre quanto tempo os escravos aguentavam; eles procuravam alívio no fumo, na coca e na bebida. A substituição por máquinas a vapor foi uma epopéia: elas chegaram via Buenos Aires, demoraram 14 meses para serem levadas, desmontadas, em lombo de burro, até Potosí, onde, por motivos burocráticos, ficaram encaixotadas por mais 20 anos! Você poderá ver moedas bolivianas de diferentes épocas.

Outras salas foram utilizadas para ambientação de época, com a reconstituição de móveis, tecidos, roupas e instrumentos utilizados no trabalho e no dia-a-dia da população. Há também uma réplica do galeão espanhol Atocha que, lotado de prata, afundou nas costas da Flórida. Seu conteúdo foi recuperado por uma companhia norte-americana especializada em tesouros de navios afundados.

Calles Quijaro, Junin e Hoyos

Nessas ruas há casarões coloniais restaurados e outros que estão sendo recuperados. As tonalidades amarelas, avermelhadas e verdes obtidas pela mistura de minerais do Cerro Rico com clara de ovo (o mesmo tipo de tinta utilizada na época da colônia) devolveram às fachadas seu aspecto original.

Plaza 11 Noviembre

Na praça principal da cidade ficam construções coloniais como o Cabildo (Prefeitura), a sede do Tesouro Real e palacetes da elite nos tempos de glória. Porém seu edifício mais bonito é a catedral, cuja fachada e torre são expressão da mescla do barroco espanhol com temas nativos.

Museo e Convento de Santa Teresa

O conjunto que compreende a igreja, o convento das carmelitas e um museu foi construído em 1761 para abrigar moças provenientes das mais ricas famílias de Potosí. O dote para serem aceitas, pago em ouro, prata ou peças de arte, era elevado, razão pela qual o convento acumulou uma verdadeira galeria de arte espalhada por luxuosos aposentos. Tornar a moça uma noviça era uma opção da família, nem sempre de acordo com a vontade da jovem. Até o final da década de 1970, as que ingressavam nunca mais poderiam partir. Hoje as irmãs preparam deliciosos marzipans, vendidos aos turistas.

Visita às minas

Não é uma visita para qualquer um: pode ser perigosa, o ambiente é úmido e quente, praticamente não há ventilação e as minas ainda estão em funcionamento.

Dicas

Leve água, um lenço para cobrir o nariz e um presentinho para os mineiros, como refrigerante ou folhas de coca. Eles curtem (e merecem!). Não se esqueça de que você está a mais de 4.000m sobre o nível do mar: tome antes umas duas xícaras de chá de coca. Use a roupa mais surrada que tiver, pois é provável que saia de lá imundo. Há muitas entradas e túneis, alguns com dezenas de quilômetros de profundidade, capazes de confundir qualquer um.

A visita, que demora em média 3h, é guiada. Na entrada, um capacete e uma lanterna, lhe serão entregues. Lá dentro, são feitas oferendas a Tio Supay. Bem, isso tudo é para turista ver. Para saber um pouco mais sobre a vida dos mineiros bolivianos, leia Se me deixam falar, de Domitila Barrios, nascida em Potosí em 1937.

Igrejas coloniais de Potosí

Como resultado direto da riqueza dos tempos coloniais e da presença da Igreja, marcante na época, o que não faltam em Potosí são igrejas barrocas. As primeiras foram construídas para os espanhóis; outras foram erguidas mais tarde para reforçar a influência católica junto aos índios.

San Lorenzo  Calle Bustillos. Famosa pela fachada barroca de pedra com visível influência nativa, foi construída para os índios carangas e reformada em meados do século XVIII, quando se ergueu a cúpula.

San Francisco 

Embora essa igreja seja mencionada como a primeira a ser erguida em Potosí, o edifício atual, que data do começo do século XVIII, é bem diferente do templo original, erguido por volta de 1550. No seu interior funciona uma pinacoteca com obras do período colonial. O mais interessante nessa visita é subir até o terraço, de onde se tem uma vista espetacular da cidade e dos telhados coloniais. Leve máquina fotográfica.

Torre de la Compañía

Calle Frias. A primeira igreja jesuíta erguida no local data da segunda metade do século XVII. Construída com pedras e adobe, desabou algumas décadas mais tarde. Foi reedificada no século XVIII, quando se construiu a magnífica torre, uma das mais interessantes construções coloniais da Bolívia.

Jerusalen 

Construído em 1657, esse templo foi profundamente reformado no começo do século XVIII. É famoso por sua decoração interior em estilo barroco, com alguma influência nativa. As paredes são inteiramente recobertas por pinturas de temas religiosos.

Atrações nos arredores de Potosí

Laguna de Tarapaya

A 20 km de Potosí. Pode-se pegar uma excursão ou tomar uma van no mercado Chuquimia. De acordo com as lendas nativas, o imperador inca Huayna Cápac fazia longas viagens desde Cusco para beneficiar-se das propriedades curativas dessas águas quentes e sulfurosas. Há piscinas, mas você pode também banhar-se no próprio riacho. Não facilite: pode haver correntezas. Leve roupa de banho e toalha.

Lagunas de Kari Kari

Quem tem tempo e disposição pode encarar um roteiro-aventura de 2 dias, a pé, com hospedagem em alojamentos bem rudimentares, até Kari Kari, uma barragem construída pelos espanhóis em 1575, a 4.500m de altitude. Criada originalmente para gerar energia hidráulica utilizada na mineração, Kari Kari serve hoje para abastecer a população com água potável. Leve roupas para frio e sapatos de marcha.

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