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Carlos Gardel
A Argentina é uma terra de mitos; vide Perón, Evita e Maradona. Carlos Gardel é um deles. Como sempre acontece com os mitos há versões contraditórias, mistérios e dúvidas sobre as origens de Gardel. Há quem afirme que era argentino; no Uruguai, dizem que ele era uruguaio; e a maioria das versões garante que ele era francês. Segundo os uruguaios, Gardel seria filho natural de um fazendeiro de Tacuarembó (norte de Uruguai), Carlos Escayola, e de sua jovem cunhada ainda menor de idade, María Lelia Oliva Sghirla.
Armado o escândalo (afinal, de uma cunhada têm-se sobrinhos, não filhos!) o bebê teria sido entregue a uma moça chamada Berthe Gardès. Essa versão não agrada os argentinos – há quem diga que isso é coisa de uruguaios para irritar aos portenhos… Pesquisas recentes parecem comprovar que Gardel era realmente francês. Teria nascido na cidade de Toulouse em dezembro de 1890 e sido batizado com o nome de Charles (Carlos em francês). Aos três anos de idade, teria desembarcado em Buenos Aires com sua mãe Berthe, abandonada pelo pai do menino, Paul Lasèrreque, que só foi a Buenos Aires em 1930 para reconhecer a paternidade quando Gardel já se tornara famoso.
O fato é que o menino cresceu no Abasto, na época um bairro de classe média baixa, e começou sua carreira em cabarés baratos, onde era conhecido como El Morocho de Abasto (“o moreno do Abasto”). É bom lembrar que o tango, inicialmente cantado em bordéis e inferninhos vagabundos, não era bem visto pela elite portenha, que teve muita dificuldade em aceitar um tipo de dança considerada demasiadamente sexualizada, com passos atrevidos de pernas entrelaçadas, jogos de olhares e gestos que lembram um verdadeiro “ritual de acasalamento”. Inicialmente apenas instrumental, tocado com instrumentos de corda e flauta, o tango ganhou letras e o reforço poderoso do piano, tornando-se “tango-canção”, gênero musical inspirado na nostalgia, na paixão, nos amores não correspondidos, na traição e na fatalidade.
O tema combinava maravilhosamente com a voz cristalina de Charles Gardès que, tendo adotado o nome de Carlos Gardel, gravou em 1917 seu primeiro tango: Mi noche triste, de Pascual Contursi, regravado algum tempo depois com o selo de uma das maiores gravadoras da época, a Odeon. A partir daí, tornou-se cada vez mais famoso e em 1924 passou a cantar em rádios – o que, na época, era o máximo do sucesso.
Gardel foi, além de cantor, compositor. Dentre suas obras mais conhecidas estão Mi Buenos Aires Querido, Por una Cabeza (aquela que o Al Pacino dançou no filme Perfume de Mulher), El dia que me quieras (a mais linda de todas!), Melodia de Arrabal, Mano a Mano e Volver.
Tendo se tornado famoso, Gardel foi convidado a participar de filmes; o primeiro foi rodado na época do cinema mudo e o cantor, naturalmente, não abria a boca. A partir de 1931, Gardel apareceu em vários filmes de longa metragem, começando com Luces de Buenos Aires (filmado na França). Seguiram-se Esperame (1933), La casa es seria (1933), Melodía de Arrabal (1933), Cuesta Abajo (1934), El Tango en Broadway (1935), Cazadores de estrellas (1934), El día que me quieras (1935) e Tango Bar (1935).
É bem possível que sem Gardel o tango nunca tivesse sido o que foi, pois foi ele quem contribuiu definitivamente para sua introdução na Europa, um passo indispensável para a aceitação desse gênero musical pelas elites argentinas. Estas acabaram adotando-o como música nacional e o tango passou a ser tocado em casas noturnas elegantes. Virou moda, apesar da oposição da Igreja, que continuava a ver na música e, principalmente, na dança, um atentado ao pudor. Apesar disso (ou talvez por isso mesmo, já que as pessoas parecem ter uma tendência a se interessar por tudo que a religião considera imoral) o tango virou paixão e Gardel, um ídolo nacional.
Sabe-se que o cantor era bem-humorado, um boêmio, bon vivant, apreciador de boa comida (o que o fez engordar), da noite e da sedução (o que lhe valeu algumas encrencas, entre elas o episódio mal explicado do tiro que levou no Palais de Glace). Alguns de seus filmes rodados na Europa e Estados Unidos foram produzidos com o apoio financeiro da Baronesa de Wakefield, uma admiradora com o qual Gardel teria tido uma relação bem próxima.
Carlos Gardel estava no auge de sua carreira quando morreu num acidente aéreo em junho de 1935, em Medellín, na Colômbia, durante uma turnê. Há uma foto sua tirada momentos antes de embarcar. A comoção causada por sua morte foi imensa; assim como Evita, ele morreu jovem e no auge da fama.
Calle Zelaya
(Abasto) Por iniciativa do artista Marino Santa María, que motivou os moradores da Calle Zelaya, no bairro de Abasto, onde morou Carlos Gardel, a maioria das casas tiveram suas paredes pintadas com temas alusivos ao tango e ao seu grande ídolo. Por exemplo, o mesmo retrato de Gardel, com seu eterno sorriso, pintado em cores diferentes. É uma pena que as pinturas não estejam bem conservadas.
Estação de metrô Carlos Gardel
Esta estação de metrô tem painéis que homenageiam o espírito tangueiro do bairro de Abasto, com destaque, é claro, para Gardel.
Cemitério de Chacarita
Av. Triunvirato (Chacarita). O gigantesco cemitério tem por principal interesse o túmulo de Carlos Gardel. Sua estátua em bronze em tamanho natural o mostra sorrindo e, entre seus dedos costuma haver um cigarro colocado por algum fã. Os eternos admiradores não deixam faltar flores no túmulo do cantor. No dia 11 de dezembro, Dia Nacional do Tango, o cemitério fica lotado de fãs.
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