Os espanhóis chegam ao Peru

História: os espanhóis chegam ao Peru. Veja como começou a conquista, em um momento em que o Império Inca era disputados por dois irmão inimigos
Catedral de Cusco, Peru
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Os espanhóis chegam ao Peru

Se é assombrosa a rapidez com que a nação inca se formou e dominou os povos vizinhos, é ainda mais estarrecedor um império desse porte ter desmoronado com a chegada de três navios que traziam 180 espanhóis com armas de fogo e 37 cavalos. Isso ocorreu em 1532, quando Atahualpa já derrotara o irmão.

Francisco Pizarro

Embora pareça inacreditável, um conjunto de circunstâncias explica, em parte pelo menos, o sucesso da expedição comandada por Francisco Pizarro, filho enjeitado de uma camponesa, guardador de porcos analfabeto, que em busca de fortuna engajou-se no exército, conseguindo rápida ascensão social e indo parar na colônia espanhola estabelecida no Panamá. Nessa época, o Mar del Sur, como era chamado o Oceano Pacífico ao sul do Panamá, já fora navegado por espanhóis, que nada viram que lhes chamasse a atenção.

Vídeo sobre a conquista espanhola no Peru

A boa sorte do conquistador

Por uma dessas coincidências da História, Francisco Pizarro desembarcou no Peru em um momento muito particular. A disputa entre os irmãos desencadeara uma sangrenta guerra civil, desarticulando um império que já não era coeso. Muitas das províncias dominadas pelos incas não estavam ainda suficientemente aculturadas; outras simplesmente odiavam os colonizadores incas e encaravam os espanhóis como salvadores, sendo facilmente engajadas por Pizarro, que formou um exército índio composto por anaconas (homens de tribos vencidas, que haviam sido dominados pelos incas). Além disso, ele arregimentou índios das colônias do Caribe que, pertencendo a tribos antropófagas, chegaram a devorar aldeões incas – para horror dos próprios espanhóis…

La mala tierra

Atahualpa já sabia que estranhos homens brancos e barbudos vinham rondando a costa de seu reino há muito tempo e que haviam desembarcado em diversos pontos do litoral. Porém, por ter sido informado que eram poucos, e por estar ocupado com a guerra civil, não deu atenção ao assunto; quando fosse o momento, cuidaria dos estrangeiros. Esse foi o primeiro de seus erros que, porém, se justifica em parte: os espanhóis eram, de fato, poucos, e estavam passando péssimos bocados. Nada indicava o que viria a seguir.
As primeiras expedições haviam fracassado: os espanhóis foram dizimados pela fome, pelas doenças tropicais, pelos mosquitos e pelos ataques de índios, como aconteceu com um pequeno grupo cuja canoa encalhou em um banco de areia na foz de um rio e foi exterminado a flechadas.

Os momentos difíceis

Num dos momentos mais difíceis, Pizarro foi obrigado a se abrigar numa ilha com apenas 13 homens, enquanto seu sócio, Diego de Almagro, ia mais uma vez buscar reforços no Panamá, tendo que enfrentar a má vontade do governador da colônia, perturbado pelo número elevado de baixas e pela ausência de resultados. Pizarro sempre acabava ficando com a pior parte, passando fome, sendo devorado por mosquitos e enfrentando a revolta de seus homens que, segundo Cieza de León, estavam “muy tristes e espantados de ver tan mala tierra ”, achando que “el infierno no podria ser peor” e se maldizendo por terem saído do Panamá, “donde ya no les faltaba de comer”.

Los buenos españoles

A situação só começou a virar a favor dos espanhóis quando foram bem recebidos pelos índios de Tumbes, que se aproximaram dos navios com balsas, levando frutas e “cordeiros” (como os espanhóis chamavam as lhamas e alpacas). Foi nessa região que viram pela primeira vez a cor do ouro.
Procurando a colaboração dos índios, Pizarro garantiu-lhes que não os atacaria, enquanto procurava saber mais sobre a nova terra. Cuidadoso, mandou um negro, cujo nome se perdeu na História, e um espanhol – Alonso de Molina – até a aldeia, levando presentes. O negro fez mais sucesso do que os presentes: completamente ignorantes com relação à existência de etnias africanas, os índios pediram que ele molhasse a mão na água para testar se sua “tinta” sairia…

O presente de Alonso e o relato de Molina

Alonso, por sua vez, encantou-se de tal forma com uma bela índia que o cacique ofereceu-a como presente, oportunidade que o soldado não perdeu.
O relato de Molina, que disse ter encontrado na aldeia incontáveis objetos de ouro, foi a melhor notícia que Pizarro recebera nos últimos anos. Sua política cuidadosa, mandando que os soldados tratassem os índios “como crianças” e que não demonstrassem muito interesse pelo ouro, parece ter dado resultados pois, segundo Cieza de León, em diversos lugares da costa, os índios se referiam aos espanhóis como homens brancos e barbudos que não roubavam nem faziam mal a ninguém.

