História de Portugal: a fuga da corte para o Brasil

História de Portugal: a invasão do país pelas tropas de Napoleão, a fuga da corte para o Brasil, as consequências para o Brasil.

Dom João VI

História de Portugal: a fuga da corte para o Brasil

Quando seu protetor, o rei Dom José I, morreu em 1777 e Dona Maria, próxima à Igreja e aos nobres, subiu ao trono, muitas das reformas de Pombal foram anuladas. Ele foi destituído de suas funções e confinado em seu palácio, onde morreu em maio de 1782.

Um reinado controlado pela Igreja

O reinado de Dona Maria, bastante influenciado pela Igreja, foi essencialmente conservador, privilegiando os interesses do clero e da nobreza, proprietários não apenas da maior parte das terras, mas também dos moinhos, submetendo os camponeses em pleno Século da Luzes a condições de trabalho quase feudais. Nas cidades, porém, o desenvolvimento de uma pequena burguesia favoreceu discussões inspiradas nos ideais de liberdade e igualdade que abalavam os Estados Unidos e a França. É óbvio que tais assuntos eram conversados entre quatro paredes, já que maçons e simpatizantes da Revolução Americana ou de pensadores franceses eram perseguidos. A situação ficou pior do que nos tempos em que o autoritário marquês dava as cartas. Daí o dito popular da época: “Mal por mal, melhor Pombal”.

A descoberta de diamantes no Brasil

No final do século XVIII, a descoberta de diamantes veio, em parte, compensar a perda de receitas do ouro mineiro, cujos veios começavam a se esgotar. Portugal estava cada vez mais dependente de suas colônias, sobretudo do Brasil, onde a população nativa, a exemplo de outros países do continente, influenciados pela independência dos EUA, começava a almejar sua independência, sentimento exteriorizado durante a Inconfidência Mineira.

A Revolução France e o novo quadro diplomático europeu

Com a Revolução Francesa de 1789, a ascensão de Bonaparte e as Guerras Napoleônicas entre França e a Inglaterra e seus aliados no começo do século XIX, Portugal se viu diante de um novo e sério dilema. A França havia imposto um bloqueio continental à Inglaterra, impedindo o acesso de navios ingleses aos portos de todo o continente, incluindo os portugueses. Pressionado por ambos os lados, o indeciso Dom João VI, sucessor de sua mãe Maria I, que enlouquecera, durante um tempo não conseguiu tomar partido e fez o que mais sabia fazer: contemporizar, prometendo simultaneamente fidelidade a Napoleão e à coroa inglesa. Isso funcionou durante algum tempo, até que Napoleão, cansado de ser enrolado, deu-lhe um ultimato e pôs suas tropas a caminho da Península Ibérica.

A fuga da família real, que espetáculo!

Dom João optou pela fuga. A alternativa de transferir o governo português para o Rio já era cogitada há muito tempo, uma vez que a colônia tornara-se mais rica do que a metrópole.

Carlota Joaquina

Uma das vozes que mais se opunha ao plano do rei era a de sua esposa, a espanhola Carlota Joaquina, de gênio difícil e, segundo relatos, conhecida por suas infidelidades e conspirações contra o marido. Os dois se odiavam. Conta-se que, certa vez, para evitar cruzar sua carruagem com a da rainha, Dom João mandou seus cocheiros darem meia volta: “Voltem para trás! Vem aí a puta!”.

A família real no Brasil

A partida da família real portuguesa na calada da noite, sob escolta de navios de guerra britânicos, tornou-se assunto quase folclórico entre os historiadores. A família real, cortesãos, religiosos, altos funcionários, todo mundo que pôde tentou fugir, abandonando o estupefato povo de Lisboa à própria sorte. Foi tanta a pressa que pertences e caixas foram esquecidos no cais. Carruagens rodavam aceleradamente em direção ao porto. Numa delas, Dona Maria, a Louca, gritava a seus cocheiros: “Devagar, devagar, senão vão a pensar que estamos a fugir!”. Carlota Joaquina, por sua vez, embarcou em navio diferente de Dom João, proferindo palavrões.

Os franceses ocupam Lisboa

Quem ficou tratou de acolher bem os franceses, que ocuparam e passaram a governar Lisboa. A esperança de boa parte dos portugueses mais esclarecidos era que Junot, o comandante francês, fosse apoiar propostas reformistas, mas aconteceu o contrário. Uma decepção para os setores liberais.

O Brasil saiu ganhando

Se Portugal sofreu com a invasão francesa, o Brasil saiu ganhando. Não fosse a vinda da família real, é possível que o país acabasse dividido em pequenas repúblicas governadas por caudilhos locais, como aconteceu com a América espanhola.
A colônia também se beneficiou com a abertura de fundições, construção de escolas e da liberdade de comércio com “nações amigas” – leia-se: a Inglaterra. Os produtos, que transitavam antes por Portugal para serem re-exportados e taxados, passaram a ser comercializados diretamente pelo Brasil.

A revolta em Portugal

Em Portugal muitos se levantaram contra a ocupação francesa e as pilhagens promovidas pelas tropas de Napoleão. No Porto estourou uma rebelião e, no campo, resistentes organizaram guerrilhas. Pouco mais tarde, o Duque de Wellington desembarcou em Figueira da Foz e, com apoio dos portugueses, conseguiu vencer as tropas de Napoleão.
O acordo de paz entre ingleses e franceses, assinado na cidade de Sintra, foi uma verdadeira afronta ao povo português. Não só Junot pôde deixar Portugal com o produto do saque e as reservas de ouro do país, como os ingleses se ofereceram para transportá-los graciosamente até a França.
A atitude pegou mal e muitos portugueses passaram a detestar tantos os invasores franceses quanto os “amigos ingleses” que, quando podiam, também pilhavam. Napoleão tentou outras invasões, mas foi repelido nas Batalhas de Buçaco e de Torres Vedras por tropas anglo-portuguesas.

Dom João no Brasil: sem presa de voltar a Portugal

Mesmo depois de a situação na Europa ter se acalmado, Dom João VI foi ficando no Brasil, saboreando seus franguinhos na manteiga, até que uma revolução iniciada na cidade do Porto em 1820, que se estendeu a Lisboa, resultou na expulsão dos ingleses.
A liderança revolucionária redigiu uma Constituição que transformava o país em uma monarquia parlamentar, reduzia as vantagens do clero e oferecia certas vantagens aos camponeses. Revolução Liberal, mas liberal no conceito português.

A Atitude das Cortes Portuguesas

A atitude das cortes para com o Brasil foi outra: devíamos voltar à condição de colônia, pura e simplesmente. Em 1821, a família real foi intimada a regressar a Portugal. Sem alternativas e temendo por seu trono, Dom João VI afinal resolveu arrumar suas malas e voltar para a terrinha. Ao partir, esvaziou o Banco do Brasil e levou o grosso do tesouro real brasileiro.

A despedida de Carlota Joaquina

A rainha Carlota Joaquina, por sua vez, que odiava o país tropical onde fora obrigada a se exilar, ao embarcar para Portugal teria atirado seus sapatos ao mar: “Nem nos calçados quero essa maldita terra do Brasil”.
Dom João VI reassumiu o trono como monarca constitucional. Pouco depois, porém, em abril de 1824, seu filho Miguel e a rainha-mãe, Carlota Joaquina, tentaram derrubá-lo. A Abrilada obrigou o monarca a procurar refúgio em um navio de guerra inglês até retomar o controle da situação com a ajuda da Inglaterra.

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