New York e suas comunidades étnicas
Mapa de Manhattan
Hispânicos
Os hispânicos formam um dos contingentes mais importantes da população – uns dois milhões de pessoas. Habitam principalmente o East Harlem (que até ganhou a alcunha de El Barrio) e partes do Bronx, do Queens e do Brooklyn. Muitos são trabalhadores clandestinos. Os mexicanos, chamados às vezes pejorativamente de “chicanos”, constituem o principal grupo nacional entre os hispânicos nos EUA, embora não em Nova York. Os maiores grupos hispânicos de NYC são os porto-riquenhos e os dominicanos. Foram eles que criaram, em Nova York, a salsa. É curioso pensar que os Estados Unidos tomaram metade do território do México na guerra de 1846-48 e hoje são os mexicanos que estão “invadindo” os Estados Unidos. Em algumas décadas, os hispânicos poderão se tornar a maior parte da população.
Alguns dados preocupam as autoridades. Os imigrantes latino-americanos, em sua maior parte, estão mal integrados à sociedade norte-americana, ocupam postos de trabalho informal e têm pouco domínio do inglês, assim como baixa escolaridade, contrastando gritantemente com aqueles que freqüentaram o ensino básico norte-americano. Desse grupo, os mexicanos têm o nível de escolarização mais baixo de Nova York. Somente 30% dos adolescentes mexicanos ou de origem mexicana terminam os estudos secundários. Oriundos de regiões pobres do México e sem nenhuma formação, muitos sobrevivem em “empreguinhos” e bicos de todo tipo. Por exemplo, os garçons de cafés e restaurantes podem ser americanos, europeus ou filipinos, mas seus ajudantes, que arrumam e tiram a mesa, são hispânicos.
O conservador cientista político Samuel Huntington, autor de The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order (chamado pelo Secretário General da Agência Européia para a Cultura da UNESCO, José Vidal-Beneyto, de “o intelectual para todos os usos militares”…) diz que “não existe ‘el sueño americano’. Só existe o American Dream criado por uma sociedade anglo-protestante. Se os americanos de origem mexicana querem participar desse sonho e dessa sociedade, terão que sonhar em inglês”.
Apesar do que pensam Huntington e seus seguidores, Nova York tem mais de 30 jornais diários em outros idiomas e um grande número de placas em espanhol, como as que existem em estações de metrô. Mais ainda: praticamente todos as centrais telefônicas de atendimento ao cliente de órgãos públicos como a IRS (Receita Federal) e empresas de prestação de serviços como eletricidade e telefonia, além de bancos, oferecem atendimento em espanhol e em inglês. É impressionante.
Italianos
Por volta de 1870, as dificuldades econômicas e a falta de perspectivas no seu país obrigaram muitos italianos a imigrar para a América. Boa parte deles seguiu para o Brasil e a Argentina; outros foram para os Estados Unidos, principalmente Nova York. Embora hoje em dia os descendentes desses imigrantes já estejam espalhados pela cidade, no passado Little Italy era um verdadeiro ghetto. Muitos italianos e seus descendentes viriam a desempenhar importantes papéis nos destinos da cidade, como os prefeitos Fiorello de LaGuardia e Rudolph Giuliani.
Outros, felizmente uma minoria, inspiraram personagens de filmes como a trilogia O Poderoso Chefão. Os ítalo-americanos de hoje estão perfeitamente integrados. Al Capone é história. E, para alegria dos cinéfilos, a imigração italiana deu origem a talentosos nova-iorquinos como Robert De Niro (Roberto Mario De Niro Jr.), Al Pacino (Alfredo James Pacino) e Martin Scorsese (Martin Marcantonio Luciano Scorsese).
Germânicos
A denominação engloba alemães, austríacos e outros imigrantes de língua alemã. Chegaram em grande número também na segunda metade do século XIX e integraram-se rapidamente. A região de Yorkville, no Upper East Side, ocupada por eles, não é mais um “bairro alemão”.