Os Viracochas

Acredita-se também que, ao menos inicialmente, os espanhóis, com armas de fogo e cavalos jamais antes vistos na América, podem ter sido considerados divinos, e que Pizarro pode ter sido confundido com o deus branco Viracocha regressado do mar. Mas os índios logo perceberiam com quem estavam lidando.
Um dos maiores problemas de Pizarro e Almagro é que não sabiam direito em que direção seguir. Aos poucos, porém, foram encontrando cada vez mais ouro. À medida em que o precioso metal aparecia, Almagro, que continuava buscando reforços no Panamá, conseguia obter mais soldados, cavalos e navios. Iria começar a conquista.

O apoio real

A descoberta de uma quantidade cada vez maior de ouro fez com que Pizarro e Almagro voltassem ao Panamá com navios carregados do cobiçado metal. De lá, o primeiro, a conselho do próprio Almagro (e contra a opinião de outros companheiros), seguiu para a Espanha para pedir o apoio real, devendo simultaneamente garantir determinados cargos para os membros do grupo.
Na corte, apesar de efetivamente conseguir o apoio real e o cargo de Governador das novas terras para si próprio, bem como cargos para outros membros da expedição, Pizarro não se empenhou o suficiente em fazer o mesmo para Almagro, o que fez surgir a primeira desavença entre eles. Ao mesmo tempo, a notícia da descoberta de tanto ouro abalou a Espanha, atraindo mais aventureiros para aquele novo El Dorado, dentre eles Hernando e Juan, irmãos de Francisco Pizarro, que acabariam por se desentender com Almagro, agravando a desunião do grupo.

Los malos españoles

Com o apoio da coroa espanhola, saíram da Nicarágua com aproximadamente 180 homens, para uma expedição que, desta vez, não foi nada amigável, fazendo com que todos os índios passassem a ver os cristãos como “gente cruel sin razón ni verdad, porque andavam hechos ladrones de tierra en tierra, robando e matando a los que no les habían ofendido”, ou seja, vagabundos que, no lugar de trabalhar, tomavam sua comida, saqueavam seus enfeites de ouro e prata e violentavam suas mulheres, soltando-as depois ou obrigando as mais bonitas a acompanhá-los, fazendo-as trabalhar também como cozinheiras. Esse foi um dos lados mais bárbaros da conquista. Assim, na marcha que culminaria em Cusco, as tropas de Pizarro foram espalhando seus genes – e sua sífilis – a índias de todas as classes sociais. Homens também eram capturados, para servir como carregadores e intérpretes à medida que iam aprendendo algumas palavras em castelhano.

As doenças trazidas pelos espanhóis

O contato com os espanhóis, sobretudo a intimidade desses com as índias, provocou epidemias de varíola e de outras doenças contra as quais os nativos não tinham resistência. O número de mortos era enorme; a sociedade inca se desestruturou. O sexo tornara-se uma “arma secreta” que dizimava os índios mais do que a espada.

O cavalo: vantagem dos espanhóis

Segundo se deduz dos relatos de Cieza de León e de outros cronistas da época, o que derrotou militarmente os incas foi o medo que tinham dos brancos, de suas armas e, principalmente, de seus cavalos. Inicialmente, os índios imaginavam que esses equinos comiam carne humana. No início da marcha de Pizarro, os espanhóis esconderam o corpo de um cavalo que, ferido, acabou morrendo, para que os índios não soubessem que esses animais eram mortais.
Quando os conquistadores investiam a cavalo, os índios, apesar de mais numerosos, no lugar de lutar, fugiam apavorados, sendo facilmente abatidos a golpes de lança por espanhóis que os perseguiam montados. Estes foram beneficiados ainda pelo terreno descampado, que facilitava o uso do cavalo e dificultava aos índios a tocaia. (Muito diferente da Amazônia, onde os espanhóis se deram mal, mesmo se defrontando com povos que viviam na Idade da Pedra).

A inferioridade dos armamentos e a falta de comando

No corpo a corpo em campo aberto, os incas não tinham a menor chance. Seus porretes de bronze com cabo de madeira, que funcionavam tão bem contra outras tribos, não eram páreo para as espadas de ferro dos conquistadores.
A diferença numérica era tão expressiva que os conquistadores poderiam ter sido exterminados. Bastariam algumas saraivadas de flechas ou mesmo de pedras arremessadas por fundas, armas que os incas conheciam.
Mas os nativos estavam desorientados sobre o que fazer, pois não houve uma ordem clara de Atahualpa para que enfrentassem os invasores. Assim, alguns tentavam resistir mas, à menor arremetida dos cavalos, saíam correndo; outros fingiam amizade; muitos simplesmente abandonavam suas aldeias e fugiam a qualquer sinal de proximidade do bando.
O cacique de Cuaque decidiu presentear soldados espanhóis com uma grande quantidade de esmeraldas para que poupassem sua aldeia, mas, ironicamente, os estrangeiros, tão ávidos por ouro, não lhe deram atenção, por desconhecerem o valor daquelas pedras.

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