Curiosidades sobre os incas: conheciam a escrita?
É intrigante que os incas não tenham, aparentemente, desenvolvido uma escrita. Ou que vestígios de uma possível escrita tenham sido completamente destruídos.
O assunto desperta controvérsias. Alguns afirmam que a escrita existira e se tornara proibida em tempos remotos. Outros discordam: afinal, nunca foi encontrado um “texto” inca. Tudo o que há são registros de padres espanhóis que, no século XVI, ao elaborarem dicio-nários que visavam à tradução de vocábulos quéchuas, neles inseriram a palavra quillca, que significaria “papel, livro ou carta”.
Ideogramas
Há hoje evidências da existência não propriamente de um alfabeto, mas de desenhos que representariam palavras: ideogramas reservados ao conhecimento dos amautas. A restrição de seu uso poderia explicar porque os espanhóis (e os índios que lhes serviram como fonte de informação) não conheceram essa “escrita”.
Os quipús
Certo é, porém, que os incas possuíam uma linguagem codificada em quipús: cordõezinhos coloridos de diferentes grossuras, com nós que só os iniciados decifravam. Esses cordõezinhos “falavam” muito mais do que se pode supor ao olhá-los. Informavam datas, quantidades, dados econômicos, históricos e demográficos: um verdadeiro livro-caixa do mundo inca. Um sistema de mensageiros, os chasquis, que se revezavam na entrega de mensagens, mantinha o imperador informado da situação em cada província. Sem ter como anotar, transmitiam mensagens curtas e objetivas que o mensageiro deveria decorar e repetir com exatidão para o colega que o revezaria no trecho seguinte do caminho, como na brincadeira de “telefone sem fio”. Os postos ao longo da estrada eram situados em pontos estratégicos e podiam, no caso de algum acontecimento grave (como rebelião em uma província), providenciar comunicação por meio de sinais de fumaça durante o dia e sinais luminosos à noite. Assim, em poucas horas, a notícia chegava a Cusco, a centenas de quilômetros de distância. Era o telegrama incaico.
A casa inca
As residências dos nobres e sacerdotes, feitas de pedra, eram compostas por vários cômodos forrados com tapetes de pele e plumas, que enfeitavam também as paredes. Já as casas dos hatun runa eram feitas de adobe e compostas por um único aposento, onde os membros da família dormiam sobre esteiras, cozinhavam, criavam porquinhos-da-Índia (cuys) e trabalhavam sob pencas de espigas de milho penduradas em traves do telhado. O ponto em comum é que, independentemente da classe social, em nenhuma residência havia móveis, praticamente desconhecidos dos incas, que comiam de cócoras. A privacidade era praticamente nula: as portas das casas deveriam estar sempre abertas pois, a qualquer momento, podia-se receber a visita do llactacamayu (uma espécie de “comissário do povo”), que verificava se tudo estava nos conformes.
Eu vos declaro “maridos e mulheres”
O casamento dos cidadãos comuns era uma cerimônia coletiva, na qual aqueles que haviam cumprido o serviço militar recebiam uma esposa. O evento, que ocorria anualmente, era comandado pelo Tucuy Ricoc, que assumia então o título de Huarmicoco ou “distribuidor de mulheres”, entregando cada moça a um rapaz do mesmo ayllu. Como os ayllus eram geralmente divididos em duas zonas, separadas por um rio, os homens que habitavam uma das margens casavam-se com mulheres que habitavam a outra. Não era permitido o casamento de pessoas de ayllus diferentes. A medida tinha como objetivo estreitar os laços comunitários e reduzir o risco de incesto. O Huarmicoco fazia as combinações preferencialmente pelo tipo físico: o mais alto com a mais alta, o baixinho com a baixinha… Fazia sentido!
As Virgens do Sol
Uma curiosa instituição inca foi o Acllahuasi. Nele eram educadas as escolhidas, ou acllas, meninas selecionadas aos quatro anos de idade por seu ayllu (comunidade) por gozarem da mais perfeita saúde, não terem defeitos físicos e serem bonitas. Podiam, aos quatorze anos, optar por continuar no Acllahuasi ou voltar ao seu ayllu. Permanecendo no Acllahuasi, algumas passavam a integrar o grupo de Virgens do Sol; outras tornavam-se mulheres do Inca, de seus filhos ou de nobres que o Inca queria recompensar. As que decidiam ser Virgens do Sol dedicavam sua vida à religião. Não podiam se casar e deviam manter-se castas. O castigo para a perda da virgindade era a morte. Ela e seu amante tinham os olhos arrancados e eram assados vivos ou enterrados juntos num pequeno buraco.
Fiesta de la Virgen de la Candelaria
Essa festa, a mais importante de Puno, em honra à padroeira da cidade, acontece durante a primeira semana de fevereiro. Boa parte da população participa de danças, como a Diablada (“a dança do Diabo”) e veste fantasias e máscaras, desfilando em ruidosos grupos com pelo menos metade dos participantes completamente embriagados de pisco. Apesar de ser chamado também de “Carnaval de la Candelaria”, durante muito tempo foi uma festa bem comportadinha, com danças mais ritualísticas do que outra coisa. Os novos tempos, o marketing turístico ou ambos introduziram mudanças. Agora as cholitas estão produzidas e de pernas de fora. Não espere, entretanto, dançarinas semi-nuas como no Carnaval carioca, pois isso não combina com o jeito de ser do povo local, com o clima frio, nem com a festa, de natureza religiosa. O Carnaval da Candelaria reúne tradições andinas, com homenagens a Pachamama (a Mãe-Terra) e católicas, com a Virgem sendo conduzida numa procissão.
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