Irlandeses
Os primeiros irlandeses chegaram a Nova York no século XVII, mas foi a partir de meados do século XIX que, premidos pela miséria e pela fome, passaram a imigrar em massa para os Estados Unidos e formaram uma enorme parcela da população nova-iorquina que se concentrou inicialmente nos bairros pobres do sul de Manhattan. Foram eles os maiores responsáveis (com uma mãozinha dos italianos) pelos primeiros movimentos que deram origem ao sindicalismo norte-americano. Muitos nova-iorquinos natos descendem desses imigrantes, aos quais se devem influências como a religião católica – e o gosto pela boa cerveja!
Asiáticos
Os asiáticos que chegaram no século XIX aos Estados Unidos para trabalhar em minas e na construção de estradas de ferro eram chineses. Hoje a imigração asiática está mais diversificada: além de chineses, Nova York recebe um grande número de pessoas oriundas da Coréia, das Filipinas, da Tailândia e outros países. Chinatown agora é um bairro asiático e não apenas chinês.
Eslavos, gregos, armênios
Nova York acolheu, em diferentes momentos, russos, poloneses, ucranianos, lituanos, letões e estonianos. Russos e poloneses, principalmente, fixaram-se no Brooklyn.
Gregos e armênios A comunidade grega, numerosa em Nova York, e muito unida, é visível no Queens, enquanto os armênios estão principalmente no Bronx. (Casamento Grego, embora filmado em Chicago, retrata de forma divertida o estilo de vida helênico nos EUA).
Africanos
Africanos e seus descendentes estão presentes desde o início da colonização britânica, quando Nova York foi a mais importante cidade escravagista americana. Hoje, a população negra é numerosa: aproximadamente 1,8 milhão de habitantes. Apesar de a média de seus rendimentos ser baixa se comparada à dos brancos, sua situação tem melhorado bastante nas últimas décadas. Negros exercem as mais diferentes atividades profissionais e ocupam cargos administrativos de importância. Em 1989, David Dinkins foi eleito o primeiro prefeito negro da cidade. Boa parte da população afro-americana habita o Harlem, algumas áreas de Brooklyn (Bedford-Stuyvesant) e Queens (South Jamaica).
Embora os negros norte-americanos (“afro-americanos”) descendentes de escravos africanos sejam culturalmente diferentes de jamaicanos, haitianos e caribenhos, e nem sempre tenham muitas afinidades entre si, isso não é evidente para o turista brasileiro. No caso dos negros hispânicos, a primeira dificuldade para serem aceitos pelos negros americanos é o idioma. Diga-se de passagem, nem os brancos americanos entendem direito quando dois brothers do Harlem conversam entre si, usando um verdadeiro dialeto repleto de gírias.
Chama a atenção que, embora negros e brancos consigam conviver em relativa harmonia em Nova York, não se misturam. Os brancos têm as suas comunidades e os negros, as deles. Um dos motivos é que a miscigenação, diferentemente do que ocorre no Brasil, foi e ainda é mínima. Nos Estados Unidos não há o “quase branco”, o “mulato claro” ou o “moreninho”. Mulatos como Barak Obama (a mãe dele é branca, o pai é negro) são considerados “negros” pelos brancos americanos, mas não são aceitos plenamente pelos negros. Para brasileiros como nós, não é muito fácil entender!
Judeus
(De diversas nacionalidades) A maior parte dos judeus que imigraram para Nova York, de origem ashkenazi, partiu da Europa Oriental, da Alemanha e da Holanda, dentre outros países. Os primeiros, porém, foram espanhóis e portugueses do ramo sefaradim que partiram para os Estados Unidos no século XVII, quando foram expulsos do Recife, no Brasil. Aliás, a mais antiga sepultura judaica da cidade de Nova York é a de um certo José Benjamin Bueno de Mesquita, falecido em 1683.
A colônia judaica consolidou-se por volta de 1880, quando grande número de imigrantes se fixou no Lower East Side e no Brooklyn. Nova York possui hoje uma das maiores populações judaicas do mundo. É inestimável sua contribuição à cultura da cidade em áreas como música, cinema, ciências e até gastronomia; embora hoje existam delis pertencentes a gregos e coreanos, elas e seus deliciosos pratos são criações hebraicas.
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