História de Portugal: o século XVIII

História de Portugal: o século XVIII, o desperdício do ouro mineiro, a Inquisição, a influência do clero.
Igreja da Misericórdia, Lisboa, Portugal, - Foto Amaianos CCBY
História de Portugal: o século XVIII. Na foto Igreja da Misericórdia, Lisboa, Portugal, Foto Amaianos CCBY

História de Portugal: o século XVIII

A nobreza lusitana era composta por nobres de sangue e por um numeroso grupo beneficiado com títulos nobiliárquicos, como altos funcionários e militares recompensados por seus méritos.

Mapa de Portugal

A nobreza

Essa nobreza endinheirada seguia a última moda de Paris, importava roupas inglesas, erguia luxuosos palácios e desfrutava da abundância resultante do dinheiro fácil. Enquanto os homens encontravam-se em reuniões sociais e jantares, as mulheres eram mantidas segregadas, talvez por influência da cultura islâmica, e só saiam às ruas por ocasião de grandes acontecimentos. Um “programão” eram os julgamentos e execuções de condenados pela Inquisição, em que mulheres e homens eram amarrados a postes e incinerados.

Lisboa: rica, cheia de palácios e igrejas ricamente decorada, mas suja

A riqueza gerada pelos metais preciosos da colônia, entretanto, não trouxe vantagens para a maioria dos portugueses nem melhora da qualidade de vida do homem do campo, que continuava a viver em condições semelhantes àquelas existentes na Idade Média.
Apesar de seus palácios, Lisboa era ainda uma cidade suja, cujas ruas eram latrinas a céu aberto nas quais à noite cada um, depois de um grito de aviso (“Água vai!”) despejava seu urinol. Nobres e religiosos só circulavam em liteiras fechadas por cortinas, transportadas por escravos.

Para obras públicas sobrava muito pouco

O famoso Aqueduto das Águas Livres foi uma iniciativa dos vereadores de Lisboa. O rei Dom João V, embora fosse o soberano mais rico da Europa e queimasse fortunas com os luxos da corte, não demonstrou interesse em pôr a mão no bolso para financiar uma obra tão necessária aos lisboetas. Preferia outros investimentos. Uma das obras mais espetaculares da época foi seu Palácio de Mafra, fora da cidade, com cerca de mil salas luxuosamente mobiliadas e rodeado de jardins em estilo francês.

O equilibrio das finanças

 No plano comercial, Portugal pôde equilibrar suas finanças e acabar com o crônico déficit orçamentário do país, cuja balança comercial vivia pendente para o lado dos ingleses. Como Antero de Quental diria mais tarde: “Nunca povo algum absorveu tantos tesouros, ficando ao mesmo tempo tão pobre!”. O historiador Oliveira Martins diria mais ou menos na mesma época: “O ouro e os diamantes do Brasil foram a transfusão de sangue num corpo anêmico”.

O ouro de Minas no Brasil

Sejamos justos: o Brasil também se beneficiou em parte de seu ouro. As cidades cresceram e ganharam novos edifícios, a pecuária se desenvolveu, o país passou a exportar couro para a metrópole, as minas atraíram imigrantes, o comércio cresceu e a população aumentou, equiparando-se e depois superando a da metrópole. A riqueza da colônia, seu enorme território e o potencial que representava eram tais que se cogitou em transferir a corte para o Brasil, o que aconteceria um século depois em circunstâncias aflitivas.

A pirataria

Tanta circulação de riquezas atraiu piratas. Bérberes da costa da África não queriam apenas mercadorias. Ricos cristãos aprisionados tinham que pagar pesados resgates por sua libertação. Quem não tivesse como pagar era escravizado. Outro problema era o contrabando de ouro, pau-brasil e tabaco, monopólios reais. Houve períodos em que mais da metade da produção aurífera circulava no mercado clandestino.

Santos do pau oco

Parte desse contrabando era realizado por religiosos, que não eram, em princípio, revistados. Uma das táticas era enfiar o ouro em pó em cavidades de imagens de santos. Daí a expressão “santo do pau oco”. Sabendo o que acontecia, a Coroa os proibiu, durante algum tempo, de circular por Minas Gerais.

Os crimes fiscais

 O tabaco também era objeto de sonegação de impostos e de todo tipo de fraude. Ele era produzido ilegalmente até mesmo em conventos em Portugal e vendido ao pé da letra por baixo dos panos… A corrupção, a inépcia e a confusão administrativa facilitavam todos os crimes fiscais, tornando-se verdadeiras pragas para as finanças reais.

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