Os primeiros tempos
O primeiro europeu a avistar a foz do rio Hudson, em 1524, foi o florentino Giovanni da Verrazzano, contratado pelo rei da França, Francisco I, para tentar encontrar um caminho marítimo para as Índias. Sem imaginar que séculos mais tarde, a então maior ponte do mundo seria batizada com seu nome, Giovanni manteve-se prudentemente a bordo.
Henry Hudson
A segunda incursão foi feita por Henry Hudson, um inglês a serviço da Companhia das Índias Orientais, empresa comercial holandesa. Hudson já navegara por boa parte da costa da América do Norte quando chegou a Manhattan e deparou com o grande estuário do rio que hoje leva seu nome. Avançou cerca de 240 km, da foz até o local em que hoje fica a cidade de Albany. Nessa época, a área que viria a ser ocupada por Nova York era habitada pelos índios lenapes.
Voltando a Londres, Hudson foi encarcerado por ter servido aos holandeses e liberado posteriormente, mediante a promessa de trabalhar unicamente para a Inglaterra.
A expedição de 1610
Assim, em 1610, dessa vez financiado por um grupo inglês, ele partiu a bordo do Discovery, comandando nova expedição destinada a encontrar um caminho para o Oceano Pacífico pelo norte do atual Canadá. Não teve sorte. Em novembro daquele ano, seu navio ficou preso no gelo. A tripulação, com fome e frio, amotinou-se em junho de 1611. Hudson, seu filho e alguns tripulantes leais a ele foram embarcados num bote salva-vidas e abandonados no mar. Nunca mais foram encontrados. Uns poucos amotinados sobreviveram para contar a história e conseguiram regressar à Inglaterra, onde foram presos.
Em 1624 trinta famílias holandesas chegam a Manhattan
Os holandeses não haviam desistido de criar a colônia de Nova Holanda (New Netherland) na América. Em 1624, cerca de trinta famílias holandesas de comerciantes de peles se estabeleceram na Governor’s Island, onde fundaram o povoado de Nova Amsterdã.
No ano seguinte, outras 125 famílias chegaram a Manhattan (cujo nome deriva da palavra indígena mannahatta), onde foi construído um forte para proteção do território holandês.
Manhattan comprada aos índios por 24 dólares
Segundo a lenda, Manhattan foi comprada dos lenapes em 1626 pelo holandês Peter Minuit, que teria pago 60 guilders (ou 24 dólares) em miçangas de vidro. A venda teria sido um “mal-entendido”; os índios, para os quais a terra é um bem comum, consideraram que em troca dos presentes estariam apenas aceitando compartilhar a ilha.
Peter Stuyvesant
Em 1647, foi nomeado governador da Nova Holanda Peter Stuyvesant, um durão radical e metido a puritano, que tentou moralizar na marra os hábitos um tanto desregrados da colônia, onde, dizia-se, os botecos eram tão numerosos quanto as residências. Uma de suas primeiras medidas foi expulsar o antigo governador Willem Kieft e mexer com a “vida noturna” da futura Nova York, impondo o fechamento das tavernas às 21h. Nessa época a pequena aglomeração era uma bagunça, sem nenhum planejamento urbano. Cada um construía sua casa onde bem lhe apetecia.
Nova Amsterdã adquire o status de cidade em 1653
Parte de seus primeiros habitantes foi composta por imigrantes saídos do Brasil. Acontece que, para escapar da Inquisição em Portugal, muitos judeus haviam fugido para o Brasil, onde se estabeleceram em Recife. Porém, mesmo deste lado do oceano, foram impedidos de praticar sua religião até a invasão de Pernambuco pelos holandeses, quando Maurício de Nassau autorizou a liberdade de culto.
Judeus brasileiros deixam Pernambuco por causa da perseguição religiosa e vão para Manhattan
Com a expulsão dos holandeses do Brasil, a próspera colônia judaica de Recife viu-se obrigada a fugir novamente e acabou indo parar – quem diria! – na futura Nova York. O perna-de-pau Stuyvesant (cuja perna direita fora arrancada por um tiro de canhão em 1644 em uma batalha contra os espanhóis no Caribe), além de mal-humorado, era intolerante, e só aceitou a presença de colonos judeus porque a Companhia das Índias exigiu.
Uma curiosidade: A sinagoga Kahal Zur Israel, que funcionou até 1645 e hoje é atração turística no Recife, tinha em sua comunidade gente com sobrenomes como Alves, Serra, Cardoso, Nunes, Rodrigues, Andrade… Será que você tem parentes em Nova York?).
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