A captura de Atahualpa

A captura de Atahualpa: como funcionou o plano espanhol em Cajamarca, para capturar e aprisionar o imperador Inca Atahualpa.
Construções incas em Machu Picchu, no Peru

CAPTURA DE ATAHUALPA DUPLA

A captura de Atahualpa, um plano bem sucedido

Trecho do romance histórico: ” O Ouro Maldito dos Incas”

Atahualpa chega a Cajamarca

Pouco antes do anoitecer, Atahualpa chegou à praça de Cajamarca com uma grande comitiva. Tinha atrás de si um enorme exército, mas não havia espaço na praça para tanta gente e só um número limitado de guerreiros pode acompanhá-lo – um dos erros do Inca. Em um primeiro momento lhe teria sido proposto, por meio de um intérprete de duvidosa competência (que, segundo alguns, não falava nem quéchua nem espanhol!) que se convertesse ao cristianismo e aceitasse a autoridade de Carlos V, rei da Espanha. O mais provável é que Atahualpa simplesmente não tenha entendido nada do que lhe foi dito ou não conseguisse acreditar que aquela meia dúzia de gatos pingados tivessem a ousadia de lhe propor tal coisa.

Uma jogada de alto risco

Foi assim que, relatam alguns historiadores, teria atirado ao chão a Bíblia que lhe fora oferecida, provocando a ira dos espanhóis, que atacaram sua guarda pessoal. Independente de o episódio da Bíblia ser ou não verdadeiro, o ataque já era previsto. Os espanhóis, ao atacar de surpresa a comitiva inca, conseguiram, numa jogada de alto risco, aprisionar Atahualpa. Assustados com aquela arma que matava à distância com um estampido semelhante ao do trovão; com o cavalo, um animal desconhecido; e com seu imperador nas mãos dos espanhóis, os soldados do poderoso exército inca entraram em pânico. Aterrorizados, tentaram sair todos ao mesmo tempo da praça, pisoteando-se, num episódio que causou um enorme número de mortes; os que ficaram foram massacrados. Os cronistas falam em 20 mil mortos, quantia talvez exagerada. Os espanhóis não perderam um só homem. Vencedores, pilharam a cidade, recolhendo ouro e prata e capturando “muchas señoras de liñage real y de caciques del reino, algumas muy hermosas y vistosas”.

A cilada

A prisão de Atahualpa foi uma decorrência de sua excessiva autoconfiança. Ele teria chegado a acreditar, com o retorno de Pizarro pelo mar, que o próprio deus-criador Viracocha viera saudá-lo como o novo Inca. Mesmo sabendo por espiões quem de fato eram os invasores, ao invés de organizar a resistência e preparar seu exército para enfrentá-lo, ainda seguro de si por estar acompanhado por milhares de guerreiros face aos espanhóis tão pouco numerosos, resolveu recebê-los em Cajamarca.
Sabe-se pelos relatos de Cieza de León que Pizarro enviou Soto como embaixador, pedindo um encontro. Soto dirigiu-se amavelmente a Atahualpa, mas fez propositalmente seu cavalo empinar. O bicho relinchou quase na cara do Inca, que estava num palanque e se manteve impassível. Mas a demonstração de força teve impacto na população: muitos súditos do Inca, apavorados, deram no pé.

O medo que os incas tinham dos cavalos

Quando Soto se foi, Atahualpa, furioso, disse que o cavalo era apenas um animal que, ao que constava, não comia carne; era como uma lhama, só que maior e menos dócil. Acrescentou que aqueles que fugiram eram covardes que o tinham envergonhado na frente do embaixador dos viracochas (como denominavam os espanhóis). Como castigo, mandou matá-los.
O episódio teve consequências. Atahualpa, que pretendia atrair os espanhóis para uma cilada, mandou um mensageiro avisar que compareceria ao encontro, mas que seus índios tinham medo dos cachorros e cavalos; queria, portanto, que os animais estivessem presos. Sua intenção era, neutralizando o poder atemorizante dos animais, mandar seus guerreiros atacar os brancos, dominando-os.
O tiro saiu pela culatra; era tudo o que os espanhóis precisavam, porque puderam enfiar os cavalos dentro das casas em volta da praça, aparentemente atendendo ao pedido de Atahualpa quando, na verdade, armavam uma cilada. A uma ordem de Pizarro, sairiam das casas montados sobre os animais e lançariam-se, de surpresa, sobre Atahualpa e seus homens.
O mais curioso é que Atahualpa sabia onde estavam os espanhóis, pois havia enviado um espião que voltou com a notícia (parcialmente equivocada) de que os viracochas, apavorados, tinham se escondido nas casas e que só Pizarro e poucos outros esperavam na praça pelo Inca.

A captura de Atahualpa selou o fim do Império Inca

Nessa escaramuça, que demorou menos de uma hora, foi decidido o destino do império. Foi um tudo ou nada que deu certo: estava aberto caminho para o saque de tamanha quantidade de riquezas e o domínio de um território tão vasto, que o rumo da História da América e da Europa restaria vinculado, por séculos, a essa conquista.

O resgate

Feito prisioneiro, Atahualpa não foi maltratado, mas mantido em Cajamarca com certas regalias. Podia receber visitas, embora fosse estritamente vigiado. Em troca, Pizarro exigiu que ordenasse a seu povo que não hostilizasse os estrangeiros. Temendo um acordo de Pizarro com seu irmão preso em Cusco, Atahualpa conseguiu mandar mensageiros ordenando que matassem Huáscar. Este foi afogado num rio onde seu corpo foi abandonado. (Pena severa segundo a crença índia; afogados e queimados perdiam suas almas).

Isso feito, Atahualpa negociou com os espanhóis a sua libertação: um quarto cheio de ouro e prata. Pizarro mandou a Cusco três soldados, jovens que Cieza de León afirmou serem de “poco saber”, ou seja, uns ignorantes embrutecidos, acompanhados de índios, que deveriam buscar o resgate. Esses foram os primeiros brancos a entrar na capital inca. Aprontaram o diabo… Os incas, respeitosos, alojaram-nos com todo conforto e colocaram Virgens do Sol para servi-los, mas eles “las corrompieran sin ninguna verguenza ni temor de Dios”, desrespeitaram os templos e roubaram tudo quanto era ouro que viram pela frente. (Essa prática tornou-se, pouco depois, generalizada. Almagro chegou autorizar que cada espanhol tomasse para si o ouro que encontrasse.).

Estupefatos, os habitantes de Cusco se entreolharam: eram esses os tais “deuses”? Trataram de lhes dar todo o ouro prometido e mandá-los de volta a Pizarro bem depressa. No caminho, os três espanhóizinhos ainda roubaram algumas peças que integravam o resgate…

Informações práticas

Como ir ao Peru

Veja passagens aéreas e pacotes

Onde se hospedar no Peru

Escolher e reservar seu hotel em Lima

Escolha e reserve seu hotel em Arequipa

Escolha e reserve seu hotel em Cusco

Escolha e reserve seu hotel em Puno

Cultura e informação tornam sua viagem ao Peru muito mais fascinante:

Leia sobre a História do Peru e da sociedade inca.

O Peru antes dos incas • As origens dos incas •  A civilização inca
Os espanhóis chegam ao Peru • A lei e a moral inca  • Curiosidades sobre os Incas
A estrutura social incaica  • A expansão do Império • Huáscar e Atahualpa
A captura de Atahualpa pelos espanhóis • O fim do Império Inca
As consequência da conquista

Relatos de viagem

A Trilha Inca  Viagem pelo Valle del Colca

Maquina fotografica

O Peru em imagens Fotos dos lugares de especial interesse turístico.

Compartilhe:

Booking.com

Mais sobre o assunto:

Sacsayhuaman, Peru

História do Peru: Sacsayhuamán

História da tomada da fortaleza de Sacsayhuaman, vizinha de Cusco, pelos espanhóis, hoje o maior e mais importante conjunto de ruínas incas do Vale Sagrado.

Plaza de Armas de Lima, Peru

As consequências da conquista

História do Peru: as consequências da conquista espanhola na Europa da época, o ouro inca que impulsionou a Revolução Comercial e mudou a face da Europa.

Catedral de Cusco, Peru

Os espanhóis chegam ao Peru

História: os espanhóis chegam ao Peru. Veja como começou a conquista, em um momento em que o Império Inca era disputados por dois irmão inimigos

Lei e a moral incas

Curiosidades sobre o Império Inca. As leis e a moral Incaica eram severas. Qualquer desrespeito a elas resultavam em punições rigorosas, não raro com a condenação à morte do infrator.

Huáscar e Atahualpa

Os irmãos inimigos, que dividiram o Império Inca e facilitaram a conquista espanhola. Suas, diferenças, a guerra entre Cusco e Quito.

Construções incas em Machu Picchu, no Peru

As origens dos incas

As lendas sobre os primeiros incas e suas origens, a figura de Manco Cápac, o filho do sol.

Festa típica em Cusco, Peru

Incas, a expansão do império

A expansão do Império Inca; seus métodos para integrarem os povos conquistados, a importância da língua quéchua, falada pelos incas.